Capítulo 4

A realização me atingiu como um soco no estômago.

No fim de semana anterior, os pais de Tiago tinham vindo nos visitar. Eles ficaram no quarto de hóspedes.

Eu me lembrava vagamente de sua mãe reclamando que seu pai tinha esquecido a escova de dentes e usado uma nova que tínhamos no armário.

Eu peguei a escova de dentes do meu sogro.

O teste não provou que Tiago não era o pai. Provou que o avô de Leo não era o pai. O que era biologicamente óbvio.

"Tiago," eu disse, correndo até ele, agarrando seu braço. "Tiago, escute. Eu cometi um erro. Um erro estúpido. Seus pais estiveram aqui no fim de semana. Eu devo ter pegado a escova de dentes do seu pai por engano!"

Ele me afastou, seu rosto uma máscara de desprezo.

"Que desculpa conveniente, Sofia."

"Não é uma desculpa! É a verdade! Pense nisso! Por que eu faria um teste com o DNA do seu pai? Não faz sentido!"

"Nada sobre você faz sentido para mim agora," ele cuspiu. "Tudo o que eu vejo é uma mentira de cinco anos. Você me fez criar o filho de outro homem."

"Ele não é filho de outro homem! Ele é seu!" Eu estava chorando agora, lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto.

"Então prove," ele me desafiou. "Vá ao laboratório. Faça o teste de novo. Comigo. Agora."

"Sim! Sim, vamos!" Eu concordei imediatamente, agarrando-me àquela chance.

Nós dirigimos para o laboratório em um silêncio pesado e sufocante.

Leo estava na casa da minha mãe, felizmente alheio à tempestade que estava destruindo sua família.

No laboratório, Tiago marchou até a recepção.

"Nós precisamos fazer um teste de paternidade. Imediatamente."

A recepcionista, a mesma de antes, nos olhou com surpresa.

Nós fomos levados para a sala de coleta. Desta vez, Tiago estava lá. Ele observou cada movimento enquanto a enfermeira coletava sua amostra, depois a minha, depois outra de Leo que eles tinham guardado.

"Queremos os resultados urgentes," disse Tiago, sua voz não admitindo discussão.

"Levará pelo menos 24 horas," disse a enfermeira.

As 24 horas seguintes foram um inferno.

Tiago não voltou para casa. Ele me deixou no laboratório e foi embora. Ele não atendia minhas ligações.

Eu passei a noite no sofá, olhando para o teto, repassando cada momento do nosso casamento.

Como chegamos a isso? Como o amor que tínhamos se transformou nesse veneno?

Na tarde seguinte, o telefone tocou. Era o laboratório.

Meu coração parou.

"Senhora Mendes? Seus resultados estão prontos."