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Desde muito pequeno, sofria bullying por ser magro demais. Eu sempre fui muito recatado e procurava não incomodar os mais velhos. Morávamos minhas irmãs Luna e Gabi de 18 anos, Meu pai Alfred de 38, minha mãe Paula de 37e eu Hugo de 13 anos, numa pequena casa no interior do Rio de Janeiro.
O s meus dias eram quase sempre iguais: acorda, se arruma, vai à escola, volta, faz o dever, estuda, lê, estuda de novo, janta e dorme. Mas o meu dia não era de tudo ruim. A melhor parte dele era o jantar, quando estávamos todos reunidos: Gabi e Luna falando sobre garotos, enquanto enrolavam seus negros cachos com os dedos; mamãe pondo a mesa e tirando de sobre os olhos azuis aquele esvoaçante cabelo liso e comprido, linda em seus vestidos cada dia mais extravagantes; papai observando mamãe enquanto sorria e eu ali ajudando e tentando não ser notado, disfarçando o que sentia para que não se preocupassem comigo. Já bastavam os problemas cotidianos. Não precisavam de mais um.
Eu meio que devia isso a eles, que sempre fizeram tudo por mim. Eu deveria orgulhá-los mas sentia que não era bom o suficiente, então, resolvi começar a trabalhar à tarde , conciliando com os estudos por que eu queria ser útil.
Na escola, minha amiga Ester, ela é incrível: otimista, inteligente e engraçada. O único defeito que eu acho nela é o excesso de curiosidade, mas não sei se é bem um defeito ou se é só o jeitinho dela. Mesmo que ela não saiba o que fazer para me ajudar, sei que sempre posso contar com ela para me ouvir e ser o ombro amigo onde posso chorar. Ela tenta me dar conselhos. Mas ela não sabe de tudo que acontece e mesmo quando eu fico bravo com ela e ela não entende meu jeito ela continua ali. E é por isso que ela é tão legal.