Capítulo 3 Clima tenso

Matteo

Eu já estava impaciente e tudo que eu queria era poder sair dali e ir embora logo. A tal da dona Ângela logo veio trazendo uma mulher muito bonita, não vou ser hipócrita e mentir, uma beleza que de longe se chama atenção por onde passa. Uma pele branca bem cuidada, olhos azuis como o mar e os cabelos negros como a escuridão da noite.

É visível o seu desconforto e acredito que assim como eu, ela também foi pega de surpresa. Olhei para o meu pai que fez sinal para mim com a cabeça mandando eu me aproximar dela e eu respirei fundo indo na sua direção. A mãe dela segurou na sua mão e colocou sobre a minha e eu percebi que sua pele se arrepiou.

- é um prazer finalmente conhecê-lo don.- ela diz com a sua voz doce

- só queria poder ter tido a chance de saber antes, será que podemos ir agora?.- eu falo já completamente sem paciência e vejo que ela fica toda sem graça.

- o casamento será daqui 3 dias, mando meus homens vir buscar você e a sua outra filha tudo bem? Então estejam prontas para irem.- meu pai fala com a mãe dela que confirma e eu vejo a irmã um pouco mais atrás com o semblante fechado.

Soltei a mão da Hanna e sair dali indo em direção ao carro e deixei ela para trás, não é porque vou me casar com ela que vou virar babá de ninguém, ela que aprenda a se virar sozinha. Vi a minha mãe passando o braço no braço dela e a guiando até o carro, enquanto o meu pai pegou as malas dela e veio com a cara feia olhando para mim.

Me pegaram de surpresa, ninguém me contou que eu teria que me casar e ainda mais com uma mulher cega. O caminho de volta para casa foi silencioso e ninguém dizia se quer uma palavra. Chegando em casa, eu passei direto indo para o meu quarto, e já fui tirando a roupa para poder tomar um banho e entrar no chuveiro.

- espero que eu não tenha que te ensinar como tratar a sua esposa, você não é mais uma criança Matteo, eu te criei para ser um homem, então haja como tal e para de bancar a criança mimada.

- o senhor não tinha esse direito de escolher a minha esposa por mim, como é que vai ser nos encontros das máfias quando eu tiver que levar ela e ter que deixá-la sozinha em um salão com várias pessoas? Explica para mim pai como é que ela vai se virar?.- eu pergunto para ele que respira fundo passando a mão nos olhos

- A mãe dela me explicou que ela consegue ser adequar a qualquer tipo de ambiente, ela só precisa conhecer primeiro, você não tá dando nenhuma chance para ela matteo, tá agindo como um moleque, então pare com isso e a trate como a sua mulher porque é isso que ela vai se tornar daqui a três dias e não tem volta.- ele fala um pouco mais alto dessa vez e sair do meu quarto batendo a porta.

Isso tá tudo errado e não deveria estar acontecendo, pelo menos tenho três dias para começar a me programar antes de ter que trazer essa estranha para dormir do meu lado. Eu entendo que ela não deve ter culpa assim como eu, porém não consigo aceitar o fato de que meus pais tomaram a decisão sem me informar e agora eu vou ser obrigado a me casar com uma mulher que eu nem conheço.

Depois do banho, eu coloquei uma bermuda e me joguei na minha cama ligando o ar condicionado. O dia hoje foi completamente exaustivo e eu só espero conseguir descansar porque amanhã eu preciso ir para a sede para começar a organizar as coisas por lá da minha maneira e depois do dia de hoje, nem sei se vou conseguir dormir.

Eu me virei para o teto, tentando encontrar alguma lógica em tudo aquilo, mas era impossível. O barulho do ar-condicionado era a única coisa que quebrava o silêncio do meu quarto. Minhas mãos estavam inquietas, mexendo na coberta, mas meu pensamento estava longe, ainda naquela mulher. Hanna. Seu rosto, sua pele macia, os olhos azuis que pareciam procurar algo, talvez uma explicação, talvez apenas um pouco de compreensão. Eu não conseguia imaginar como seria a vida ao lado dela, alguém que, por mais que estivesse na mesma situação, não parecia nada preparada para aquilo. E eu também não estava.

Na manhã seguinte, o clima na casa estava tenso. A presença de Hanna ainda era uma ideia estranha para mim. Meu pai insistiu para que eu tentasse ser mais paciente e desse uma chance a ela. Mas o que ele não entendia era que paciência não se constrói de um dia para o outro. Eu tinha crescido acreditando que minhas decisões seriam minhas, que meu futuro seria algo que eu poderia planejar e controlar. E agora, de repente, me vi preso em um casamento arranjado, com uma mulher que, por mais que fosse bonita e de boa índole, não fazia parte do meu mundo.

Levantei-me do meu quarto, já vestindo uma camisa escura e uma calça social, coloquei meus sapatos e depois de arrumar meus cabelos, abri a porta do quarto pronto pra enfrentar o meu dia. Encontrei meu pai na cozinha, tomando café silenciosamente. Ele me olhou por cima da xícara, e eu vi o peso nos seus olhos. Sabia que ele estava esperando por uma conversa, mas não sabia se estava pronto para ela.

- Você está pronto para isso, Matteo? - ele perguntou, sem levantar os olhos da xícara. A voz dele estava calma, mas eu podia sentir o desconforto nas palavras.

Eu respirei fundo, tentando engolir a raiva que estava começando a se acumular dentro de mim.

- Não, pai. Não estou. Eu não pedi por isso. Eu não quero ser forçado a viver a vida de outra pessoa. - A minha resposta saiu mais áspera do que eu gostaria, mas não pude evitar.

Ele deixou a xícara sobre a mesa e finalmente me encarou.

- Ninguém pediu por isso, Matteo. Mas às vezes a vida nos obriga a tomar decisões difíceis. Eu fiz isso por você, pelo futuro da nossa família. O que você faz agora... depende de você.

Eu queria responder, queria gritar e expressar o quanto estava incomodado com toda aquela situação, mas as palavras ficaram presas na minha garganta. Eu sabia que não seria fácil. Era um fardo que eu teria que carregar, e, mesmo que eu não quisesse, não poderia simplesmente jogar tudo para o alto. Não era assim que as coisas funcionavam em nossa família.

- Vou tentar, pai. Só... não esperem que eu mude de atitude da noite para o dia. - Eu sabia que, mesmo assim, não era o suficiente, mas era tudo o que eu podia oferecer naquele momento.

Saí da cozinha sem mais palavras e fui direto para a sede. O resto do dia passou em um borrão de reuniões e discussões sobre negócios. A cabeça estava cheia, mas uma parte de mim não conseguia se afastar da ideia do casamento que se aproximava.

Enquanto isso, o tempo parecia passar mais devagar, como se tudo estivesse congelado, esperando por algo que eu ainda não sabia o que era. Eu sabia que em três dias teria que encarar aquela realidade, mas, até lá, eu continuaria me perguntando o que exatamente eu deveria esperar desse futuro.

À noite, depois de um longo dia de trabalho, encontrei-me novamente sozinho no meu quarto, olhando pela janela. O céu estava escuro, pontilhado de estrelas, mas a única coisa que eu conseguia ver era o futuro que eu não havia escolhido. E, naquele momento, a ideia de casar com Hanna parecia mais uma prisão do que uma possibilidade Mas, de alguma forma, sabia que eu teria que aprender a lidar com isso.

Levantei indo até a cozinha para poder tomar um copo de água e assim que desci as escadas, dei de cara com a Hanna tentando chegar até a cozinha encostada na parede e com uma camisola que marca bem suas curvas.

            
            

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