O Sabor Amargo da Traição
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Capítulo 2

Eu conhecia a Sofia. Ela era a razão de muitas das minhas noites sem dormir.

Pedro sempre disse que eles eram apenas amigos, que a relação deles era puramente profissional. Mas eu via a forma como ele olhava para ela, a forma como o rosto dele se iluminava quando ela estava por perto.

Ele levantou-se abruptamente.

"Tenho de ir. A Sofia precisa de ajuda com um fornecedor."

Ele nem sequer olhou para mim.

"Pedro, espera", pedi. "Podes ficar só mais um pouco?"

Ele virou-se, a impaciência evidente no seu rosto.

"Lia, eu não posso. O restaurante depende de nós. Tu sabes disso. Para de ser tão carente."

As suas palavras foram diretas, sem suavidade.

Ele saiu do quarto sem olhar para trás, deixando-me sozinha com a minha sopa fria e o meu coração partido.

Eu peguei na colher, mas as minhas mãos tremiam tanto que a deixei cair. O som metálico ecoou no silêncio.

As lágrimas que eu tinha segurado finalmente começaram a cair, quentes e silenciosas no meu rosto.

Não era por ser carente. Era por me sentir invisível.

Eu sabia que tinha de tomar uma decisão. Eu não podia continuar a viver assim, a sacrificar a minha saúde e a minha felicidade por alguém que claramente não me valorizava.

Peguei no meu telemóvel. As minhas mãos ainda tremiam, mas eu estava determinada.

Abri a conversa com a minha irmã, Clara.

"Clara, preciso de ajuda."

A resposta dela foi quase imediata.

"O que aconteceu, Lia? Onde estás?"

"No hospital. O Pedro deixou-me aqui sozinha."

"Estou a caminho."

A simplicidade da sua resposta foi um bálsamo para a minha alma ferida. Pelo menos eu não estava completamente sozinha.

            
            

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