Jade hesitou por um momento, ajeitando os travesseiros atrás dele. "Bem, senhor... foi um caos. A senhorita Luna e o senhor Bruno saíram rapidamente, mas a senhorita Sofia ficou."
Antônio franziu a testa. "Sofia?"
"Sim, senhor. Ela que gritou por ajuda, ela ficou ao seu lado até a equipe médica chegar," Jade disse, com uma ponta de surpresa na voz. "E... ela fez algo mais."
"O quê?"
Jade parecia se divertir um pouco. "Ela foi até o escritório do seu pai, o CEO. Parece que ela estava preocupada que o senhor, depois de bater a cabeça, pudesse mudar de ideia sobre o casamento. Então ela mesma pegou o anúncio e o enviou para todas as famílias e para a mídia."
Antônio ficou sem palavras por um segundo, e então um sorriso inesperado surgiu em seu rosto, ele podia imaginar perfeitamente a cena, Sofia, com sua atitude impetuosa, garantindo que o noivado deles se tornasse um fato consumado, era exatamente o tipo de coisa que ela faria. Foi um gesto audacioso, quase cômico, e por algum motivo, aqueceu seu coração.
"Ela realmente fez isso?" ele perguntou, sentindo uma leveza que não sentia há muito tempo.
"Fez sim, senhor. O anúncio oficial do seu noivado com a senhorita Sofia é a notícia do dia," Jade confirmou.
O humor de Antônio, no entanto, azedou rapidamente quando Jade continuou. "Mas, senhor... há outros rumores circulando."
"Que rumores?" ele perguntou, o tom já endurecendo.
"Dizem que a senhorita Luna, depois de deixar a mansão, foi direto para a praça central," Jade relatou, com cuidado. "Ela se ajoelhou na chuva, na frente de todos, declarando que seu coração pertence a Bruno e que ela preferiria morrer a se casar com qualquer outro homem. As pessoas estão dizendo que ela está fazendo isso porque o herdeiro a escolheu e ela está protestando."
A raiva subiu pela garganta de Antônio, quente e amarga. Então era esse o jogo dela, ela queria se pintar de vítima, uma heroína trágica forçada a um casamento sem amor, enquanto ele seria o vilão tirano, era uma provocação direta, uma humilhação pública.
Ele balançou as pernas para fora da cama, ignorando os protestos de Jade. "Onde estão as coisas de Luna nesta casa?"
"As coisas dela? No pavilhão leste, senhor. Desde criança, o senhor sempre insistiu que o melhor pavilhão fosse reservado para ela," Jade respondeu, confusa.
Antônio marchou para fora do quarto, sua cabeça ainda doendo, mas sua determinação era mais forte, ele atravessou os corredores da mansão até chegar ao pavilhão leste, um lugar que ele, em sua vida passada, havia decorado com tanto cuidado e amor.
Ele abriu as portas, o lugar estava impecável, cheio de móveis caros, vestidos de seda e joias, tudo escolhido por ele, para ela. Por um momento, a dor da lembrança o atingiu.
Sem hesitar, ele começou a pegar os objetos, um por um, e a jogá-los para fora, no jardim. Vasos de porcelana se espatifaram no chão de pedra, vestidos de grife foram jogados na lama, caixas de joias foram abertas e seu conteúdo espalhado pela grama molhada.
Ele estava destruindo o santuário que construiu para ela, e com cada objeto quebrado, ele sentia um pedaço do passado se quebrando dentro dele.
"O que você está fazendo?!"
A voz de Luna, chocada e furiosa, o fez parar, ela estava parada na entrada do jardim, encharcada da chuva, o rosto pálido de raiva. Bruno estava logo atrás dela, parecendo assustado.
"Estou limpando o lixo," Antônio respondeu, a voz fria como gelo.
Luna olhou para a destruição, seus olhos se arregalando em descrença. "Você... você fez isso porque eu recusei você? Porque eu não quero me casar com você? Você é tão cruel!"
Antônio riu, um som seco e sem humor. A ironia era inacreditável. Ela achava que tudo isso era sobre ela, que ele estava com o coração partido por causa da recusa dela.
"Casar com você?" ele repetiu, o desprezo evidente em sua voz. "Luna, você realmente acha que, depois de tudo, eu ainda iria querer você?"
Os olhos dela se encheram de uma confusão genuína. "Mas... você sempre me amou. Todos sabem disso. Você está apenas dizendo isso para me machucar, porque eu te rejeitei publicamente."
A dor no coração de Antônio era real, mas não era por amor perdido, era pela estupidez de seu eu passado e pela arrogância inacreditável dela.
"Você não entendeu nada, não é?" ele disse, dando um passo em sua direção.
Luna, vendo a expressão sombria em seu rosto, recuou um passo, sua fachada de raiva vacilando. "O anúncio... meu pai disse que a decisão já foi tomada. É por isso que eu tive que protestar."
Ela continuou com sua farsa, sua performance de vítima. Ela realmente acreditava que ele a havia escolhido e que seu protesto público era sua única salvação. A ilusão dela era tão profunda que Antônio sentiu uma onda de exaustão e desgosto.
"Continue acreditando no que quiser," ele disse, virando as costas para ela e para a bagunça. "Em dez dias, na cerimônia de casamento, você saberá a verdade."
Ele se afastou, deixando-a no meio do jardim destruído, suas mentiras e autoilusões espalhadas ao redor dela como os destroços de uma vida que ele não queria mais. A determinação dele estava mais forte do que nunca, ele não deixaria que ela arruinasse esta vida como arruinou a anterior.