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As luzes da biblioteca de Lúmenis tremeluziam com suavidade,
projetando sombras longas e dançantes nas estantes repletas de livros.
O aroma de papel envelhecido e poeira impregnava o ambiente,
criando uma atmosfera envolta em mistério e nostalgia. Aiden
Darkness, um bibliotecário solitário, percorria os corredores, seus dedos
deslizando pelas lombadas dos volumes, cada um guardando segredos de eras passadas. Era um santuário para ele, um espaço onde a solidão se tornava sua companheira e os ecos de vozes antigas sussurravam histórias esquecidas.
Naquela tarde, enquanto organizava uma seção pouco frequentada, algo capturou sua atenção. Uma prateleira negligenciada, coberta por uma fina camada de poeira, parecia ocultar um relicário de memórias.
Aiden puxou um livro que estava mal posicionado e, ao fazê-lo, um
diário empoeirado despencou de seu esconderijo, aterrissando
suavemente no chão de madeira.
Ele se agachou, pegando o objeto
com cuidado, como se estivesse lidando com um tesouro precioso.
O diário exibia uma capa de couro desgastada, suas bordas franjadas,
e um fecho metálico enferrujado que se destacava. Ao abrir, Aiden
sentiu um frio na espinha, como se estivesse prestes a desvendar algo
profundo e pessoal. As páginas estavam amareladas pelo tempo, mas as palavras, escritas com uma caligrafia elegante, pareciam vibrar com vida. As primeiras linhas falavam de amor e desespero, sentimentos que ecoavam em sua própria existência solitária.
"Às vezes, o amor é uma prisão"
Aiden leu em voz baixa, as palavras reverberando em sua mente. Ele não pôde evitar refletir sobre sua própria vida, marcada pela ausência de conexões verdadeiras. O diário pertencia a Savannah Ventris, uma mulher cujo desaparecimento havia mergulhado a cidade em um estado de luto e mistério. A conexão inicial com Savannah começou a se formar em sua mente, como se ela estivesse ali, na sala silenciosa, compartilhando seus pensamentos
mais íntimos.
Enquanto folheava as páginas, Aiden se viu imerso em uma
tempestade de emoções. As descrições vívidas de Savannah sobre suas esperanças e medos eram tão palpáveis que ele quase podia sentir sua presença. Ela falava de um amor que a consumia, de sonhos despedaçados e de uma luta constante contra as sombras que a cercavam. Aiden sentiu uma onda de empatia por ela, uma mulher que, assim como ele, parecia ter enfrentado a solidão e a dor.
O ambiente da biblioteca, com suas sombras e silêncios, intensificava a sensação de mistério e solidão. Cada página virada parecia trazer à tona mais perguntas do que respostas. O que realmente aconteceu com Savannah? Por que ela havia desaparecido? E qual era a conexão entre ela e Kaden Thorne, o empresário temido que pairava sobre a cidade como uma nuvem ameaçadora?
Aiden se sentou em uma mesa próxima, o diário aberto diante dele, e permitiu que seus pensamentos vagassem. Ele não apenas lia as
palavras de Savannah; ele as sentia. As emoções dela se entrelaçavam
com as suas, e ele percebeu que sua busca por Savannah poderia ser também uma busca por si mesmo. O desejo de entender o que
aconteceu com ela crescia dentro dele, alimentado pela esperança de
que, ao descobrir a verdade, ele pudesse encontrar um sentido para
sua própria vida.
O diário se tornava um portal para o passado, e Aiden se via cada vez
mais imerso na história de Savannah. As páginas estavam repletas de reflexões que desafiavam suas próprias percepções sobre amor e
perda. Ele começou a questionar suas escolhas, sua vida monótona e a falta de paixão que o cercava. A conexão inicial com Savannah, embora distante, parecia pulsar com uma energia que o atraía irresistivelmente.
Enquanto a luz do dia começava a desaparecer, lançando uma
penumbra suave sobre a biblioteca, Aiden fechou os olhos por um
momento, permitindo que a solidão o envolvesse. Ele sabia que estava
prestes a embarcar em uma jornada que mudaria sua vida para
sempre. O diário de Savannah não era apenas um relicário de
memórias; era um chamado para a ação, um convite para descobrir a
verdade que estava enterrada nas sombras de Lúmenis.