Capítulo 5 Calma, tudo que está ruim sempre pode piorar

Estou no segundo ano do curso de educação física, quando escolhi minha faculdade foi com o intuito de futuramente dar aulas de ballet, fiz ballet desde os meus seis anos de idade parei aos quinte, motivo?

William, o cara por quem me apaixonei, ou melhor dizer eu me apaixonei por quem William aparentava ser. Ele odiava me ver dançando, falava que dança era coisa de mulher da vida, só que com outras palavras claro, e eu era tão malditamente apaixonada por ele que deixei a dança, porra eu era muito burra. Depois que me separei, tentei voltar a fazer aulas mas já não consegui mais, difícil conciliar vida de mãe, dona de casa, fugitiva e estudante, enfim minhas responsabilidades e prioridades são outras desde que tive meus filhos.

Já desci de ônibus e estou correndo para entrar na aula a tempo, parei a duas quadras da entrada da faculdade, tem um ônibus que para bem em frente, mas eu perdi ele hoje, na verdade eu perco todos os dias mesmo, a bolsa está quase caindo do meu ombro por estar muito pesada...

- Aaai! Minha bolsa!! - grito quase chorando, alguém esbarrou em mim e me fez derrubar a bolsa em uma poça de lama.

- Opa você não olha por onde anda não menina? - diz um homem bem irritado por sinal

- Eu não olho? Você que não olha, quase me atropelou, olha minha bolsa, como vou com isso agora?

- você que estava correndo feito louca, não é problema meu sua bolsa e me dá licença quê estou atrasado.

- Estúpido. - falo baixo com raiva. Tento dar uma limpada na minha bolsa mas acabo me sujando e estou atrasada, merda de vida. Chego a sala suada, vermelha e suja de terra, e o professor como eu previa não me deixa entrar. Faço um chorinho contando como um imbecil me derrubou e mostro até um ralado no cotovelo que eu fiz outro dia quando cai no chuveiro tomando banho, mas ele não precisa saber que não foi de hoje.

-vou acreditar em você Kath e te deixar entrar na aula, mas não quero ouvir um pio seu não faça com que eu me arrepender.

- Sim Senhor!! - respondo e vou para o meu lugar de sempre lá no fundo e... O idiota que me empurrou está sentado no meu lugar. Hoje definitivamente não é o meu dia.

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Hoje é um dia daqueles, acordei super atrasada e não tive como escapar da Marisa, cheguei oito e meia e ela estava no portão me esperando.

- Katherine isso sãos horas de chegar? -olhou no seu relógio e falou- seu horário é às sete e meia.

-Sinto muito Mari, tive um imprevisto essa manhã! - "Minha cama estava muito gostosa e não ouvi meu celular despertar" completei em pensamento

- Sempre imprevistos né? - suspirou e disse- vamos a secretária, precisamos conversar.

- Desculpe Mari, eu vou ser mais pontual a partir de hoje, prometo.- ela me cortou

- Kath minha querida desde que você entrou aqui você me diz isso, eu sei que você realmente tenta mas não consegue. Eu te entendo, eu sei que você tem filhos que estuda até tarde, que se desdobra para tentar conciliar tudo e eu te admiro por você ser uma mulher tão esforçada, mas eu não posso continuar passando a mão na sua cabeça, as outras estagiárias estão reclamando que eu cobro elas por horários mas nunca faço nada a respeito sobre os seus e elas estão certas, todos temos problemas mas temos que cumprir com nossas responsabilidades, não posso mais relevar seus atrasos São seis meses já, por mais que eu goste muito de você e você é uma ótima professora, os alunos te amam, mas eu vou ter que te dispensar.

- então você está me demitindo? - falo chorando.

- Sim, você vem mais essa semana só para terminar seu mês.- ela me deu um olhar de pena mas que não tinha outra escolha. Abaixei a cabeça e fui para a sala de aula. Sinto que comecei a entrar em desespero, a Marisa me demitindo aqui, meu contrato da outra escola encerrando já, eu vou perder meu dois empregos e agora não sei o que vou fazer da minha vida!

Sinto mãos pequenas passar pelo meu rosto e cabelo, olho e vejo Camilly.

- Tia por que está chorando? Está dodói? - ela pergunta com olhinhos preocupados.

- Eu...não estou doente, apenas triste. - respondo limpando as lágrimas.

- por que está triste tia?? Eu posso te ajudar a ficar feliz?

- estou triste por que eu não vou mais trabalhar aqui e eu vou sentir muita saudade de vocês.

- Por que? Eu não quero que você pare de dar aula pra gente, você é tão legal.

- infelizmente essas coisas acontecem Camilly, mas sabe o que vai me fazer feliz? Se você chamar seu colegas para brincarmos de roda! Que tal?

- Ebá!! Vamos! - fico olhando Camilly chamar os colegas, estou na turma do maternal, a professora está de atestado então tenho que cobrir o horário dela.

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- Kath venha a minha sala por favor- nesse momento estou na quadra com a professora de Educação física com a turma do segundo ano, peço lincença e vou a sala da diretoria. Eu já sei o assunto, esse é meu último mês aqui, preciso entregar o relatório assinado no CIEE, estou tão na merda.

- Olá, tudo bem? - pergunto assim que entro na sala.

-tudo bem e você como está? - ela transmite tanta tranquilidade e simpatia, eu adoro essa mulher ela foi uma amigona durante esses dois anos que estive trabalhando aqui.

- Estou bem, já assinou o relatório?

- Sim está aqui, vai entregar quando?

- na sexta feira já que é meu último dia.

- É uma pena que essa seja sua última semana, sentiremos sua falta Kath.

- Também sentirei Eunice, saudade de todos vocês! Não queria ter que sair- recebo como resposta um olhar de compreensão.

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Estou virando a esquina da faculdade quando um carro passa muito perto de onde estou caminhando e buzina, olho mas não reconheço o carro, não dou importância a isso, hoje estou chegando no horário.

Entro na sala e vou em direção a minha mesa, e o idiota de ontem está novamente no meu lugar, porra tantos lugares ele tem que sentar justo no meu.

Não estou bem emocionalmente então apenas me arrasto até a primeira cadeira livre que vejo e me sento. Ao invés de ficar minha atenção na aula começo a pensar em como vou fazer agora desempregada, a mensalidade da faculdade vai vencer e eu preciso pagar até semana que vem, ou serei obrigada a trancar sem falar do monte de juros que vai gerar e eu vou ter que pagar.

Estava perdida em pensamento quando sinto alguma coisa bater nas minhas costas olho para o chão e vejo uma bola de papel, meu Deus que coisa mais infantil ficar jogando bolinha de papel nos outros. Derrepente sinto de novo outra bolinha de papel dessa vez na minha cabeça, olho para trás e vejo Eric dando risada. Sim Eric é o nome do idiota que me empurrou e está no meu lugar, cretino. Levanto da cadeira e levo para trás ao lado da minha amiga que fica na fileira do lado da minha que o idiota está ocupando. Mal me senti e Ana já me puxa e começa a cochichar.

- Amiga!!! Ele está no seu lugar de novo. E isso é ótimo por que fica do meu lado, ele é muito gato né, você não acha?

- é bom ver como você é sua falsa, me trocando por um idiota que nem conhece.

- aí amiga, jamais te trocaria, só estou dizendo como ele é lindo! - confessa amiga achou ele um gato também né?

- Não, não acho, ele é um idiota, estupido e infantil. - claro que eu achei ele bonito, mas eu não vou dar o braço a torcer e dizer isso.

- Katherine! Você nem se quer conhece ele ou conversou com ele, como pode dizer algo assim?

Ele é o imbecil que me empurrou ontem! E estava me jogando bolinha de papel agora a pouco você não viu?? E está sentado no meu lugar!! Com tantos por aí e ele está no meu.

- Oh! CARALHO! Você conversou com ele? - ela pergunta toda animada e eu fico indignada.

- Ana do céu! Eu te falo que o idiota me empurrou e você fica toda animada querendo saber se conversamos? Ele foi grosseiro comigo, além de me empurrar ainda me xingou.

- Ah convenhamos amiga, você é bem rabugenta quando quer. Garanto que ele quis se desculpar e você não deu oportunidade. - Olho de canto pra ela e prefiro não responder. Viro para o idiota e falo:

- Oi, você está no meu lugar sabia? O professor da próxima aula meio que organizou os lugares e esse é o meu, poderia escolher outro para você por favor?

- quando terminei de falar ele levantou a cabeça e me olhou e nossa eu nunca vi olhos tão lindos são um tom de azul bem claro, aproveito e olho todo o seu rosto, traços bonitos, cabelos pretos, pele morena e a barba por fazer e quando penso em olhar o resto, ouço a voz grossa:

- Sério? Não vi teu nome aqui. - Responde ríspido. Olho para Ana com um olhar de " Viu é um babaca" mas ela está babando nele e não me olha.

- Não, não tem o meu nome, mas eu me sento aí desde sempre, você seria muito educado se trocasse de lugar.

- Não tenho interesse nenhum em ser educado com você.

- Ah eu já percebi isso, ontem quando além de você me empurrar ainda foi mau educado comigo! - Falo com ele já com raiva, se tem uma coisa que me deixa com raiva é alguém ser grosso e mau educado comigo sendo que estou sendo educada.

- Aah!! Eu sabia que te conhecia, você é a louça que não olha por onde anda!

- Aah você é um idiota mesmo, da lincença que não vou mais perder o meu tempo com você. Babaca! - voltei a sentar na frente que eu ganho mais do que ficar discutindo com aquele cretino.