O Tsunami do Coração Partido
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Capítulo 4

A incredulidade no rosto de Rael era quase cômica. Ele balançou a cabeça, como se tentasse espantar uma ideia absurda.

"Você não pode ter vendido a casa. É impossível. A casa é nossa."

"Não, Rael. A casa era minha. Herança do meu pai. E eu a vendi."

Clara, percebendo que a situação era mais séria do que parecia, mudou de tática. A arrogância deu lugar a uma preocupação melosa e falsa. Ela se virou para Rael, a voz cheia de uma doçura calculada.

"Rael, querido, não se estresse. Ela só está dizendo isso para nos provocar. É o que pessoas desesperadas fazem. Ela não faria isso de verdade."

Ela tentava acalmá-lo, mas suas palavras só serviram para expor o verdadeiro medo por trás da fachada. A perda da casa significava a perda de um estilo de vida que ela claramente já considerava seu.

Mas a semente da dúvida já estava plantada na mente de Rael. Ele me encarou, os olhos estreitos, a raiva dando lugar ao pânico.

"Por que você faria isso? Para me prejudicar? Para nos prejudicar? Nós tínhamos planos para este lugar! Você sabe o quanto essa casa vale!"

Finalmente. A verdade. Não era sobre "nós" , sobre "nosso lar" . Era sobre o valor. O dinheiro. O ativo imobiliário que ele pretendia controlar.

"Eu fiz isso por mim, Rael. Para ter meu dinheiro de volta. O dinheiro que você gastou. O dinheiro que investi na sua empresa e que nunca vi retorno."

"Isso é mentira! Eu nunca te neguei nada!" ele gritou, a voz subindo uma oitava.

"Não?" Eu caminhei até a minha bolsa, que havia deixado perto da porta. Tirei de dentro uma pasta de documentos. Abri na página marcada. Era a cópia do contrato de venda. Empurrei na direção dele. "Então o que é isso?"

Ele pegou o papel com as mãos trêmulas. Seus olhos correram pelas cláusulas, pelas assinaturas, até pararem em um ponto específico. A assinatura dele. No campo que me dava o poder de representá-lo na negociação. A procuração que ele assinou sem ler.

O rosto dele ficou pálido. Ele olhava do papel para mim, a compreensão terrível finalmente o atingindo.

"Eu... eu assinei isso?"

"Sim. Você assinou. Você estava mais preocupado em ir encontrar a Clara do que ler um 'documento chato do contador' ."

A reação dele foi inesperada. Em um acesso de fúria cega, ele agarrou os papéis e os rasgou em pedaços, jogando-os no chão como confete.

"Pronto! Resolvido! Não tem mais contrato! Você não pode me tirar daqui!"

Ele parecia uma criança fazendo birra, uma criança perigosa e desesperada. Eu o observei, sem nenhuma emoção.

"Rael, isso é só uma cópia. O original está registrado em cartório. O processo legal já começou. Não há nada que você possa fazer para parar."

Minha calma o enfureceu ainda mais. Ele deu um passo na minha direção, o dedo em riste.

"Você vai se arrepender disso, Luana. Você..."

Foi quando Clara interveio novamente, mas desta vez, seu timing foi péssimo.

"Ela está te ameaçando, Rael! Você vai deixar ela falar assim com você? Depois de tudo que ela fez? Ela roubou seu dinheiro, te humilhou! Faça alguma coisa!"

Ela tentava jogar mais lenha na fogueira, esperando que ele explodisse e me intimidasse. Mas a pressão foi demais para ele. Toda a raiva, o pânico e a humilhação que ele sentia precisavam de um alvo, e o mais próximo, o mais conveniente, era ela.

Ele se virou para Clara, os olhos injetados de fúria.

"Cala a boca! Cala a sua boca! Se não fosse por você, por essa sua ganância, por essa joia estúpida, nada disso estaria acontecendo! A culpa é sua!"

A mudança foi tão abrupta que Clara recuou, o choque estampado em seu rosto. O castelo de cartas que eles haviam construído estava desmoronando, e a primeira peça a cair era a lealdade entre eles. Eu assisti, em silêncio, a implosão começar.

                         

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