O vestido sob medida envolvia as curvas de Evelina com perfeição, seus cabelos caindo pelas costas elegantes, realçando seus ombros esbeltos e cintura definida, detalhes que ele, por alguma razão, havia ignorado até então.
Cada passo confiante que ela dava irradiava força, postura e elegância.
Até o mero contorno do seu corpo violão era cativante, a ponto de permanecer na mente do homem por um longo período.
Foi então que a realidade o atingiu dolorosamente: essa mulher extraordinária estava prestes a se tornar sua ex-esposa, mas ele não havia a tocado nem uma vez.
Notando o olhar intenso de Cary, Esme sentiu uma onda de irritação crescer dentro de si e se afastou bruscamente dos braços dele, saindo furiosa.
Margot entrou em pânico, puxando a manga da camisa do irmão desesperadamente. "O que está fazendo, Cary? Você deixou Esme chateada, e agora ela está indo embora!"
Cary piscou, momentaneamente desorientado, e quando recuperou os sentidos, Margot já estava correndo atrás de Esme.
Dentro da mansão, Demi estava sentada solitária na sua cadeira de madeira ornamentada, olhando para a porta ansiosamente.
Ao ver Evelina, ela logo se animou, se levantando para recebê-la com afeto. "Evi, minha querida, você tem tolerado tanto nesses últimos dias."
"Não se preocupe, Demi." Se aproximando às pressas, Evelina a ajudou a se sentar novamente, depois se ajoelhou ao seu lado e começou a massagear cuidadosamente seus joelhos doloridos. "O tempo está esfriando. Suas articulações estão incomodando de novo?"
Com um suspiro profundo, a idosa respondeu: "A mesma dor de sempre, querida. Ninguém a alivia como você. Seu cuidado é insubstituível."
"Você me trata como parte da família por todos esses anos. Isso é o mínimo que posso fazer em retribuição", respondeu Evelina com sinceridade.
Sua gentileza genuína só intensificou o pesar de Demi, que lamentou num tom brando: "Como aquele idiota do meu neto conseguiu deixar escapar uma joia dessas?! Ele merece uma surra."
Balançando a cabeça levemente, Evelina a consolou: "Fique tranquila, Demi. As coisas vão se acertar."
"Evi, meu amor... será que você poderia dar outra chance a Cary? Por mim?", a idosa pediu com uma voz que faria qualquer um se compadecer.
"Esperei três longos anos para ele reconhecer minha dedicação, mas ele nunca deu valor. Outra chance não mudaria nada", Evelina respondeu num tom brando.
Ela já havia dado inúmeras chances, mas Cary desperdiçara todas elas. Agora, finalmente era hora de se libertar disso.
Demi suspirou pesadamente, a tristeza evidente no seu tom. "Talvez seja só o destino... Nossa família não tem a sorte de manter alguém como você."
Seus olhos se encheram de lágrimas.
Nesse momento, Margot e Esme entraram, conversando alegremente com a mãe de Cary, Elora Gibson.
Ao vê-las, Demi ficou furiosa, pegou a xícara de café na mesinha por perto e jogou violentamente aos pés de Esme.
Fragmentos da porcelana se espalharam por todo lado, o café respingando nos saltos luxuosos de Esme e no tecido delicado do seu vestido.
Um grito agudo escapou dos lábios de Esme, que olhou para o caos diante dela, completamente horrorizada. Embora sua aparência fosse discreta, cada peça do seu traje havia sido meticulosamente escolhida em butiques exclusivas. Seu vestido, por si só, tinha um preço elevado, criado para exalar uma elegância recatada e graciosa.
Como era de se esperar, a mãe e a filha Gibson, que pouco conheciam sobre moda, não sabiam do valor do vestido.
"Por que fez isso, vovó?", Cary exclamou e avançou rapidamente para proteger Esme mais uma vez, enquanto lançava um olhar sombrio para Demi.
Mesmo assim, a idosa permanecia ferozmente impassível. "Como ousa perguntar? Se não fossem as palhaçadas dessa mulher, você teria sofrido o acidente e perdido a visão?"
O fato de Esme ter quase arruinado irreversivelmente o futuro brilhante do seu neto era mais doloroso do que ela ter abandonado o noivado.
Demi sempre tinha um orgulho enorme de Cary, mas, além de prejudicar seu neto, Esme também afetou todo o legado da família Gibson.
"Já expliquei isso inúmeras vezes. Esme não foi responsável por aquele acidente. Por que não pode confiar em mim?", disse Cary, exasperado.
Seu olhar acusador se dirigiu para Evelina, que confortava Demi em silêncio, acariciando as costas dela para ajudar na respiração.
Só podia ser essa mulher causando problemas novamente, contaminando a mente de Demi...
Incapaz de se conter, Cary perguntou firmemente: "Evelina, você estava contando mentiras para a vovó, arranjando encrenca pelas nossas costas?"
Aproveitando a oportunidade, Elora, que sempre desprezava a origem humilde de Evelina, disparou suas palavras perversas: "É claro que ela estava! Essa órfã faria qualquer coisa para se agarrar à nossa família. Ela pode agir com essa gentileza toda, mas por baixo da superfície, é totalmente desprezível!"
Antes que Evelina tivesse a chance de se defender, Demi interrompeu severamente: "Já chega! Evelina é a neta que eu mesma escolhi. Como você se atreve a desrespeitá-la bem diante dos meus olhos? Está desafiando minha autoridade sem qualquer pudor?"
"Demi, não quis...", Elora gaguejou, seu rosto se empalidecendo.
Vendo a mãe prestes a chorar, Cary tentou protegê-la: "Vovó, pare de brigar com minha mãe, por favor. Sei que você não quer que eu deixe Evelina."
Ele se virou e pegou a mão de Esme com convicção, entrelaçando seus dedos nos dela. "Mas isso é inegociável. Esme é quem eu amo, a única que pode ter um futuro comigo."
"Excelente! Maravilhoso! Absolutamente perfeito!", exclamou a idosa amargamente, cada palavra marcada por um sarcasmo severo, enquanto a ira percorria seu corpo frágil.
Reagindo rapidamente, Evelina pegou um frasco de medicamento para o coração e o deu a Demi.
Após uma breve pausa para recuperar a compostura, a idosa disse com fria certeza: "Então me deixe ser clara. Se você se divorciar de Evelina, terá que entregar dez por cento das suas ações do Grupo Gibson a ela. E Esme? Enquanto eu estiver nesta Terra, ela nunca mais colocará os pés na minha casa."
"Vovó, você não pode dizer...", começou Cary, seus olhos arregalados.
Com uma autoridade ferrenha, a idosa bateu a mão frágil contra o braço da cadeira, gerando um ruído agudo, e exclamou, determinada: "Já deixei claro e minha decisão é definitiva! Se você me contrariar, perderá seu lugar nesta família!"