Capítulo 2 PARTE - 1

Para Diana Torres, sua vida era normal, comum e... parada. Aos vinte e três anos, a mulher não tinha uma vida sexual muito ativa. Não que lhe faltasse beleza; pelo contrário, sua pele branca, seu corpo em formato de violão, seu cabelo castanho e seus olhos verdes davam um belo contraste com seu rosto angelical e tímido. E por isso, a maioria dos homens a achava muito jovem ou pura demais.

Apesar desse problema, também não tinha para onde ir, afinal, morava em Vila Verde, uma cidadezinha pequena e... pacata, no interior do Paraná. A cidade em si era organizada e bonita, mas faltavam opções para se divertir. Por isso, ela acabava ficando em casa, presa à sua TV, assistindo a filmes e séries ou com o volume alto em seu aparelho de som, fazendo sua própria balada caseira, com músicas eletrônicas e internacionais.

Se divertir sozinha era sua única opção. A amiga que tinha era Luci, três anos mais velha e sempre cheia de responsabilidades para cuidar, como as tarefas de casa, o namorado e o emprego, que consumiam todo o seu tempo livre, deixando-a esgotada com pedidos, atendimentos e preparo de bolos.

Diana também não tinha tanto tempo de sobra, trabalhava em uma livraria que sempre estava movimentada, ironicamente, já que a cidade era pequena. Sua folga era aos sábados à tarde e aos domingos, mas não ficava parada, pois também tinha seus afazeres em casa e, por mais que ela vivesse sozinha, sempre tinha bagunça o suficiente para se entreter.

Diana terminava de limpar a geladeira quando seu telefone tocou, fazendo a garota largar o pano e descer da cadeira, desajeitada. Seus 1,56 metros de altura não ajudavam com móveis e eletrodomésticos altos, e em toda faxina de casa, precisava de uma cadeira por perto.

Ao pegar o celular, ela reconheceu o número da amiga Luci, estranhando a ligação em pleno sábado, às quatro horas da tarde. Normalmente, nesse horário, a amiga estaria trabalhando, como na maioria dos sábados.

- Uau... a que devo a honra dessa ligação? - Diana perguntou dramaticamente à amiga.

- Não exagera, tá bom. Consegui uma folguinha, e é bom me escutar! Liguei para ver se você quer ir comigo a uma festa à fantasia. Vai ser na casa da Simone, lá no bairro novo. Tem uma paisagem magnífica, longe de alguns vizinhos, e o melhor! Comida e bebida à vontade... - A amiga contou cantarolando a última parte, fazendo Diana rir.

- Gostei da ideia..., mas o que seu namorado vai dizer, hum? Você não tem que trabalhar na panificadora amanhã cedo? - Ela perguntou preocupada, colocando as responsabilidades à frente, mesmo sem querer.

- Para de ser chata! Para começo de conversa, meu namorado vai jogar bola... e falei para ele que hoje eu não tinha hora para voltar, mas claro, avisei que só vai mulheres, né! E diversão é diversão, trabalho à parte. - A amiga explicou sem dar muita bola, o que Diana queria também, afinal, as duas nunca saíam.

- Certo... e que horas é a festa?

- Às sete horas da noite. Esteja pronta às seis, tá bom? Quero chegar lá antes de ter muitas mulheres. Fiquei sabendo que a Simone convidou quase cento e cinquenta para ir à casa dela... ou ela é lésbica, ou está querendo fazer uma casa de prostituição com todas nós. Uma das duas, ainda mais morando sozinha naquele lugar enorme e afastado dos outros bairros. - Diana riu alto dos pensamentos imaginativos da amiga, assim como a mesma se encontrava gargalhando.

- Então... qualquer coisa, nós corremos. Fica combinado, ok? Vou terminar aqui a faxina e vou me arrumar, fico te esperando. Beijo, até depois.

- Tá bom, beijo! Até. - A amiga se despediu ainda aos risos.

Pela primeira vez após muito tempo, Diana sentiu uma animação dentro de si. Estava ansiosa, e seu coração palpitava mais por acontecimentos do que por uma simples noite entre mulheres. Ela só não sabia o que poderia ser e... acontecer.

A tarde passou rapidamente e, com pouco tempo para se arrumar, optou por ir como pirata, colocando um vestido bordado preto, com amarras trançadas nas costas e um belo decote em seus seios medianos. Seu cabelo deixou solto com ondas na parte da frente, deixando um volume generoso. Concluindo por fim, com uma maquiagem forte nos olhos e um batom roxo matte, sem faltar em seu look seu coturno preto com salto, dando um ar de rebeldia e elegância à jovem.

Como combinado, a amiga chegou na hora marcada, fazendo a ansiedade da garota aumentar. Deu um último suspiro e seguiu até o carro preto da amiga, sem conseguir segurar o riso ao ver Luci com um pijama e um tapa olho, levantado para cima.

- Me diga que é pegadinha, Lu! Que porcaria de fantasia é essa, mulher? - Diana perguntou, sem deixar de notar as pantufas cor de rosa e seu cabelo bagunçado.

- Não enche! Minha fantasia já é apropriada para o que quero fazer. Que é comer, beber muito e depois ir direto para cama, se eu conseguir. E você tá bem trevosa, tomara que as demais não fiquem com medo, caso contrário teremos que dar o fora da festa. - Luci provocou Diana, entre risos.

- Sou uma pirata, sua ridícula. E não exagera, tá. - Diana resmungou e arrumou o cinto, enquanto ouvia a amiga gargalhar e dar a partida.

Quando chegaram na casa da Simone, ambas ficaram pasmas pelos carros luxuosos das outras mulheres, não só pelo luxo, mas também pela quantidade estacionada na rua. Não havia só carros, também havia três vans de comida e bebida, mais duas de decoração e um caminhão preto mais ao fundo, que parecia também de decoração, só que um pouco mais macabro.

- Uau... tudo isso por fora, quem dirá por dentro. - Diana comentou surpresa, para a amiga que estacionava atrás de outro carro.

- Não esperava menos, até porque ela gosta de esbanjar. Lembra daquela festa ali na piscina que durou três dias? Então... era dela.

- Credo... me senti tão pobre agora... - Diana disse se afundando mais no banco.

- Acredite, eu também, mas não vamos aproveitar nada aqui no carro. Vamos nos divertir, fomos convidadas e não tem o porquê ficar sentada se lamentando pela grana curta. - A amiga incentivou, ao destravar as portas, fazendo-a sorrir e sair do veículo.

                         

COPYRIGHT(©) 2022