Capítulo 6 Por que você está com ele

Nos dias que se seguiram, Sadie fez questão de evitar qualquer encontro com Noah.

Considerando que ambos trabalhavam no Grupo Wall, era quase inacreditável como seus caminhos nunca se cruzavam.

Mergulhada no trabalho, ela se dedicava incansavelmente ao projeto em mãos.

Sua determinação era clara: assim que concluísse essa etapa, finalizaria o divórcio, entregaria sua demissão e deixaria o Grupo Wall para trás de uma vez por todas.

Quando o sábado chegou, trazendo consigo uma manhã agitada, Sadie pegou uma caixa com os doces preferidos de Laura, como pastéis de nata, e seguiu para o prédio de apartamentos onde a professora morava há anos.

Tendo sido uma educadora do ensino fundamental de longa data, Laura nunca deixava seu lar modesto na escola, e o lugar ainda guardava a mesma familiaridade de sempre.

Enquanto Sadie atravessava o caminho coberto de folhas secas que separava a escola do prédio, uma voz familiar a pegou de surpresa.

"Sadie? O que você está fazendo aqui?"

Sadie se virou rapidamente e encontrou Alex, que a observava com uma expressão de curiosidade evidente.

"Ah, minha avó mora aqui. E você?", ela respondeu, seu tom uma mistura de espanto e curiosidade.

Os olhos de Alex se arregalaram ligeiramente, refletindo espanto.

"Sério? Nunca te vi por aqui. Eu e Noa... quero dizer, eu costumava estudar aqui."

Ao se embolar com as palavras, ele ergueu um maço de documentos. "Estou trabalhando em um projeto de expansão para a escola."

Sadie acenou com a cabeça, assimilando a informação. "Eu só vinha aqui uma ou duas vezes por ano quando era criança. Provavelmente, nunca tivemos a chance de nos encontrar."

Enquanto Sadie se preparava para se despedir de Alex e seguir seu caminho, a porta do prédio de apartamentos se abriu, e Laura surgiu com um sorriso caloroso.

Seus olhos pousaram em Alex, e ela se aproximou e colocou uma mão gentil em seu ombro. Curiosa, ela perguntou: "E você, jovem, como se chama?"

Alex, um tanto confuso com a saudação fervorosa de Laura, respondeu cautelosamente: "Ah... você deve ser a avó de Sadie, certo? Prazer em conhecê-la, sou Alex Howe."

O sorriso de Laura se alargou diante do charme dele.

Uma sensação incômoda dizia a Sadie que esse encontro amigável poderia, a qualquer momento, se transformar em um constrangimento monumental.

"Não, vovó, você...", ela começou, puxando levemente a manga da avó na tentativa de interromper o que já pressentia.

Laura, no entanto, lhe lançou um olhar brincalhão e riu baixinho. "Ora, o que quer dizer com 'não'? Você o trouxe até aqui, e agora fica toda sem jeito?"

Alex franziu a testa, tentando entender o rumo da conversa.

Levou um momento para ele perceber que, provavelmente, Laura havia entendido tudo errado.

"Não, eu...", ele tentou esclarecer, mas Laura, ignorando sua hesitação, deu um tapinha em seu braço.

"Venha, Alex!", Laura disse, já o conduzindo para dentro do prédio. No caminho pelo corredor, ela cumprimentava alegremente os vizinhos que passavam.

Com um brilho travesso nos olhos, ela declarou em alto e bom som: "Esse aqui é o namorado da minha neta! Não é um encanto de rapaz?"

Sadie e Alex se entreolharam, entendendo que era tarde demais para corrigir qualquer coisa agora.

Sadie sussurrou um pedido de desculpas carregado de constrangimento para Alex: "Desculpe. Eu disse para vovó há alguns dias que traria meu namorado..."

Para a surpresa de Sadie, Alex aceitou a situação com uma tranquilidade inesperada.

Um sorriso quase imperceptível surgiu em seus lábios antes que ele murmurasse: "Está tudo bem. Deixe que ela continue acreditando no que quiser, por enquanto. No fim das contas, você..."

Ele parou no meio da frase, mas Sadie compreendeu a intenção por trás de suas palavras.

Alex suspirou, sua expressão suavizando ao encará-la com uma preocupação genuína. "Se precisar de qualquer coisa, é só me avisar."

Sadie já fora uma presença vibrante no círculo social deles, seus olhos brilhando com um espírito contagiante toda vez que ele a encontrava. Mas, com a queda da família Hudson, ela foi se afastando pouco a pouco, evitando as reuniões que antes pareciam essenciais.

O destino, no entanto, traçara um caminho inesperado para Sadie, e agora ela era esposa de Noah.

No modesto apartamento de Laura, de dois quartos com uma sala de estar acolhedora, o ambiente parecia caloroso, quase familiar, e Alex, mesmo com sua estatura imponente, não se sentia desconfortável ali.

Emocionada, Laura gesticulou para que Sadie se sentasse ao seu lado enquanto dizia: "Sadie, agora posso finalmente descansar tranquila. Valorizem um ao outro e vivam em harmonia."

Sadie queria explicar tudo, mas ao ver a felicidade genuína da avó, uma alegria que não via desde que sua mãe partira, ela decidiu que o silêncio era a melhor escolha nesse momento.

Mais tarde, já dentro do carro de Alex, uma sensação estranha se instalou nela.

"Espero que não tenha se incomodado... Minha avó adora conversar. E obrigada por tudo hoje. Vê-la tão feliz significou muito para mim", Sadie disse, sua voz carregada de gratidão e alívio.

Alex soltou uma risada baixa, o tom leve, quase divertido. "Sua avó é realmente única. Me lembro de ouvir histórias sobre a 'Dama de Ferro', a professora temida pela disciplina implacável na escola primária. Mas nunca imaginei que um dia teria o privilégio de conhecê-la pessoalmente."

A conversa entre eles fluía de maneira leve até chegarem ao prédio de apartamentos de Sadie.

Quando pararam diante da entrada, Alex, sempre cavalheiro, fez questão de acompanhá-la até a porta.

Sadie já se preparava para agradecer e subir as escadas quando um passo em falso a fez torcer o tornozelo, causando uma dor aguda e fazendo seus olhos se encherem de lágrimas.

"O que houve? Você se machucou?" Alex se aproximou sem hesitação, a segurando pelo braço para ajudá-la a se equilibrar.

Mas antes que pudessem dar outro passo, um punho surgiu do nada, cortando o ar e o atingindo com um impacto seco.

"Noah, você enlouqueceu?!", Alex exclamou, levando a mão ao rosto onde sentia o impacto do soco. Impulsionado por uma onda de raiva, ele devolveu o soco.

Noah, com reflexos rápidos, desviou, seus olhos se estreitando em fendas enquanto ele fitava Alex.

"O que você está fazendo com Sadie?"

"Bem..." Antes que Alex pudesse formular uma resposta coerente, Sadie se adiantou.

"Não precisa explicar, Alex. Não tenho mais nada a ver com ele", ela declarou com firmeza.

Preocupada, ela se aproximou de Alex para inspecionar o rosto dele. "Está doendo? Você precisa de algum remédio?"

Felizmente, não havia nenhum ferimento ali. A simples ideia de Alex se machucar por causa dela fez a culpa se enraizar fundo no peito de Sadie, a deixando inquieta.

Mas para Noah, assistir a essa troca de afeto entre os dois foi como jogar um fósforo aceso em um barril de pólvora. O ciúme cresceu dentro dele, intenso e incontrolável.

Num movimento brusco, ele estendeu a mão e agarrou o pulso de Sadie, a puxando sem cerimônia em direção ao elevador.

"Que porra é essa? Me solte!", Sadie protestou enquanto lutava contra o aperto dele, mas seus esforços foram em vão.

"Noah, se acalme!" Alex deu um passo à frente, preocupado, tentando desarmar a situação que estava se intensificando. Mas o olhar frio que recebeu de Noah foi suficiente para fazê-lo hesitar.

A raiva de Noah permanecia intacta enquanto ele continuava arrastando Sadie pelo corredor.

Quando finalmente chegaram à porta do apartamento dela, ele a soltou abruptamente e, sem hesitação, desferiu um chute na madeira, fazendo a porta tremer violentamente, quase saindo das dobradiças.

Sadie esfregou o pulso, os olhos alternando entre a porta danificada e Noah, cuja expressão era uma mistura de fúria e algo ainda mais sombrio.

"Qual é o seu problema?", ela disparou, a voz carregada de mágoa e raiva.

Noah soltou uma risada seca, sem humor. "Qual é o meu problema? Por que você está com ele?"