Capítulo 4 Anjinho

ALEXANDER

- E então?

Assim que sai da sala de Molly Bern - vulgo demônio - Alice, a moça bonita de cabelos curtos do RH, estava me esperando do lado de fora com uma galera toda ao seu redor. Enfiei as mãos nos bolsos com os lábios torcidos e expressão de desapontamento.

- Sinto muito, pessoal, mas não foi desta vez... - Anunciei em tom decepcionado e todos suspiraram da mesma maneira - Molly simplesmente me dispensou.

- Eu sabia! - Exclamou uma loira de óculos, parada ao lado de Alice. Era muito bonita, elegante e portava um celular rosa em mãos - Vou avisar para o pessoal que o cara dançou. Estavam todos achando que você ficaria por ser gato, mas... Parece que nem isso amolece aquele coração peludo da chefe. - Começou a digitar rapidamente enquanto caminhava em direção a saída. Aos poucos a rodinha foi se desfazendo e Alice caminhou até mim de maneira pesarosa.

- Como ela pôde ter te dispensado? Seu currículo é incrível e sua formação excelente! - Alice lamentou-se e por um minuto tive medo da garota chorar - Oh Deus!

- Fique calma, está tudo bem... - Toquei seu ombro delicado e ela soluçou para evitar as lágrimas - Certamente aparecerá alguém a altura dela. Pode demorar, mas vai acontecer uma hora.

- Pode ser, mas até que esse alguém apareça sou eu quem tem que sofrer aturando essa megera! - Suspirou limpando algumas lágrimas que caiam por sua bochecha. Segurei sua mão compreensivamente - Obrigado por ter tentado, Alexander. É uma pena não te ter por aqui. Cheguei a pensar que iria ser você a mudá-la.

- Sinto muito, baixinha, mas não foi desta vez...

Enquanto conversávamos, notei que em uma das mesas do escritório enorme havia uma garotinha sentada próxima ao computador.

A menina era realmente bonita e graciosa e soprava bolinhas de sabão por todo ambiente. As mesmas voam pela janela alta, fazendo-a rir baixinho. Era muito risonha e familiar. Usava um uniforme escolar azul, tinha o cabelo longo, liso e escuro. Familiar parecia ser mesmo a palavra correta para descrevê-la em meio a tantos desencontros.

Os olhos infantis eram grandes e esverdeados, enquanto o rosto de boneca soava reconhecível aos meus olhos. Pareceu-me ser a coisinha mais angelical do mundo naquele momento.

Um anjo. Uma princesa.

- Alexander? - Ouvi meu nome ser pronunciado ao lado. Me voltei para Alice novamente. Durante todo o tempo em que estive admirando a bela garotinha a pobre conversou sozinha - Ouviu o que eu disse?

- Claro! - Assenti e cocei a cabeça de maneira intrigada - Alice, desculpe, mas... Sendo tão perturbada, como a poderosa chefona pode permitir que os empregados tragam os filhos para o ambiente profissional? Ela vai ficar uma fera quando notar essa menina sentada sobre aquela mesa, soprando bolas de sabão em seu querido escritório.

Seguindo meu dedo, que apontou para a pequena criança, os olhos de Alice se arregalaram quando chegaram até ela. Fiquei sem entender de inicio, mas logo compreendi o mistério por trás da minúscula e graciosa figura.

- MEL! - Alice gritou e no exato instante a menininha a encarou em um susto e deixou o potinho que segurava com o sabão cair ao chão, exatamente aos seus pés - Pelo amor de Deus! Desce daí querida! Se a sua mãe te notar ai em cima vai sair matando todo mundo aqui, principalmente eu... Por favor!

            
            

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