Capítulo 6 Ela deveria ficar com o bebê

As pestanas de Johanna tremiam levemente, seu olhar fixo em Carson em uma comunicação silenciosa.

O ambiente entre eles estava carregado de uma verdade inescapável - essa situação não era um fardo exclusivo de ninguém.

A chegada dessa criança foi um evento inesperado, algo que, em retrospectiva, nunca deveria ter acontecido.

Sua presença, embora não intencional, exigia uma resolução que pesava sobre seus ombros.

No silêncio que se seguiu, a porta se abriu para um médico particular cuja chegada era tanto esperada quanto temida.

Johanna permanecia imóvel.

A avaliação do médico foi feita com precisão médica. "Há um pequeno rasgo. É imperativo, Sr. Russell, tenha cuidado. Tais lesões, se não tratadas, podem evoluir para problemas ginecológicos complexos."

A resposta de Carson foi rápida, uma mistura de preocupação e determinação. "Entendido. Por favor, garanta que ela receba o melhor cuidado disponível."

No nevoeiro de seus pensamentos, Johanna encontrou uma pequena voz, uma tentativa tímida de se expressar. "Doutor, poderia haver outras complicações?"

"Não. Apenas certifique-se de cuidar de si mesma." As palavras finais do médico pairaram no ar enquanto ele saía.

Debaixo do cobertor, Johanna acariciava suavemente seu estômago.

O desconforto que ela atribuía à dor física agora parecia um eco distante, ofuscado por uma suspeita mais profunda e inquietante.

Poderia ter sido apenas uma ilusão?

A possibilidade de que a criança ainda estivesse lá acendeu um tumulto de pensamentos e sentimentos no coração de Johanna.

Enquanto Carson acompanhava o médico até a saída, Johanna encontrou solidão no banheiro, onde aplicou cuidadosamente o medicamento por conta própria.

A tranquilidade do momento foi logo interrompida quando a porta se abriu.

Carson gentilmente pegou o tubo de medicamento de suas mãos, suas ações tanto deliberadas quanto ternas ao sugerir assumir a tarefa.

"Deixe-me fazer isso por você."

Johanna, com um rubor de vergonha colorindo suas bochechas, hesitou. "Não, você pode me machucar de novo."

"Relaxe, não sou um animal. Posso ser gentil," Carson a tranquilizou.

Para surpresa de Johanna, Carson foi realmente muito gentil, não causando nenhum desconforto, contrariando seus medos.

Ele aproveitou o momento para lembrá-la. "Lembra-se do conselho do médico?"

Johanna, sentindo um calor se espalhar até suas orelhas, retrucou defensivamente: "Esse conselho não era para você?"

"Ah? Acabamos de fazer amor e você já está pensando na próxima vez?"

Carson, com um toque de provocação na voz, conseguiu deixar Johanna sem palavras.

Ela sempre se via perdida nessas trocas, sua sagacidade rápida superando suas tentativas de seriedade.

Após o sexo, Johanna sentiu uma sensação de vazio, um anseio por algo além da conexão física que compartilhavam. "Carson, não deveríamos fazer isso de novo."

Se a ideia lhe passou pela cabeça de continuar seus encontros íntimos...

A simples ideia a deixava com a sensação de que não sobreviveria à próxima vez.

Enquanto ele a ajudava a vestir o pijama, abotoando cada botão com uma ternura que desmentia sua brincadeira anterior, sua mão roçou seu estômago.

"Não é você quem deve decidir?" ele respondeu, sua voz carregando uma certa profundidade. "Você parecia ansiosa a cada vez."

Dividida entre as emoções que sua proximidade despertava e os avisos cautelosos de sua mente, Johanna não conseguia olhá-lo. Seu toque casual apenas aprofundava seu conflito interno.

Convencida de sua própria tolice por pensar que suas ações demonstravam um cuidado genuíno, Johanna permaneceu em silêncio enquanto Carson acariciava levemente sua cintura.

"Durma um pouco. Vou tomar um banho."

Sua voz era casual, mas carregava uma preocupação subjacente. Johanna na verdade não tinha planejado passar a noite, a dor decidindo por ela.

Enquanto o manto da noite cobriu a cidade, a ideia de uma visita ao hospital a assombrava. As inevitáveis perguntas de sua mãe, a intromissão, a preocupação - era tudo demais para suportar.

Inquieta, ela se deitou no quarto mal iluminado.

Então, um zumbido repentino cortou o silêncio, um lembrete chocante da realidade.

Virando a cabeça, Johanna localizou a fonte - o telefone de Carson, escondido entre as dobras do cobertor.

Hesitante, ela estendeu a mão, a tela iluminando um nome reduzido a meras duas letras - "XX".

Resistindo à tentação de atender, ela observou enquanto a chamada se rendia ao silêncio, apenas para o ciclo se repetir.

O zumbido incessante parecia uma acusação, uma pergunta silenciosa ecoando no quarto - por que ela estava ali, em seu espaço, em sua vida?

A paciência de Johanna se esgotou; ela não podia mais suportar o peso disso. Seus dedos tocaram o telefone com a intenção de silenciá-lo para sempre.

Ouvir seria convidar o caos.

Então, Carson surgiu, uma figura envolta apenas em uma toalha de banho.

Seu olhar, afiado e desaprovador, caiu sobre ela enquanto ela segurava seu telefone. Com um movimento rápido, ele o recuperou.

"Não gosto que mexam no meu telefone."

"Não se preocupe," Johanna respondeu, seu tom tingido de desafio. "Eu não estava planejando vasculhar seus segredos."

A chamada já havia sido rejeitada, mas as ações de Carson falavam por si. Ele retornou a ligação com um propósito, sua saída rápida, deixando um silêncio que falava de finalização.

Johanna observou, uma mistura de desdém e descrença em seu coração, enquanto ele desaparecia.

Ela havia ingenuamente acreditado que ele apenas entraria em outro cômodo, mas a noite se estendeu sem seu retorno.

À luz de um novo dia, Johanna se vestiu com roupas novas, sua decisão tomada com um coração pesado.

Ela buscou uma consulta que prometia alívio, mas que parecia abandono.

A clínica disse que ela poderia voltar para uma operação em três dias.

Diante do elevador, ela parou, sua mão instintivamente acariciando sua barriga, seus pensamentos um murmúrio de desculpas para a vida que sentia que não poderia manter.

"Desculpe, bebê. Parece que não temos outra escolha."

Seu devaneio foi interrompido quando as portas do elevador se abriram, revelando Carson e Robert dentro.

A visão a pegou em um momento de vulnerabilidade, sua mão ainda em seu estômago, a papelada para o procedimento à vista.

            
            

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