O Preço da Traição
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Capítulo 3

Nos dias que se seguiram, Lúcia iniciou uma campanha sutil, mas perversa, nas redes sociais. Fotos começaram a aparecer em seu Instagram: uma selfie no espelho do banheiro do antigo apartamento de Sofia, vestindo uma camisa de Ricardo que era claramente grande demais para ela; uma foto de suas pernas entrelaçadas com as dele no sofá, a televisão ao fundo mostrando um jogo de futebol; uma imagem de duas taças de vinho na varanda ao pôr do sol. A legenda: "Noites perfeitas com meu amor."

Clara mostrou as postagens para Sofia, indignada. "Você não vai dizer nada? Essa mulher está te provocando descaradamente!"

Sofia olhou para a tela do celular, para aquela encenação de felicidade doméstica, e sentiu um fastio profundo, mas não a dor que Lúcia esperava infligir. "Dizer o quê, Clara? Que ela pode ficar com as sobras? É um favor que ela me faz." A calma de Sofia era tão genuína que surpreendeu a si mesma. O desgosto havia cauterizado a ferida.

Enquanto isso, Ricardo sentia o peso da ausência de Sofia. Ele chegava em casa e o apartamento estava silencioso demais, organizado de uma forma que não era a sua. Lúcia tentava preencher o espaço, mas suas tentativas eram desajeitadas, suas refeições sem gosto, suas conversas superficiais. No escritório, projetos começaram a travar. A nova arquiteta que ele contratou às pressas não tinha a visão de Sofia, e Lúcia, promovida a gerente de projetos, era um desastre de incompetência.

Uma noite, movido pelo desespero, ele ligou para Sofia.

"Sofia, amor...", ele começou, usando o tom suave que sempre a derretia. "Eu sei que errei. Eu estava estressado, a pressão da empresa... não era minha intenção te magoar."

Sofia, do outro lado da linha, estava revisando uma planta baixa no escritório de Clara. Ela apoiou o telefone no ombro e continuou a trabalhar. "Ricardo, o que você quer?"

"Eu quero você de volta," disse ele, a voz carregada de uma falsa sinceridade. "A empresa precisa de você. Eu preciso de você."

Ela parou de desenhar por um instante. "A empresa precisa de mim ou você precisa de alguém para consertar a bagunça que a sua nova gerente de projetos está fazendo?"

O silêncio dele foi a resposta. Ele tentou mudar de tática, atacando. "A Lúcia está se esforçando! Não é culpa dela que as coisas não são tão fáceis quanto você fazia parecer! Você sempre teve esse ar de superioridade, como se ninguém mais pudesse fazer o que você faz."

As palavras dele não a atingiram mais. Eram apenas o zumbido irritante de um inseto. "Se ela é tão competente, por que você está me ligando?"

Frustrado, ele tentou uma última vez. Ele apareceu em seu novo prédio no final de semana, sem avisar. Quando ela abriu a porta, ele tentou abraçá-la, um gesto familiar que agora parecia uma violação.

Sofia deu um passo para trás, seu corpo se enrijecendo em repulsa. "Não me toque, Ricardo."

O rosto dele se contorceu, a máscara de arrependimento caindo para revelar a fúria por baixo. A rejeição era algo que ele não sabia como processar. "O que há de errado com você? Eu estou aqui, me humilhando, e você me trata como um lixo?"

"A única coisa errada aqui foi eu ter demorado tanto para perceber quem você realmente é", respondeu ela, a voz fria como gelo.

A raiva dele explodiu. "Você vai se arrepender disso, Sofia! Você acha que é alguém agora? Você não é nada sem mim! Você vai voltar rastejando, e quando isso acontecer, eu não vou te querer de volta!"

Ele se virou e desceu as escadas batendo os pés, um homem-criança tendo um acesso de raiva. Sofia fechou a porta lentamente. Ele não entendia. Ela não estava fugindo dele para um dia voltar. Ela estava fugindo para nunca mais olhar para trás. E a paz que sentiu ao fechar aquela porta era a confirmação de que estava no caminho certo.

                         

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