A Rainha e a Usurpadora
img img A Rainha e a Usurpadora img Capítulo 3 O Encontro Fatal
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Capítulo 6 A Linha Toca a Realidade img
Capítulo 7 A Tentação do Abismo img
Capítulo 8 Brincando com Fogo img
Capítulo 9 A Guerra Silenciosa img
Capítulo 10 O Desafio img
Capítulo 11 A Armadilha da Ambição img
Capítulo 12 O Jogo dos Espelhos img
Capítulo 13 A Ruptura das Máscaras img
Capítulo 14 O Jogo Se Intensifica img
Capítulo 15 A Mão Oculta img
Capítulo 16 O Jogo de Sombras img
Capítulo 17 A Armadilha do Poder img
Capítulo 18 A Sombra do Engano img
Capítulo 19 Os Ecos do Passado img
Capítulo 20 A Farsa da Confiança img
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Capítulo 3 O Encontro Fatal

O vento frio da manhã se infiltrava pelas frestas da imensa janela do escritório de Isabela Durán, em uma das torres mais altas da cidade, com uma vista impressionante dos arranha-céus e da agitada vida urbana. Isabela observava a cidade com o olhar fixo, enquanto sua mente percorria as estratégias que precisava implementar para derrotar Valeria Cruz. A mensagem da jovem empresária havia sido clara: uma oferta de colaboração ou aquisição.

Apesar da aparente cordialidade, Isabela sabia que o que Valeria realmente queria era uma jogada astuta para obter poder e recursos que, até então, estavam sob o controle da Durán Global.

O relógio na parede marcava 10h da manhã, e Isabela precisava tomar uma decisão. Valeria havia solicitado o encontro em um restaurante exclusivo, conhecido por sua neutralidade nos conflitos entre grandes corporações. Ninguém queria que uma reunião como essa parecesse uma guerra declarada, mas ambas sabiam que a tensão estava prestes a explodir. Os olhos de Isabela se estreitaram enquanto lia a mensagem no celular: "Nos vemos às 12h. Vamos pôr as cartas na mesa."

12h – Restaurante El Mirador

Isabela chegou ao restaurante com sua elegância habitual, vestida com um terno escuro de corte impecável, que destacava sua figura e a autoridade que emanava. Ao entrar, foi envolvida pela atmosfera sofisticada e tranquila do local. As mesas estavam dispostas de forma a garantir privacidade, e a iluminação suave e quente amenizava o ambiente.

Ao cruzar a porta, Valeria Cruz já estava ali, sentada à mesa junto à janela. Sua presença era igualmente imponente: uma mulher jovem, de olhar feroz e confiante, vestida com um conjunto de grife que mesclava sofisticação e modernidade. Valeria não sorriu ao vê-la chegar, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade que deixava claro que aquela situação estava longe de ser amigável.

Isabela caminhou até ela com passos firmes, o rosto impassível. Sentou-se à sua frente sem hesitar, observando-a com o mesmo olhar calculista que sempre usara no mundo dos negócios.

– O que é que você quer de verdade, Valeria? – perguntou Isabela, sem rodeios, após deixar que um silêncio incômodo pairasse sobre a mesa.

Valeria arqueou uma sobrancelha, mostrando que não se deixava intimidar com facilidade.

– O que eu quero, Isabela, é o que sempre quis: crescer, expandir meus horizontes e garantir que o futuro esteja nas mãos de quem realmente entende a mudança que este setor precisa – respondeu, sem desviar o olhar.

A resposta era esperada, mas Isabela não a deixaria passar sem mostrar seu desprezo.

– Crescer, é? Parece que, pra você, isso significa apenas tomar o que outros levaram anos pra construir. Você se apossou de propriedades e projetos que me custaram uma vida inteira, desrespeitando todas as regras – disse Isabela com um tom mordaz. – Mas é claro, isso é típico de quem não tem experiência, de quem acha que pode conquistar tudo em poucos meses.

Valeria não se abalou com a acusação. Em vez disso, sorriu, quase com diversão.

– Se é isso que você pensa, Isabela, então talvez devesse se preocupar mais com os seus próprios erros. Eu só estou aproveitando o que você deixou passar. Talvez seja a sua falta de visão que te deixou estagnada.

O veneno em suas palavras era evidente. Não era apenas um conflito empresarial. Havia algo mais, algo pessoal, algo que ambas sabiam, mas não ousavam dizer. A troca de acusações era apenas o começo de uma conversa carregada de subentendidos.

O garçom chegou naquele momento e serviu duas taças de vinho tinto. Um gesto de cortesia que, embora silencioso, pareceu aliviar a tensão por alguns segundos. Isabela pegou a taça com delicadeza, sem tirar os olhos de Valeria.

– Eu te respeito, Valeria – disse Isabela, surpreendendo sua interlocutora com um tom mais calmo. – Você é audaciosa, ágil e tomou decisões inteligentes. Mas não confunda isso com fraqueza da minha parte. Eu não vou deixar que você avance sem oferecer resistência.

Valeria inclinou a cabeça, como se analisasse as palavras de Isabela.

– Eu sabia que não seria fácil, Isabela. Não sou uma garotinha, e você não é uma mulher que possa ser subestimada. Mas neste momento, o futuro está ao meu lado. O seu domínio sobre o mercado está ruindo, e você não pode impedir o que já começou. Eu não sou apenas uma ameaça; sou a resposta que esse setor precisa.

Isabela sabia que Valeria não estava completamente errada. A juventude e a visão renovada de Valeria representavam, de certo modo, um desafio direto ao seu método tradicional de fazer negócios. No entanto, a experiência e a força de Isabela não deviam ser subestimadas. Ela já havia enfrentado ameaças maiores em sua carreira – e sempre saíra vitoriosa. Não seria agora que cederia.

– A questão é: por que você acha que eu aceitaria colaborar com você? – Isabela repousou a taça de vinho e a encarou, com uma mistura de curiosidade e desafio.

Valeria sorriu com satisfação.

– Porque eu sei que, no fundo, você é inteligente o suficiente pra reconhecer que não pode continuar lutando sozinha. Seus métodos estão ultrapassados, Isabela. O mercado está mudando, e se você não se adaptar, logo vai ficar pra trás.

O olhar de Isabela endureceu, mas antes que pudesse responder, Valeria continuou:

– Claro, você pode tentar seguir sozinha. Mas já conhece o fim dessa história. Não dá pra vencer em um terreno onde as regras antigas já não existem mais.

Isabela respirou fundo, medindo bem suas palavras antes de falar.

– Não procure sua vitória aqui, Valeria. Ao longo dos anos, enfrentei homens que achavam que podiam me derrotar só porque eram mais jovens, mais rápidos, ou mais ousados. E todos eles caíram. Você também cairá, se não for mais cautelosa.

O confronto verbal entre as duas continuava a escalar, mas ambas sabiam que aquilo não era apenas sobre vencer ou perder. O desejo por controle e poder pairava sobre elas como uma sombra inevitável, e embora as palavras fossem o campo de batalha principal, o jogo já ultrapassava o universo corporativo.

Valeria, ciente de que a batalha que travavam era muito mais profunda do que uma simples disputa de mercado, ofereceu a Isabela um sorriso enigmático.

– Vamos ver quem está certa, Isabela. Mas lembre-se: quando as regras mudam, só sobrevivem aqueles que se adaptam.

Isabela a fitou intensamente, reconhecendo nos olhos de Valeria a mesma determinação e força que ela mesma teve um dia. Aquela batalha estava longe de acabar. A guerra havia começado, mas ainda havia muito a ser jogado.

Ao se levantarem da mesa, ambas sabiam que aquele encontro havia sido apenas o prelúdio de algo muito maior. Estavam lutando não apenas pelo domínio do mercado, mas por algo muito mais pessoal: o poder absoluto. E nesse jogo de sombras, ninguém sairia ileso.

            
            

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