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Além dela, tem o Augusto. Sinceramente eu não sei por que ainda sou amigo dele. Ele é meu amigo desde pequeno, talvez seja por isso e por que ele é amigo dela também. Mas ele é muito mimado, só quer as coisas do jeito dele e não liga se tá machucando os outros. Quando é com ele, porém, a história é outra. Logo fica de mal. Tem também o Arnold e o Gabriel, e por mais que eles digam que são amigos não parece ser só isso. Sei lá. Eles são meio estranhos. Ou talvez só sejam muito crianças. Pelo menos eram assim da última vez que vi eles.
e por fim, mas não menos importante...Liz. Ela é meio confusa... Mas é linda. Ela não é exatamente o tipo de pessoa mais fácil de se lidar e de entender... Mas eu tento. Entretanto, a maneira que ela tem de demonstrar a amizade e a consideração que tem por nós. Ester diz que eu gosto da Liz. Nada a ver. Além do mais eu acho que ela gosta do Gabriel e ele meio que tá afim dela, então... Se caso fosse verdade a teoria dela, não daria certo.
A história que eu vou te contar aconteceu a três anos atrás. Quando eu, Hugo, tinha apenas 13 anos. Era mais um dia normal e monótono como todos os outros. Eu já trabalhava haviam 7 meses, então já não me sentia tão inútil. Lá fui eu para a escola, e chegando lá, Ester me recepcionou com o mesmo abraço sufocante de sempre. E já foi me atualizar das novidades, mesmo que eu não quisesse saber.
-Eu te disse. Eu amo quando estou certa.
-Certa sobre o que, Ester?
-Sobre a Carol gostar de você. Eu não deveria estar te dizendo isso... Mas como eu posso não me gabar por estar certa?!
-Não entendo por quê ela gosta de mim.
-Por que você é todo tímido, é inteligente, é fofo...
-Só vocês que acham isso. E não sei por quê vocês mudam de quem gostam quase que por semana, sendo que os garotos são quase todos iguais.
-Nem todas são assim. Eu ainda gosto do Pedro. E faz sete anos.
-desculpa, você é uma exceção.
Depois de passar quase meia hora tentando me convencer, o sinal tocou e fomos para a sala. Como sempre, lá estava eu, no fundo. Anotando cada palavra que a professora Ângela dizia. Mas o que eu temia aconteceu: trabalho em grupo. Eram as três palavras mais aterrorizantes para mim. Porque convívio social não era bem algo que eu tinha. E um grupo requer interação.
O pior é que eu fiquei no mesmo grupo que a Liz e a Carol. Carol me observando pelo canto do olho, eu olhando para Liz e ela abraçada com Gabriel. E foi como se eu visse Carol pela primeira vez. Porque de repente, notei seu sorriso meigo, cachos ruivos e voz suave e preocupada ao falar comigo, porque eu parecia sempre triste e solitário.
Naquele momento, senti algo diferente. Era mais forte do que o que sentia por Liz. Então , pelo menos três pessoas daquele grupo de sete eu conhecia e podia conversar. Se dependesse deles, o trabalho levaria semanas, ou até meses para ser realizado. Mas disse a Carol para contar-lhes minhas ideias e indiretamente ajudei o grupo. E reduzi o tempo de semanas para 15minutos e já tínhamos entregue o trabalho. Todos me agradeceram porque pudemos ser liberados mais cedo que o restante da turma para o recreio.
Busquei meu lanche e quando me dei por conta, Gabriel e Liz estavam se beijando num canto. Eu sabia que tinha algo a mais ali. Mas não parecia ser algo que acontecia com frequência. Era perceptível que aquela era a primeira vez.
O lado estranho disso tudo, é que apesar das circunstâncias, eu me sentia bem, feliz e confortável com tudo... AQUILO. Isso até minha plena paz ser interrompida. Pelos garotos do nono ano que faziam bullying comigo. Aí a coisa começou a desandar.