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Wilbur, assim como Nadia e os três irmãos da família Morgan, estava completamente perplexo com a cena diante dele.
Mesmo com os pulsos amarrados, Maren havia conseguido neutralizar um grupo de sequestradores ligados a uma organização terrorista.
Não era apenas improvável, mas parecia algo impossível.
Durante toda a vida, Maren fora vista como frágil demais até para carregar uma mochila cheia. A cada tentativa de treino, tropeçava em si mesma, se tornando alvo constante do desespero de seu instrutor de luta, que não hesitava em chamá-la de caso perdido.
Considerando suas habilidades limitadas, como ela poderia derrotar um grupo de sequestradores treinados em combate?
Nenhuma explicação razoável parecia caber ali, a não ser uma: Maren havia armado tudo. Talvez tivesse contratado os sequestradores para montar um espetáculo patético de resgate, com o único objetivo de chamar atenção de Wilbur. Mas envolver Nadia era ultrapassar todos os limites.
Esse pensamento, por si só, foi suficiente para despertar a ira de Wilbur.
Sem pensar duas vezes, ele avançou em direção a Maren, a voz firme e carregada de raiva: "Então tudo isso foi uma encenação! Maren, você armou esse sequestro. Eu realmente achei que, dessa vez, você tivesse mudado. Eu ia deixar você lidar com as consequências antes de intervir, mas você continua jogando os mesmos jogos de sempre. Você gosta tanto assim de mim? A ponto de envolver Nadia em seus planos mirabolantes?"
Nadia se encolheu ao lado dele, a expressão perfeitamente moldada entre o susto e a decepção.
"Maren, você me odeia tanto assim? Eu nunca quis competir com você. Se minha presença incomoda você, estou disposta a ir embora. Até transfiro todas as minhas pesquisas para você, se achar que estou bloqueando seu caminho."
A falsa doçura de Nadia conseguia amolecer os corações dos irmãos Morgan, despertando neles uma pontada de simpatia. No entanto, seus olhares para Maren estavam cheios de ameaças não ditas.
"É insuportável carregar o peso de ter uma irmã tão desprezível como você. Se ao menos Nadia pudesse ocupar, de fato, o seu lugar nesta família... Você é uma mancha na nossa honra, Maren."
Essas palavras cortaram como lâminas, reacendendo em Maren as cicatrizes das inúmeras humilhações que havia suportado nos últimos dois anos.
Na manhã seguinte após seu retorno, seu pai fizera questão de apresentar Nadia, a filha que mantivera em segredo por anos.
Nadia era inteligente, habilidosa e encantadora, tudo que Maren já não parecia ser, ainda mais com suas memórias apagadas, a tornando uma sombra pálida de si mesma.
Não demorou para que a família Morgan transformasse Nadia em uma joia rara, exibida com orgulho em cada evento, e até mesmo atraindo o interesse de Wilbur, o noivo de Maren.
Isso já era demais. Mas Nadia não se contentava em brilhar - ela queria apagar Maren por completo. Durante dois anos, tramou meticulosamente, plantando sementes de dúvida, incitando o desprezo de Wilbur e dos irmãos, moldando sua imagem como uma heroína, enquanto pintava Maren como um fardo.
A obsessão de Nadia cresceu a ponto de ela arquitetar um plano perigoso que quase custou sua vida, tudo para se passar por salvadora diante de Wilbur e dos irmãos, manchando ainda mais a já abalada reputação de Maren.
Hoje, Nadia insistiu em sair, e essa decisão resultou no sequestro das duas.
Quando os sequestradores exigiram que escolhessem entre as duas, Wilbur e os irmãos não hesitaram e escolheram Nadia.
Maren, a outrora respeitada garota da família Morgan, escapou por pouco de um espetáculo grotesco que teria selado seu fim de forma ridícula e patética.
Se ela não tivesse recuperado suas memórias, teria um fim muito trágico.
Os quatro anos mergulhada no submundo do crime haviam dilacerado qualquer vestígio de carinho que Maren ainda pudesse sentir por Wilbur, deixando seu coração vazio.
Nos últimos dois anos, Wilbur não demonstrara nada além de frieza e crueldade, como se sua única missão fosse sufocar qualquer centelha de humanidade que restasse nela, tudo sob o pretexto de proteger Nadia.
Maren, tomada por lembranças que queimavam como ferro em brasa, ergueu as mãos e, com destreza, soltou as cordas que a prendiam. Em seguida, ela avançou em direção a Wilbur e seus irmãos.
"Então é isso? Tudo isso aqui não passa de um teatrinho? Eu sou a desgraça da família?"
A risada escapou de seus lábios como uma lâmina, e ninguém ali conseguiu disfarçar o calafrio que percorreu a espinha.
Antes que qualquer um deles pudesse responder, Maren parou de rir, e sua expressão endureceu. "Pois se é para representar, vamos até o fim da peça."
Num movimento inesperado, ela ergueu a mão e desferiu um tapa violento no rosto de Wilbur.
O estalo seco ecoou pela sala como um trovão, cortando o ar e paralisando todos que presenciaram a cena.