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Me meti numa GRANDE confusão. Quando voltei a mim, me vi aos socos com os caras que faziam bullying comigo. É cansativo ter que ser sempre o garoto perfeitinho, mas ao mesmo tempo o que nenhuma garota gosta por ser feio e magro demais. O que agora já não era tão verdade, porque alguém gostava. Mesmo eu sendo daquele jeito.
Depois do trabalho eu só conseguia pensar em uma coisa: CORRER. Minha família estava decepcionada. Eu não podia encará-los assim. Disse que estava saindo e voltei ao caminho de todos os dias. Corri. Corri até não aguentar.
Encontrei um velho e abandonado lago que brilhava à luz do luar. Era lindo. Eu estava com tanto calor. Uma mistura de raiva e suor da corrida. Mergulhei. Eu ia mergulhando cada vez mais fundo. Cada vez mais e mais. Até que uma luz bem forte surgiu duma fenda da base de um antigo vulcão adormecido. A princípio pensei ser lava. Pensei que ele iria entrar em erupção naquela água a qualquer instante. Mas então reparei que a temperatura estava amena. Mais para fria. Aos poucos o calor e a raiva foram sumindo, mas curiosidade só estava aumentando.
O desenho que viu na página anterior do diário, foi o mais próximo que consegui chegar da paisagem que vi ao encontrar a luz da fenda. As outras, são da minha cidade. O estranho, é que não tinha saída. Tipo, se você entra por um lugar, e não quer ficar ali, é só sair por onde chegou. Mas e se não tiver um lugar para voltar? E foi aí que o meu desespero teve início. E estou neste lugar até hoje.
Há três anos estou eu aqui, buscando uma saída. Por sorte, ainda estava com minha mochila à prova d'agua nas costas quando mergulhei. Nela tinham: um caderno, 20 lápis, uma caixa de lápis de cor, meu kit de canetas de desenho 5 livros (meus preferidos), água (que já acabou há muito tempo e desde então eu bebo a do rio), 4 sanduíches, três maçãs e um par de roupas limpas. Desde então estou sobrevivendo apenas com isso. Quando a comida acabou, passei a me alimentar do que essa floresta do outro mundo dava. Quanto às roupas, uso uma e lavo a outra enquanto a terceira seca. As vezes releio meus livros ou desenho as paisagens naturais deste lugar.
Como não há ninguém além de mim aqui (que eu saiba), dou nomes aos lugares: tem o VALE DAS CEREJEIRAS, onde geralmente pego meu jantar. RIO DO TEMPO, se você ficar nele pelo que parece ser 5 minutos quando sair vai ter se passado uma hora. E agora estou indo ao FOXESTREET. (gostou do nome?) lá é lotado de pequenas criaturas que parecem raposas que eu nomeei de "Shiveers" elas são dóceis, presas de "Thrinkers ",uma espécie que não sei se me lembra mais um urso, um leão ou cachorro, mas é insistente e vive em bandos de quatro. Um bando não se mistura com o outro e é formado apenas de machos. As fêmeas vivem todas em um único bando e não se alimentam de "Shiveers", apenas de "Cadharins". Que são como lesmas, só que com asas e cores neon no casco que é pontudo ao invés de espiral. Amo as criaturas daqui. Todas as noites assim que o sol se põe começa a caçada e eu vou ao Foxestreet para proteger os Shiveers dos temíveis "Thrinkers" .
Hoje a batalha foi sangrenta. Eu não queria ferir os Thrinkers , mas eles não pensavam o mesmo de mim e dos Shiveers. Por sorte, as fêmeas estavam por ali e os que não consegui atacar estavam saindo do bando à procura de sua fêmea (que é o que Eles fazem quando chegam numa determinada idade). O que tornou a luta bem mais equilibrada.
No caminho de volta, encontrei uma misteriosa espada enfiada numa rocha a brilha. Quase como se estivesse me chamando. A retirei de lá a pus em minha cintura. Agora uma certeza eu tinha. Eu não era o primeiro a adentrar naquele misterioso mundo sob as águas. Não sei bem O QUE, mas alguma coisa me diz que há algo por trás desta espada e que logo precisarei usá-la. Ou, talvez não. Pode ser uma daquelas vezes em que você simplesmente quer que exista algo por trás de algo que simplesmente o que é. Entende?
Mas, por enquanto vamos deixar a espada de lado, para voltarmos às descrições dos lugares e criaturas do Mundo Sob as Águas. Keekees'Zone será o primeiro. Acho que mesmo sem ter visto o que eu vi, dá para saber que essa é a área em que vivem os KeeKees, né!? Eles são criaturinha bem fofinhas porém, mortíferas. Uma gota da sua saliva ou de suas lágrimas pode ser fatal. Além de que, se ele ficar irritado ou se sentir ameaçado, sua pele lisa se transformará num verdadeiro canhão de espinhos perigosamente perfurantes que podem atravessar até mesmo os ossos. O pobre Shiveer que morreu na semana passada quem o diga!
Há também um lugar muito estranho do qual ainda não lhes contei, tipo, não que os outros não sejam estranhos, mas este é mais. Indo a oeste da Foxestreet a mais ou menos 60 quilômetros é como se tudo simplesmente deixasse de existir porque tudo ao seu redor e abaixo de você escurece e a única coisa em destaque são uma espécie de buracos de formas, cores e tamanhos diferentes. Uma vez, tentei pôr minha mão dentro d um desses mas levei um forte choque que me lançou ao chão. E creio eu que não deva habitar ali nenhuma criatura, já que que não demorei lá tempo o suficiente para descobrir. Porquê? Bom, eu não queria ser atacado desprevenido se algo habitasse aquele estranho lugar que que nomeei de Abismo do fim do começo. Não gostou? Nem eu. Mas foi o melhor que eu consegui. Um dia ainda vou voltar ao Abismo do fim do começo para estudar suas propriedades e se há vida nele.
Um mero detalhe que esqueci de mencionar desde a primeira vez que escrevi sobre aqui, não tem luar. É triste. Porque eu amo a lua. Acho ela tão majestosa no céu a refletir para nós a luz do seu amado sol. Mas neste céu que nasce lilás e deita-se laranja não há lua nem sol, mas uma estrela-mãe enorme, porém fria, que erradia cada dia uma cor. Mesmo assim a chamo de sol para me lembrar de casa, minha amada Terra.
Por falar na Terra, sinto falta de ver chuvas de estrelas cadentes à noite. Aqui só no NASCER do "sol". Nem chuva tem também. Que saudades de casa!
gostaria de continuar, mas preciso dormir para continuarmos amanhã. Me aguarde para novidades, diário.