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April
As coisas para mim sempre foram mais difíceis e enquanto isso aquela sonsa da Hanna sempre teve tudo o que ela queria. Uma noite ouvi meus pais dizendo que ela nunca poderia descobrir o que aconteceu aquele dia e desde então eu sempre guardei isso na minha mente, disposta a um dia descobrir o que é esse segredo que eles guardam que a ceguinha não poderia descobrir.
Na minha cabeça, eles bajulavam tanto ela por ela ser a filha mais nova, sempre vi de longe o carinho que eles tinham por ela e sempre percebi que não era da mesma forma que eles me tratavam e isso acabava me fazendo descontar nela, e esse era um dos motivos de eu sempre maltratá-la. Conforme os anos foram se passando, eu só ia pegando mais e mais ódio da cara dela e me lembro que no dia que nós brigamos e eu empurrei ela da escada não senti um pingo de remorso sequer.
Naquela época me lembro que meu pai me deixou de castigo, e nunca foi tão satisfatório para mim cumprir um castigo sabendo que aquela sonsa saiu perdendo nessa história. Eu sabia que meu pai era alguém importante na máfia, e por ser a filha mais velha sempre achei que quando chegasse a hora eu iria ser dada para me casar com alguém importante, mas parece que tudo vem contra mim e até mesmo o melhor marido que eu poderia ter, ficou para a Hanna.
Eu jurei para mim mesma que eu ia fazer o possível e o impossível para fazer o dom se apaixonar por mim e ainda não desisti desse plano. Hoje nós vamos para casa daquela tonta já que o casamento é amanhã, então hoje eu preciso fazer o dom dormir comigo porque, como eu sou virgem, ele não vai poder me deixar desonrada e assim vai ser obrigada a casar comigo.
– Eu espero que você não me traga problemas, April, aquela casa agora é o lar da sua irmã e eu espero que você tenha respeito. – minha mãe fala entrando no meu quarto e eu termino de fechar a mala confirmando.
– Era para ser a minha casa e o meu casamento, mãe. Eu sou a filha mais velha e você e o meu pai tiraram isso de mim quando fizeram o acordo e colocaram aquela sonsa no meu lugar.
– Não é você que escolhe nada, no dia do acordo o seu pai disse que o Dom Rafael poderia escolher uma de suas filhas e foi ele mesmo quem escolheu a Hanna, deixa de ser hipócrita e vê se pelo menos uma vez na sua vida fique feliz pela sua irmã. – ela fala saindo do quarto e eu respiro fundo, jogando tudo o que tá em cima da minha penteadeira no chão.
Essa cega vai me pagar, não importa o que eu tenha que fazer, eu vou me casar com o Dom Matteo e ela vai ter que conviver com o fato de ter sido trocada por mim e me ver sendo a primeira dama da máfia. São quase duas horas até a casa deles, o caminho todo foi muito silencioso e assim que chegamos na casa dele, eu tava muito ansiosa porque agora vou fazer de tudo para que meu querido cunhado se apaixone por mim e me escolha em vez daquela cega.
Eu estava tão tomada pela raiva que mal conseguia me controlar. Cada passo que eu dava em direção à casa deles era mais um passo em direção ao meu objetivo. Eu sabia que estava jogando sujo, mas, sinceramente, quem se importa? Todo mundo sempre jogou sujo comigo. Eu sou a filha que nunca teve o mesmo valor, o mesmo amor. Mas eu ia mudar isso, custe o que custasse.
A casa de Dom Matteo tinha alguma coisa que me deixava nervosa, mas, ao mesmo tempo, excitada. Eu sempre imaginei como seria estar aqui, no lugar da Hanna, sendo a escolhida, a esposa. Quando o carro parou em frente à mansão, eu respirei fundo e me recompondo. Nenhuma fraqueza, nenhuma insegurança. Eu sou April, e nada me impede de conquistar o que é meu por direito.
– Não se esqueça do motivo de estarmos aqui, espero não ter problemas e que você não me faça passar vergonha. – minha mãe me diz, como se eu precisasse de mais um lembrete. Eu olhei para ela, forçando um sorriso. Ela ainda achava que eu tinha algum tipo de respeito por aquela casa, por aquele homem. Eles podiam me dar conselhos, mas estavam cegos demais para ver o que estava na minha mente.
Assim que entrei na casa, o ambiente elegante e frio me envolveu. O cheiro de luxo e poder estava em cada canto, mas não era isso que me interessava. Eu só queria o Dom Rafael, e para isso, eu teria que ser astuta. Ele me olhou de longe assim que entramos, como se já soubesse o que eu queria. Ele não me amava, mas isso não importava. Eu faria ele me desejar.
O jantar foi tenso, mas consegui criar um clima descontraído, lançando olhares, sorrindo, sendo encantadora. Dom Matteo ficou observando tudo com um ar curioso, como se estivesse testando cada movimento meu. Ele era tão frio quanto qualquer outro homem da máfia, mas não seria difícil seduzi-lo. Eu sabia que ele tinha suas fraquezas, e eu sabia onde apertar. Dava para ver claramente que minha mãe estava muito incomodada com o fato de eu estar me aproximando dele, mas eu não ia deixar isso me atrapalhar.
– E você Hanna, já conseguiu se acostumar com a casa e aprender a andar sozinha por aqui, ou ainda tá sendo um fardo para as pessoas? – eu pergunto para ela que na hora derruba o copo de suco em cima da mesa e eu dou risada sabendo que ela tá se sentindo constrangida.
– Algumas coisas levam tempo, April, mas você não precisa se preocupar, até porque não é você que me ajuda com nada por aqui. – ela fala se levantando e a empregada vem na nossa direção para limpar a mesa onde ela derrubou o copo.
Depois de algum tempo, todos se retiraram para o salão, e eu fiz questão de me aproximar dele. Minha voz suave, o olhar cheio de intenções disfarçadas.
– Dom Matteo, – eu disse, chamando sua atenção. – eu sei que você deve estar cansado, mas há algo que gostaria de discutir com você... algo... pessoal. – Ele levantou uma sobrancelha, mas me deu atenção. Ele sabia que eu tinha algo em mente.
– O que você quer, April? – Ele pergunta com aquela voz grossa e rouca e eu sinto a minha intimidade formigar.
Eu o puxei para um canto isolado, mais afastado de todos. O coração batia forte no peito, mas eu mantive a calma. A oportunidade estava diante de mim, e eu não ia deixar passar.
– Eu sei que o casamento com a Hanna é amanhã, mas você não tem que seguir as regras que o destino te impôs. – falei, aproximando-me dele ainda mais. – Você pode ter mais do que ela... Você pode ter alguém que realmente entende suas necessidades. – Ele me olhou, surpreso, mas não afastou. Havia uma tensão no ar.
– O que você está sugerindo? – Ele pergunta, intercalando o seu olhar ao meu.
– Eu sou a mulher que você precisa, Dom Matteo. Eu sei como lidar com homens como você. Eu sei como dar prazer, como ser leal. A Hanna... ela não pode te oferecer o que eu posso. – continuei, minha voz mais baixa, sedutora. – Eu sim vou ser a esposa perfeita para o senhor em vez daquela cega.
Ele me observava com uma expressão que não conseguia decifrar. Mas o jogo estava apenas começando. Eu sabia que não poderia ser apressada. Eu ia me insinuar aos poucos, até ele não poder mais negar. E ali, naquele silêncio, eu sabia que estava começando a virar as coisas a meu favor. Eu só precisava ser paciente. O Dom se apaixonaria por mim, e a Hanna... Bem, ela não passaria de um detalhe no meio dessa história. Eu seria a esposa de Dom Matteo, e ela ficaria bem longe de mim, como sempre deveria ter sido desde o começo.