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8 anos atrás ( parte 2 )
"O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as Índias mas a Terra avisto em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário"
Fernando acabou descobrindo com o passar das semanas que a maior mentira que Luiza tinha contado era dizer que ela era quieta. A partir do momento em que eles começaram a conversar com mais assiduidade nas apresentações de toda sexta, dos telefones trocados depois de duas semanas e que agora falavam por mensagem o dia todo, e dos encontros no mesmo bar quase todos os dias da semana, ele percebeu que Luiza falava, e muito.
Contava sobre seu dia, sobre as matérias da faculdade, sobre a infância, sobre o pai manipulador, sobre seus sonhos, e Fernando se via cada vez mais encantado.
Estava viciado em Luiza, nos olhinhos que fechavam completamente quando ela sorria, na risada gostosa que ela soltava, nos lábios carnudos que ela mordia quando estava nervosa, na sua voz melódica aos seus ouvidos. Ele queria a ver todo dia.
Ele se viu pegando manias da menor, como seu jeito de se abaixar quando achava uma coisa muito engraçada, ou o jeitinho de virar a cabeça quando algo ia contra o que ela queria.
Assim como Luíza que já tinha pegado os trejeitos de Fernando, suas gírias musicais, sua inquietude, ficava fascinada olhando quando ele falava algo que amava, o jeito que gesticulava e tocava a boca sempre que divagava em algum assunto.
Aquela boca que estava deixando ela louca. Louca para provar. Cada dia mais atraída pela personalidade que Fernando mostrava.
Nao era diferente com ele, que cada vez que via a menor morder os lábios desejava que fossem os seus no lugar.
Naquela noite, depois de dois meses de amizade, Luíza tropeçou na frente do prédio. E no maior estilo comédia romântica Fernando a agarrou antes dela estatelar no chão. Os dois se olharam por longos segundos, os rostos próximos demais, os corpos colados.
- Você quer vir jantar comigo amanhã? - Fernando soltou do nada. E eles se arrumaram na calçada, as mãos de Luíza apoiadas nos ombros de Fernando, e as de Fernando na cintura da mais nova. - É um encontro.
- Eu quero - Ela soltou sorrindo.
- Ok, eu te espero amanhã às 19 então.
Luiza assentiu e então eles se separaram, trilhando seus próprios caminhos.
"Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri, quando chego ali
E entro no elevador, aperto o 12, que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
Continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem, ficou pra hoje"
Luíza estava nervosa quando apertou a campanhia do apartamento de Fernando. Ele morava em um pequeno quarto sala em um prédio de universitários que não conseguiam arcar com os apartamentos no campus, apesar de Fernando não estar na faculdade.
Ela não se importava com o status social do mais velho, descobriu que apesar dos 3 anos que separavam suas idades eles eram muito iguais, Luiza era madura o suficiente e Fernando tinha seus momentos de descontração.
Ela bateu os pés calçados com seu all star azul acabado. Amava usar aquele sapato porque se sentia ela mesmo, sem ser o estudante de direito filha do renomado dr Moraes.
A porta se abriu e um cheiro incrível se comida invadiu as narinas de Luiza, mas o que tirou mesmo seu fôlego foi a visão de Fernando com um sorriso gengival no rosto, de camiseta preta simples e short, descalço e com um pano de prato no ombro.
- Boa noite Luiza - ele disse se aproximando e deixando um beijo na bochecha dela, que ruborizou. Eles tinham começado a pouco tempo com a troca de carinhos, e aquilo mexia tanto com Luiza que ela ficava sem ação as vezes.
Ela entrou, tirando os sapatos, e deixando na entrada ao lado do all star preto de Fernando. O mais velho a olhou com o sorriso que não saia do rosto, vendo como aquela situação poderia se tornar rotina e ele não ia se importar.
"Estranho, mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu All star azul combina com o meu, preto, de cano alto
Se o homem já pisou na Lua, como ainda não tenho seu endereço"
Eles comeram, sorriram, trocaram carinhos na mão um do outro sentados no chão da sala/cozinha de Fernando. Foi aí que Luiza sentiu com força a sensação de liberdade intensa e violenta. Ali com Fernando ela era livre, livre pra ser quem ela queria ser, quem ela era de verdade.
Ela estava completamente apaixonada pelo mais velho.
Então pela primeira vez ela tomou uma iniciativa, depois de lavarem a louça e se olharem enquanto secavam as mãos na beirada da pia Luiza avançou, colando os lábios levemente nos de Fernando num selar demorado e arrepiante.
Os dois se afastaram brevemente e se olharam, e então já eram uma bagunça de braços, lábios, línguas e saliva, numa tentativa de se grudarem mais ainda, mesmo com os corpos completamente colados.
Eles deitaram na cama não descolando os corpos, provaram a pele do pescoço e barriga, as mãos passando dentro das roupas, o desejo estampado nas ações dos dois.
Pelo meio da noite depois de se afastarem um pouco dos beijos, Fernando pegou seu violão.
E com acordes simples cantou.
"O tom que eu canto as minhas músicas na sua voz parece exato
Estranho seria se eu não me apaixonasse por você"
~ 🎶 ~
Atualmente
E foi isso tudo que passou pela cabeça de Fernando quando viu Luíza entrar no estúdio naquela manhã, calçando um all star azul.
Ele estava no piano dessa vez, observando Luíza conversar com seu agente, dar algumas folhas para ele assinar.
Então ele tocou com os dedos no piano, dedilhando uma antiga canção, apenas uma frase, nem sabia se Luíza se lembraria.
Mas pelo jeito que ela paralisou no lugar, engoliu em seco e olhou para Yoongi ela lembrava, e lembrava muito bem.
Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
~ 🎶 ~
All Star - Nando Reis