Capítulo 4 QUATRO

- Você tem muitas tatuagens... - Ela soltou sem pensar, vendo o braço esticado do mais velho apertar o botão do elevador.

- Quase o corpo inteiro.

- To vendo... Tem até no pescoço...

- Pescoço, braços, pernas, coxas, pi... Hmmm... barriga, costas... - disse puxando brevemente a camiseta que vestia revelando o abdômen desenhado. Jade abriu a boca sem perceber.

- Você tem alguma?

- Uma, na costela.

- Interessante... Cristal.

- Não me chama assim, estamos só nos dois aqui.

- Como quiser, Jade.

Ela fechou os olhos - Diz de novo...

- O que? - Ele disse se aproximando, a encurralando na parede metálica - Jade? - disse sussurrando em seu ouvido. - Jade - mais baixo e grave dessa vez e ela agarrou os ombros de Eduardo.

Ela estava no meio de uma missão, mas não significava que não podia se divertir. Eduardo pousou as mãos levemente na cintura de Jade e os dois se afastaram para se encarar, até que a porta do elevador abriu. Nenhum dos dois fez menção a sair, mas quando a porta iria se fechar de novo, Eduardo colocou uma mão para segura-la.

- Vamos?

Jade apenas concordou.

Ele se afastou com um sorriso convencido no rosto, andou alguns passos e entrou em seu escritório,que já estava preparado com uma mesa posta, um garçom servindo as bebidas nas taças.

- Você disse que gostava de vinho. - Eduardo disse puxando a cadeira e Jade se sentou. - Experimenta - ela respirou fundo olhando para a taça. Eduardo riu - Eu não vou te dopar Jade, pode tomar. - Ela então pegou a taça e bebericou o vinho, se jogando na cadeira logo depois e gemendo sem querer.

- Maravilhoso.

- Eu sei - Eduardo disse se sentando na frente dele.

- Pode sair Carlos, qualquer coisa eu te chamo. - O garçom fez uma reverência e saiu do escritório.

- Então é aqui que você controla seu clube de sacanagens?

- Bem aqui.

- Quantos anos você tem?

- 27 - disse tomando um gole do vinho - e voce?

- 23. Você parece muito novo pra ter um império desses...

- Meu pai era chefe da máfia coreana. Deixou uma imensa dívida pra trás quando morreu, e como todos me conheciam, vieram atrás de mim pra pagar, só que eu sempre fui muito esperto e acabei ganhando tudo deles em um jogo.

- Caramba...

Eduardo sorriu - E você, o que faz da vida?

- Estou no último semestre da faculdade, e trabalho meio período também.

- Em que?

Jade deu um meio sorriso - Aquela garota que estava com você aquele dia no café não se importa de você estar aqui comigo?

- Não - Eduardo disse o olhando profundamente e ergueu a taça mais uma vez, levando ate a boca, Jade viu o braço tatuado se erguer, reconhecendo uma fênix em seu antebraço, assim como a palavra FEAR em seus dedos, gostaria de saber o significado de cada uma.

Eles comeram em silêncio, observando um o outro, Jade deu poucas garfadas em seu frango, seu estômago estava embolado pelo olhar que recebia de Eduardo. Ela se sentia nua. E por incrível que pareça, isso esse era o jeito o que ela queria estar.

- Eu preciso ir - Jade disse olhando para o relógio no pulso e se levantando. Estava sendo muito envolvida pelo homem a sua frente.

Eduardo sorriu e se levantou junto. - Eu te levo até a saída.

E então eles entraram no elevador de novo.

A tensão palpável entre os dois estava deixando Jade zonza.

- Respira Jade - Eduardo disse em seu ouvido e ela puxou uma lufada de ar pra dentro dos pulmões. - Espero que volte outra vez.

- Não posso garantir isso. - Jade sussurrou.

- Nesse caso, não vou desperdiçar a chance.

Eduardo puxou o botão vermelho do elevador fazendo-o parar e então prendeu o corpo de Jade na parede olhando no fundo dos seus olhos.

- Agora é a chance de dizer que não quer. - Ele disse com a voz grave. A resposta de Jade veio diminuindo a distância entre eles,e Eduardo gemeu ao sentir os lábios carnudos dela contra os seus, apenas um selar duro e apertado, que logo foi substituído por línguas se tocando. Jade agarrou os cabelos de Eduardo que segurou com força sua cintura a puxando pra mais perto.

O beijo começou a ficar mais sensual, saliva, mordidas, Eduardo desceu uma mão indo até a coxa grossa de Jade e a levantando para encaixar a virilha na virilha dela que gemeu pelo contato, enquanto ele atacava seu pescoço. Jade sentiu a língua de Eduardo a chupar, e sabia que o mais velho estava o marcando, mas não conseguiu ligar, só queria sentir aquilo pelo máximo de tempo possível.

Após se dar por satisfeito no pescoço de Jade, Eduardo voltou a beijar seus lábios, dessa vez mais devagar,como se tivessem se conhecendo pela primeira vez. Então com selares curtos eles se afastaram.

- E-eu preciso mesmo i-ir - Jade disse respirando rápido.

Eduardo sorriu, se afastando e apertando o botão novamente, fazendo o elevador voltar a funcionar.

Eles saíram com Jade arrumando o cabelo rosa, no imenso corredor de volta a saída onde ela tinha entrado.

- Quando quiser voltar, sabe o que fazer.

- Acho que agora é a vez de você me visitar no meu mundo, não é?

- Vamos ver se o destino conspira a favor. Até mais... Cristal.

Jade deu um breve sorriso e saiu. Já fora do estabelecimento ela encostou no muro, respirando rápido, a mão em cima do coração, tirou o celular da bolsa e encerrou a gravação, chamando um uber, ia ver a gravação em casa, mas já estava com vergonha dos gemidos que com certeza tinham ali.

- E então? - Roberto perguntou a Eduardo, quando ele voltou para o escritório.

- Tudo sob controle - disse se sentando em sua poltrona.

- Ainda acho perigoso você dar corda pra essa mulher, ficar mostrando o clube inteiro pra alguém que quer te derrubar.

Eduardo sorriu - Eu to conquistando a confiança dela Beto, e além do mais, ninguém engana o Caco.

- O Caco pode até ser que não, mas e o Eduardo Cavalcante? - Roberto disse saindo da sala, deixando Eduardo pensativo em seu lugar.

O problema nem era Eduardo Cavalcante, e sim o coração dele.