Do Abismo à Luz: A Minha Segunda Chance
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Capítulo 2

Acordei no hospital. O quarto estava branco e estéril, e o cheiro a antisséptico enchia o ar.

Uma enfermeira entrou e sorriu-me com simpatia.

"A senhora acordou. O seu amigo pagou a sua conta. Ele está lá fora, quer que o chame?"

"Amigo?" perguntei, confusa.

A enfermeira assentiu. "Sim, um homem chamado David. Ele disse que era um colega de faculdade."

David. O meu coração deu um salto. Eu não o via há anos. Como é que ele sabia que eu estava aqui?

"Sim, por favor," disse eu, a minha voz ainda rouca.

David entrou no quarto. Ele parecia o mesmo, talvez um pouco mais maduro. O seu cabelo escuro estava cortado curto, e os seus olhos castanhos estavam cheios de preocupação.

"Ana. Ouvi o que aconteceu. Sinto muito," disse ele suavemente, sentando-se na cadeira ao lado da minha cama.

"Como... como soubeste?"

"A minha irmã, Clara, é enfermeira neste hospital. Ela reconheceu o teu nome. Ligou-me imediatamente."

Senti as lágrimas a formarem-se nos meus olhos. "Obrigada por teres vindo, David. E por teres pago a conta."

"Não te preocupes com isso. Onde está o Leo?" perguntou ele, a sua expressão a endurecer.

Eu ri, um som oco e sem alegria. "Ele está ocupado. A dar banho ao cão da mãe dele."

David cerrou os punhos. Ele não disse nada, mas a raiva no seu rosto era evidente. Ele sempre tinha sido protetor comigo, mesmo quando éramos apenas amigos na faculdade.

"Vou-me divorciar dele, David."

As palavras saíram antes que eu pudesse detê-las. Mas assim que as disse, soube que eram verdadeiras.

David olhou para mim, os seus olhos a suavizarem. "Tens a certeza?"

"Mais do que nunca," respondi, a minha voz firme. "Este bebé era a minha última esperança. Agora que ele se foi... não há mais nada."

Ele estendeu a mão e apertou a minha. "Eu estou aqui por ti, Ana. Para o que precisares."

Naquele momento, o meu telefone tocou. Era um número desconhecido. Hesitante, atendi.

"Ana? É o Leo. A mãe disse-me para te ligar. Ela disse que eu devia verificar se estavas bem para que não possas dizer que não nos importamos." A sua voz era monótona, desprovida de qualquer emoção.

"Onde estás, Leo?"

"Ainda na casa da mãe. O Bobo apanhou um resfriado, tivemos de o levar ao veterinário. Estás bem? Já paraste com o drama?"

Eu não conseguia acreditar no que estava a ouvir.

"Eu perdi o bebé, Leo."

Silêncio. Por um longo momento, pensei que ele tinha desligado novamente.

"Oh," disse ele finalmente. "Bem... isso é uma pena. Mas talvez seja para melhor. Nós não estávamos realmente prontos."

A crueldade casual das suas palavras roubou-me o fôlego.

"Eu quero o divórcio," disse eu, a minha voz a tremer de raiva contida.

"O quê? Outra vez essa conversa? Não podes estar a falar a sério. Estás apenas a ser emocional. Vamos falar sobre isto quando voltares para casa."

"Não. Eu estou a falar a sério. Acabou, Leo."

Desliguei o telefone antes que ele pudesse responder.

David ainda segurava a minha mão. O seu aperto era a única coisa que me mantinha ancorada.

            
            

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