O meu advogado, o Sr. Alves, foi rápido e eficiente.
Ele preparou os papéis do divórcio e enviou-os ao Miguel.
A resposta de Miguel foi imediata.
Ele recusou-se a assinar.
Ele começou a bombardear-me com mensagens e chamadas.
"Sofia, podemos resolver isto. Não deites fora o nosso casamento."
"Lembraste do nosso primeiro encontro? Do quanto nos rimos?"
"Eu prometo, vou mudar. A Catarina não vai mais interferir."
Ignorei tudo.
As suas palavras eram vazias, promessas quebradas que eu já tinha ouvido antes.
Depois, a minha sogra, a Dona Elvira, ligou-me.
A sua voz era fria e acusadora.
"Sofia, o que é que estás a fazer? Estás a tentar destruir o meu filho?"
"Dona Elvira, eu só quero o divórcio. É o Miguel que se recusa a aceitar."
"Claro que ele se recusa! Ele ama-te! E tu, em vez de o apoiares, estás a abandoná-lo por causa de um pequeno mal-entendido. A Catarina é uma rapariga doente, coitadinha. O Miguel só está a ser uma boa pessoa. Devias ter orgulho nele, não puni-lo!"
Uma boa pessoa?
"Ser uma boa pessoa significa negligenciar a sua própria mulher? Significa quebrar as suas promessas?"
"Tu és tão egoísta!" Ela cuspiu as palavras. "Sempre soube que não eras boa o suficiente para o meu filho. Só pensas em ti e na tua carreira. Uma mulher de verdade apoia o seu marido, aconteça o que acontecer!"
"Então eu não sou uma mulher de verdade," disse eu calmamente. "É por isso que me estou a divorciar dele."
Desliguei.
A sua família inteira estava do lado dele. Para eles, eu era a vilã fria e sem coração.
E a Catarina? Ela era a vítima frágil que precisava de proteção.
Nesse mesmo dia, recebi um e-mail.
Era da empresa de Miguel.
Uma notificação formal de que o meu contrato como consultora de design principal tinha sido rescindido.
O motivo: "reestruturação da empresa".
Eu sabia que era mentira.
Era a sua forma de me magoar, de me atingir profissionalmente.
Ele estava a tentar quebrar-me, a forçar-me a voltar para ele de joelhos.
Ele subestimou-me.
Isto não me quebrou.
Isto incendiou-me.