No dia do meu casamento, o meu mundo ruiu.
O meu irmão, Leo, o único familiar que me restava, morreu num acidente de carro a caminho da cerimónia.
Recebi a notícia no hospital, ainda com o meu vestido de noiva, ao lado do meu noivo, Miguel.
A dor era insuportável, mas a raiva transformou-a em convicção.
Aquilo não foi acidente.
Foi a família de Miguel, a mãe dele, Sofia, quem o fez.
Ela nunca me aceitou, uma órfã sem nada, a casar com o herdeiro deles.
Ela avisou-me: "Se não te afastares, vais arrepender-te."
E agora, o meu irmão estava morto.
Olhei para o Miguel, ele não podia saber que a própria mãe era um monstro.
Afastei a mão dele, as palavras saíram frias: "Quero o divórcio, Miguel."
Ele ficou chocado, mas eu sabia a verdade.
Acusei a mãe dele, ignorei a dor dele.
Virei-lhe as costas, o som dos meus saltos ecoava no corredor.
Mas então, o meu telemóvel tocou.
Uma voz áspera do outro lado: "Senhora Eva? A sua dívida ainda não foi paga. O seu irmão era a garantia. Agora que ele se foi..."
Dívida? O quê? Leo nunca me falou de dívidas!
"O que importa é que agora a dívida é sua. E nós vamos cobrar."
A chamada terminou.
Fiquei ali, gelada.
A morte do Leo não foi por causa da família do Miguel.
Foi por minha causa.
Eu estava só.
Será que esta dívida me levaria à ruína, ou pior, à morte?
Tinha de descobrir a verdade, custasse o que custasse.