Além do desprezo
img img Além do desprezo img Capítulo 6 Entre Conflitos e Segredos (continuação pt.3)
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Capítulo 9 A História de Maya Almeida img
Capítulo 10 Novos Horizontes (Continuação) img
Capítulo 11 Desafios Ocultos img
Capítulo 12 Entre Conflitos e Confidências img
Capítulo 13 O Peso das Decisões img
Capítulo 14 - O Caminho do Desconhecido img
Capítulo 15 Aproximações Silenciosas img
Capítulo 16 Ecos no Escritório img
Capítulo 17 No Limite da Razão img
Capítulo 18 Correntes Invisíveis img
Capítulo 19 Laços Queimados img
Capítulo 20 O Peso da Escolha img
Capítulo 21 Conexões Inesperadas img
Capítulo 22 Círculos Perigosos img
Capítulo 23 Sob a Superfície img
Capítulo 24 Sussurros na Escuridão img
Capítulo 25 Sombras no Corredor img
Capítulo 26 Entre o Medo e a Fuga img
Capítulo 27 Verdades Ocultas img
Capítulo 28 Verdades Enterradas img
Capítulo 29 À Beira do Abismo img
Capítulo 30 Entre o Passado e o Perigo img
Capítulo 31 O Peso da Verdade img
Capítulo 32 Rumo ao Desconhecido img
Capítulo 33 Entre Cofres e Sombras img
Capítulo 34 O Preço da Verdade img
Capítulo 35 Verdades Enterradas img
Capítulo 36 O Coração da Tempestade img
Capítulo 37 No Limite da Sobrevivência img
Capítulo 38 O Peso da Verdade img
Capítulo 39 Entre Mentiras e Verdades img
Capítulo 40 Laços e Conflitos img
Capítulo 41 O Preço das Escolhas img
Capítulo 42 Movimentos na Escuridão img
Capítulo 43 O Preço da Aliança img
Capítulo 44 A Dama e a Serpente img
Capítulo 45 O Tabuleiro em Movimento img
Capítulo 46 Jogadas Perigosas img
Capítulo 47 Entre Linhas e Facas img
Capítulo 48 Verdades nas Entrelinhas img
Capítulo 49 Fios Invisíveis img
Capítulo 50 Ecos do Passado img
Capítulo 51 Sombras e Verdades img
Capítulo 52 Linhas Quebradas img
Capítulo 53 Ecos da Traição img
Capítulo 54 A Coroa do Inimigo img
Capítulo 55 O Jogo de Máscaras img
Capítulo 56 Entre Ruínas e Espelhos img
Capítulo 57 O Preço do Fim img
Capítulo 58 Epílogo– Onde Morrem as Promessas img
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Capítulo 6 Entre Conflitos e Segredos (continuação pt.3)

No dia seguinte, o som da campainha ecoou pelo apartamento exatamente às oito da manhã. Maya, ainda ajeitando a blusa, caminhou até a porta e a abriu, dando de cara com Gabriel. Ele estava impecavelmente vestido, como sempre, com um casaco escuro e uma expressão séria.

- Bom dia - ele disse, com um sorriso educado, porém distante.

Maya deu um leve aceno de cabeça e se afastou para que ele entrasse.

- Sente-se - ela indicou o sofá na sala de estar, enquanto pegava os papeis que estavam sobre a mesa. - Vamos resolver isso rápido.

Gabriel tirou o casaco, revelando um terno bem cortado, e se sentou no sofá, observando o ambiente ao redor com curiosidade. Ele nunca havia estado na casa dela antes e, por um breve momento, parecia surpreso com a simplicidade sofisticada do lugar. Maya, por sua vez, ignorou o olhar dele e se concentrou em organizar os documentos.

- Aqui está o que temos até agora - ela começou, sentando-se à sua frente. - Precisamos revisar os pontos principais e nos certificar de que ambos estamos na mesma página. Weber é detalhista e vai querer garantias.

Gabriel assentiu, pegando uma das pastas que a sócia havia entregue.

- Certo. - Ele começou a folhear os papeis, o som das páginas sendo viradas ecoando no ambiente silencioso.

Por um tempo, trabalharam em silêncio, revisando cada detalhe do contrato, ajustando termos e discutindo pontos de vista opostos de maneira quase mecânica. Era como se, pela primeira vez, ambos estivessem focados em um objetivo comum sem deixar a rivalidade atrapalhar.

Depois de quase uma hora, Gabriel fechou a última pasta e se recostou no sofá, olhando para Maya com uma expressão que ela não conseguiu decifrar.

- Acho que estamos prontos - ele disse, com um sorriso satisfeito no rosto.

Maya assentiu, sentindo um misto de alívio e cansaço.

- Sim, acho que sim.

Mas, antes que pudesse se levantar, Gabriel a observou por mais alguns segundos, como se estivesse pensando em algo importante.

- Maya - ele começou, hesitante -, eu sei que temos nossas diferenças. E sei que a rivalidade entre nós sempre foi intensa. Mas eu gostaria de acreditar que podemos trabalhar juntos sem que isso nos destrua.

Maya o encarou, surpresa pela franqueza. Por um momento, considerou o que ele estava dizendo. Havia verdade nas palavras de Gabriel. A tensão entre ambos, por mais que fosse frustrante, também era o que os tornava formidáveis no campo profissional. No entanto, ela não estava disposta a deixar aquela tensão influenciar suas decisões pessoais.

- Podemos trabalhar juntos, Gabriel - ela disse, finalmente. - Mas não se engane: a rivalidade ainda está aqui. E sempre estará.

Gabriel sorriu, um sorriso pequeno, mas genuíno.

- Eu não esperava menos de você, Almeida.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, até que Maya levantou, indicando que a reunião havia terminado.

- Te vejo na reunião com Weber - ela disse, caminhando até a porta.

Gabriel pegou seu casaco e seguiu para a saída, mas, antes de sair, parou por um momento e se virou para ela.

- E, Maya, boa sorte. Vamos precisar.

Ela sorriu de canto, com um toque de ironia.

- Eu faço a minha própria sorte, Thorne. Mas obrigado, mesmo assim.

Ele deu um aceno leve e saiu, deixando-a sozinha novamente. Maya fechou a porta e soltou um longo suspiro, sentindo o peso da aliança temporária entre eles. Sabia que, por mais que tentassem manter as coisas profissionais, a linha entre rivalidade e algo mais estava cada vez mais tênue.

[Quebra de tempo]

- Aqui estão os relatórios que precisamos rever - ela disse, entregando-lhe uma pasta. - A reunião com Weber está marcada para às seis da tarde, então precisamos garantir que tudo esteja em ordem até lá.

Gabriel pegou a pasta e começou a folhear os documentos, seus olhos, analisando cada página com atenção.

- Você realmente faz questão de estar no controle de tudo, não é? - ele comentou, sem desviar o olhar dos papeis.

Maya se sentou em uma cadeira oposta, cruzando os braços.

- E você? Quer que tudo seja uma grande aposta? Nós temos muito em jogo, Gabriel. Não posso simplesmente relaxar e esperar que tudo funcione.

Ele parou de folhear os papeis por um instante e a olhou, sua expressão se suavizando.

- Eu entendo, Maya. Não sou ingênuo a ponto de pensar que isso será fácil, mas precisamos ser mais flexíveis. Às vezes, um pouco de confiança pode ajudar.

Ela ergueu uma sobrancelha, surpresa com a sugestão.

- Confiança? Isso é fácil de dizer quando você não está levando toda a responsabilidade nas costas.

Gabriel suspirou, fechando a pasta e apoiando-a nas pernas.

- Eu não estou pedindo para você se jogar nos braços do destino. Estou pedindo para que possamos trabalhar juntos sem essa tensão constante.

Ela hesitou. Queria argumentar, mas havia uma verdade nas palavras dele que era difícil ignorar.

- E como você sugere que façamos isso? - ela perguntou, inclinando-se para frente, interessada.

Gabriel sorriu de leve, como se estivesse satisfeito por ela estar disposta a ouvir.

- Que tal um plano? Podemos dividir as tarefas para a reunião, cada um cuidando de sua parte e nos apoiando. Assim, conseguimos apresentar um front unido a Weber.

Maya refletiu sobre a proposta. Essa abordagem parecia mais prática do que as batalhas que estavam travando até agora.

- Tudo bem, vamos fazer isso - ela concordou, sentindo um leve alívio. - Mas, se você tentar me passar a perna, não hesitarei em lembrar que somos rivais.

Gabriel riu, um som inesperado e genuíno que a deixou um pouco desconcertada.

- Está gravado. Não sou um traidor, Maya.

Por um instante, os dois se olharam, e Maya sentiu algo diferente no ar. A tensão entre eles parecia estar se transformando, mas ainda não sabia em que direção. Antes que pudesse refletir mais sobre isso, Gabriel quebrou o silêncio.

- Então, qual é a sua parte no plano?

Maya recuperou o foco e começou a discutir as estratégias. À medida que conversavam, ela percebeu que, apesar das diferenças, estavam começando a encontrar um ritmo. As ideias fluíam, e a energia na sala se tornava mais construtiva.

Ao longo da manhã, o tempo passou rapidamente. Eles revisaram cada detalhe, discutindo pontos importantes e até rindo de algumas situações embaraçosas que haviam acontecido nas reuniões anteriores. Maya se surpreendeu com a facilidade com que as palavras saíam e com a capacidade de Gabriel de fazer piadas que, por mais inesperadas que fossem, conseguiram desarmar a atmosfera pesada entre eles.

Quando finalmente deram uma olhada no relógio, perceberam que tinham apenas algumas horas até a reunião. Maya se levantou, esticando as pernas.

- Preciso de um café. Quer algo?

- Um café também seria ótimo - respondeu Gabriel, observando-a com uma expressão que Maya não conseguia decifrar.

Ela foi até a cozinha, e, enquanto preparava o café, sentiu os olhos dele a seguindo. Aquilo a deixou um pouco inquieta.

- O que foi? - ela perguntou, virando-se para encará-lo.

- Só estou admirando sua capacidade de manter tudo sob controle - ele respondeu, de tom leve. - Não é fácil ser a única mulher em um ambiente dominado por homens.

Maya hesitou. Era uma observação que não esperava.

- Obrigada, mas não é só sobre ser mulher. É sobre ser competente. Todos nós temos que fazer o nosso melhor, independentemente do gênero.

Gabriel assentiu, claramente respeitando seu ponto de vista.

- É verdade. Às vezes, me pergunto se me esforço o suficiente.

Ela o olhou, surpresa com sua fala.

- O que você quer dizer com isso? Você é um dos melhores no que faz.

Ele sorriu, mas não parecia convencido.

- Às vezes, o sucesso pode ser uma prisão, você sabe? As expectativas podem ser sufocantes.

Maya virou-se com o café pronto. Estava começando a ver uma camada mais profunda em Gabriel, uma vulnerabilidade que ele raramente mostrava.

- Você pode se sentir pressionado, mas isso não define seu valor. Ninguém espera que você seja perfeito, Gabriel.

Ele sorriu, mas havia uma tristeza nos olhos dele que a fazia questionar mais do que apenas sua carreira.

- Às vezes, eu só quero ser eu mesmo, sem todas essas expectativas.

Maya serviu o café e caminhou de volta, colocando a xícara na mesa diante dele.

- Então, que tal começarmos a agir como nós mesmos? - sugeriu. - Sem a pressão das máscaras.

Ele a olhou, uma expressão nova em seu rosto.

- Concordo. Vamos fazer isso.

Aquele momento de conexão parecia abrir um novo caminho entre eles, um lugar onde poderiam coexistir sem as tensões habituais. Mas, no fundo, Maya ainda sentia uma inquietação. O que isso significava para o futuro deles? E o que aconteceria quando a fusão finalmente se concretizar?

Mas, por enquanto, ela decidiu se concentrar no presente. Os desafios ainda estavam por vir, mas, de alguma forma, sentia que tinha um aliado inesperado ao seu lado.

            
            

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