Eu marquei a consulta no laboratório para a semana seguinte.
Não contei a Tiago. Eu queria que fosse uma surpresa, a prova final que silenciaria seus demônios.
Passei a semana andando em ovos, tentando manter a paz. Eu brincava com Leo, lia histórias para ele, levava-o ao parque.
Cada vez que eu olhava para o rosto do meu filho, eu via os olhos de Tiago, o formato do seu queixo. A semelhança era inegável.
Como ele podia não ver?
O dia do teste chegou. Eu disse a Tiago que levaria Leo para um check-up de rotina. Ele apenas deu de ombros, mal levantando os olhos do jornal.
No laboratório, a enfermeira foi gentil. Ela usou um cotonete para coletar uma amostra da bochecha de Leo. Ele nem chorou, apenas me olhou com seus grandes olhos confiantes.
Depois, foi a minha vez.
"Precisamos de uma amostra do pai também," disse a enfermeira.
Meu coração afundou. Eu não tinha pensado nisso.
"Ele... ele está muito ocupado no trabalho. Posso trazer uma amostra dele?"
A enfermeira hesitou. "Normalmente, a coleta é feita aqui. Mas se você puder trazer um item pessoal, como uma escova de dentes ou um pente, podemos tentar extrair o DNA."
Senti um alívio momentâneo. Isso era possível.
Naquela noite, esperei Tiago adormecer. Com o coração batendo forte, entrei no banheiro.
Suas coisas estavam na pia. A escova de dentes, o barbeador, o pente.
Minhas mãos tremiam enquanto eu pegava sua escova de dentes. Parecia uma traição, mesmo que minhas intenções fossem boas.
Coloquei-a em um saco plástico limpo e a escondi na minha bolsa.
No dia seguinte, voltei ao laboratório e entreguei a escova.
"Os resultados estarão prontos em uma semana," a recepcionista me informou.
Aquela semana foi a mais longa da minha vida. A dúvida de Tiago, antes uma nuvem distante, agora pairava sobre mim.
E se houvesse um erro? E se algo desse errado?
Eu afastei esses pensamentos. Eu conhecia a verdade. Eu só precisava do papel para prová-la.
Finalmente, o dia chegou. O laboratório me ligou para dizer que o envelope estava pronto para ser retirado.
Meu estômago estava em um nó.
Eu dirigi até lá, com as mãos suando no volante.
Peguei o envelope branco. Era pesado, como se contivesse o peso do meu futuro.
Eu não o abri no carro. Eu queria fazer isso em casa, com Tiago. Eu queria ver o alívio em seu rosto quando ele visse a verdade.
Quando cheguei em casa, ele estava na sala, assistindo TV.
"O que é isso?" ele perguntou, apontando para o envelope.
"É a nossa paz de espírito," eu disse, minha voz tremendo um pouco.
Sentei-me ao lado dele no sofá.
"Tiago, eu sei que você tem dúvidas. Eu sei que o nome de Leo te machuca. Então eu fiz uma coisa."
Eu coloquei o envelope na mesinha de centro.
"Eu fiz um teste de paternidade."