Quando o Silêncio Esconde a Verdade
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Capítulo 2

A ordem de restrição era clara. Cem metros.

Eu não podia chegar a cem metros do Lucas ou da Sofia.

Isso significava que eu não podia ir ao meu antigo escritório para terminar os meus projetos. Lucas e eu trabalhávamos na mesma empresa de arquitetura.

Isso significava que eu não podia ir ao meu café favorito, porque ficava perto do apartamento dele.

Ele estava a encurralar-me, a tirar-me da minha própria vida.

Liguei para o meu chefe, o Sr. Almeida.

"Isabela, sinto muito pelo que aconteceu", disse ele, com uma voz simpática. "Mas o Lucas mostrou-me a ordem. Por razões legais, não posso permitir que venha ao escritório."

"Mas os meus projetos? O meu trabalho?"

"O Lucas vai assumir. Ele disse que você concordou em transferir tudo para ele."

Eu não concordei com nada.

"Sr. Almeida, isso é o meu trabalho. A minha carreira."

"Eu sei, Isabela. Mas as minhas mãos estão atadas. É uma ordem judicial."

Ele desligou.

Sentei-me no chão da minha sala vazia.

Primeiro, o meu filho. Depois, o meu marido. Agora, o meu emprego.

Ele estava a tirar tudo.

Senti uma onda de náusea. Corri para a casa de banho e vomitei.

Não havia nada no meu estômago. Apenas bílis amarga.

Olhei para o meu reflexo no espelho. Eu estava pálida, magra. Os meus olhos estavam fundos e sem vida.

A mulher que eu era antes do acidente tinha desaparecido.

Mas enquanto olhava para o meu próprio rosto, uma faísca de raiva acendeu-se dentro de mim.

Não. Eu não ia deixar que ele me destruísse.

Eu perdi o meu filho. Eu não ia perder-me a mim mesma.

Liguei para a minha amiga, Clara, que era advogada.

"Clara, preciso de ajuda."

Expliquei-lhe tudo. A ordem de restrição, a perda do meu emprego, a caixa do meu bebé.

"Esse desgraçado", disse Clara, com a voz cheia de fúria. "Isabela, vamos lutar contra isto. Essa ordem de restrição baseia-se em mentiras. Podemos contestá-la."

"Como?"

"Precisamos de provas de que as alegações da Sofia são falsas. Precisamos de mostrar que o Lucas está a usar o sistema para te assediar."

"Mas é a minha palavra contra a deles."

"Então, vamos encontrar mais do que a tua palavra", disse a Clara com determinação. "Onde é que ele deitou a caixa fora?"

"Ele disse que a deitou fora. Provavelmente no lixo do prédio dele."

"Ok. É um começo. Não vás lá. Deixa-me tratar disto."

Desliguei o telefone a sentir, pela primeira vez em semanas, uma pequena centelha de esperança.

Eu não estava sozinha.

E eu não ia desistir.

            
            

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