Capítulo 4 QUATRO

Heloisa chegou no Rio de Janeiro no outro dia a tarde. Gustavo tinha mandado a localização da empresa e já tinha avisado a todos que a entrada dela estava liberada,mas não podia negar que estava muito nervosa.

A secretária a conduziu com um sorriso no rosto, a levando pra dentro de uma sala enorme, ele entrou vendo Gustavo parado ao telefone de costas. Ele se virou ao ouvir eles chegando e logo desligou o celular. - Ah Heloisa, que bom que chegou - ele se aproximou estendendo a mão para um cumprimento que ela não negou. Ela achou que sentiria algo, pelo menos um frio na barriga ao ver o homem, afinal era o pai de seu filho, mas não sentiu nada, apenas empatia. - Foi tudo bem na viagem?

- Tudo sim - ela suspirou.

- Desculpe falar disso agora assim, quero conversar com você direito,mas tenho uma reunião daqui 3 minutos... eu marquei uma consulta amanhã, vou te passar tudo, e eu tenho um apartamento aqui perto onde você pode ficar...

- Eu já reservei um hotel, e por enquanto eu prefiro ficar lá.

Gustavo suspirou - Tudo bem. Você ta com fome?Tem uma cafeteria lá embaixo maravilhosa, mas eu preciso mesmo sair. Eu te ligo mais tarde ok? Qualquer coisa me mande mensagem.

E lá estava Heloisa, sozinha naquela imensa sala. E sim, estava com fome, então resolveu ir ate a cafeteria.

~

Leonardo olhava para o celular enquanto mexia a colher no café que estava tomando, pensando se pegava um pedaço de bolo de morango - seu preferido. Todos os dias no meio do expediente passava ali pra tomar seu café, então nem era novidade ver o patrão por ali.Enquanto passava pelas notícias sem muito interesse ele ouviu um barulho de rodinhas passar por sua mesa, assim como um cheiro forte de morango o tirar os sentidos.

Ele levantou o rosto, pensando se tinha saído bolo novo, mas nem o bolo cheirava tão agradavel para si.Foi quando viu de onde vinha o cheiro, de uma mulher parada em frente ao bolos e doces, ele observava os cabelos pretos que iam até a cintura e a mala ao lado de seu corpo, e não era possível que fosse quem estava pensando.

Mas confirmou ao vê-la virar o rosto e reconheceu a garota da foto.

- Esse é bom? - ele ouviu Heloisa perguntar e apontar para os bolos, e então se levantou.

- Esse é muito bom, mas eu aconselho esse, de nozes, se você gostar - Heloisa se virou para o olhar - Leonardo Lemos, fui eu quem falei com você no telefone aquele dia.

- Ah - seu rosto se acendeu e ela estendeu a mão, que Leonardo envolveu sem pensar duas vezes - Sou... bem, acho que você já sabe. - ele reparou suas bochechas ficarem vermelhas, estava adoravel. Leonardo respirou fundo, sentindo novamente o cheiro forte de morango.

- Você acabou de chegar?- perguntou tentando mudar seu foco.

- Já sim, acabei de sair da sala do Gustavo, não nos falamos muito ele tinha uma reunião...

- Ele tá sempre em reunião, não ligue pra isso, mas ele te tratou bem?

- Sim, claro, tratou sim. - ela voltou a olhar para os bolos e pra atendente que ainda esperava - Vou querer um pedaço desse então - disse apontando para o que Leonardo tinha o aconselhado - Pode colocar pra viagem por favor?

- Se ele não te tratar bem me fale,ele é uma ótima pessoa, meu melhor amigo, meu sócio, mas bem imaturo as vezes...

- Que bom saber isso sobre o pai do meu filho... - Heloisa disse sorrindo e Leonardo sentiu algo em seu coração.

- Então, há mesmo um bebê?

- Você acha que eu viria aqui atoa?

- Desculpe eu.... é meio surreal o Gustavo pai...

- Tudo bem - ela pegou o pacote da mão da atendente - Onde eu pago?

- O que? Não não, presente de boas vindas - Leonardo disse e fez sinal para a atendente que saiu.

- Bom, obrigado - Heloisa sorriu de leve.

- Você quer se sentar um pouco? Conversar?

- Ah eu vou para o meu hotel, to meio cansada da viagem e to sentindo um pouco de dor no corpo, mas acho que não faltaram oportunidades certo?

Leonardo assentiu - E como você vai?

- Eu vou pedir um táxi aqui na frente...

- Não, vou pedir para um motorista te levar... - disse pegando o celular.

- Senhor Leonardo, não, por enquanto eu prefiro fazer as coisas do meu jeito, vocês ainda duvidam de que o filho seja dele, entao ainda não quero usufruir de nada - el disse a ultima parte em deboche.

Leonardo riu, abaixando a cabeça - Ta certo, posso pelo menos te acompanhar até seu taxi?

Ela sorriu de leve - Pode - disse e os dois caminharam até a porta a fora e Leonardo empurrou a mala de Heloisa sem ela nem perceber.

- Você... vai amanhã, no exame?

- Ta com medo do exame? - Leonardo a olhou na calçada.

Heloisa suspirou - Eu vi uns videos, e o tamanho da agulha... - ele fez uma careta.

- Você quer que eu vá?

- Não, você deve ter sua vida, e você nem me conhece é que... falei com você mais tempo do que com o pai do meu filho... - O taxi chegou e Heloisa o olhou - Obrigada, pelo bolo, pela conversa, espero te ver por ai.

- Eu tambem Heloisa, espero que de tudo certo pra você. Você ainda tem meu numero né? - ela assentiu - Não hesite em me mandar mensagem.

- Ta bom - ela sorriu para ele e então entrou no táxi, e como o vento estava a favor Leonardo deu uma respirada funda no cheiro de morango que veio ao seu encontro.

Seu instinto queimou em seu peito, mas ele logo o repreendeu, não podia se interessar por ela.

Dentro do táxi Heloisa fechou os olhos, colocando a mão no coração, que batia acelerado enquanto sentia os últimos resquícios do cheiro de café de Leonardo.

Seu cheiro preferido no mundo.