A Vingança das Sete Estrelas
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Capítulo 1

Naquela tarde, o jardim da mansão parecia um refúgio de paz.

Sofia, a primeira e mais antiga companheira de Lucas, tomava chá com as outras seis mulheres, conhecidas por todos como as "Sete Estrelas" de Lucas.

O sol de fim de tarde banhava as rosas brancas, a cor preferida de Sofia, e o som suave de uma fonte de pedra era a única música no ar.

A Segunda, uma especialista em finanças com um olhar afiado, discutia o mercado de ações com a Quinta, uma advogada de renome.

A Terceira, uma cirurgiã de prestígio, ria de uma piada contada pela Quarta, uma atriz que agora brilhava nas redes sociais.

A Sexta e a Sétima, duas jovens empreendedoras que haviam se tornado doutoras em suas áreas, planejavam um novo projeto.

Elas pareciam tranquilas, ociosas, como sete belas flores num vaso de ouro, vivendo uma vida de luxo sustentada pelo magnata do futebol, Lucas.

Mas por baixo da superfície calma, uma corrente de lealdade e poder as unia, uma força que ninguém, especialmente Lucas, poderia imaginar.

Essa tranquilidade foi quebrada.

O som do motor de um carro esportivo rasgou o silêncio, seguido por uma freada brusca no pátio da mansão.

Lucas saiu do carro, com seu sorriso arrogante e charmoso.

Ao seu lado, uma jovem vibrante e barulhenta, com roupas de grife e um celular na mão, gravando tudo. Era Clara, a mais nova sensação da internet, e a mais nova paixão de Lucas.

Ele entrou no jardim de braços dados com ela, sem nem mesmo olhar para as sete mulheres que o esperavam.

"Meninas," ele disse, com a voz alta e cheia de autoridade.

"Esta é Clara. A partir de hoje, ela vai morar aqui conosco."

Ele fez uma pausa, saboreando o momento, o poder que sentia.

"E eu espero que vocês a tratem bem. Sirvam-na como servem a mim. Ela é a mulher que eu amo de verdade."

A exigência ficou no ar, pesada e humilhante. Ele queria que elas, mulheres que construíram impérios secretos sob sua sombra, servissem a uma influenciadora mimada.

Clara sorriu, um sorriso vitorioso e desdenhoso, e levantou o queixo, olhando para as "Sete Estrelas" como se fossem empregadas.

Um silêncio tenso tomou conta do jardim.

A Segunda parou de falar sobre ações, a Terceira perdeu o sorriso, a Quarta baixou o olhar, mas não de submissão, e sim para esconder a fúria.

Mas foi Sofia quem quebrou o silêncio.

Ela se levantou lentamente, com uma calma que desmentia a tempestade em seu interior. Seus olhos, antes cheios de um amor submisso por Lucas, agora eram frios e calculistas.

Ela olhou para as outras seis, um olhar rápido, mas cheio de significado. Era o sinal que todas esperavam.

"Claro, Lucas," Sofia disse, sua voz suave, quase um sussurro.

As outras seis mulheres se levantaram em uníssono, um movimento sincronizado que surpreendeu Lucas.

Elas não olharam para Clara, não olharam para ele. Seus olhos estavam fixos em Sofia, a líder secreta que as havia libertado de suas prisões douradas.

A Segunda sorriu para Sofia. "Acho que nosso chá acabou."

A Quinta concordou. "Sim, temos coisas mais importantes para fazer."

A Quarta olhou para Clara pela primeira vez, um olhar rápido e cheio de pena. "Pobre garota," ela murmurou.

Sem dizer mais uma palavra, Sofia se virou e caminhou em direção à mansão. As outras seis a seguiram, em perfeita formação, como um exército leal.

"Onde vocês pensam que vão?" Lucas gritou, a confusão começando a tomar o lugar da arrogância. "Eu não dei permissão para saírem!"

Sofia não parou, não olhou para trás.

Ela apenas disse, com a voz clara e firme, para que todas ouvissem.

"Vamos fazer as malas."

A decisão estava tomada. A vingança, planejada por anos, desde que Sofia renasceu nesta vida com as memórias da traição e da dor, estava prestes a começar.

Dentro da mansão, a ordem foi dada em silêncio. Cada uma foi para o seu quarto. Mas elas não estavam apenas pegando roupas e sapatos.

Elas estavam esvaziando a casa de tudo que tinha valor.

Não o valor que Lucas entendia, o valor do dinheiro. Mas o valor que Sofia lhes ensinou a construir.

A Segunda, com seu laptop, transferiu os últimos resquícios da fortuna de Lucas para contas seguras, finalizando o desvio meticuloso que ela vinha fazendo há anos.

A Quinta ligou para sua equipe de advogados, dando instruções precisas para executar os documentos que protegeriam todas elas e deixariam Lucas legalmente desamparado.

A Terceira contatou sua rede de influências no mundo da medicina, cancelando projetos e apoios que Lucas acreditava ter.

A Quarta postou uma mensagem enigmática em suas redes sociais, uma que seus milhões de seguidores logo entenderiam.

A Sexta e a Sétima acionaram a venda de suas empresas de tecnologia, cujas patentes, secretamente, valiam mais do que todo o império de futebol de Lucas.

Enquanto isso, Sofia caminhava pela casa, seu santuário transformado em prisão, e supervisionava a retirada de tudo.

Móveis, obras de arte, joias, tudo que ela havia comprado, tudo que as outras haviam adquirido com o dinheiro que secretamente acumularam.

O mordomo, Antônio, um homem de meia-idade a quem Sofia havia ajudado a pagar o tratamento de sua esposa anos atrás, coordenava os homens da mudança com uma lealdade inabalável.

Ele olhava para Sofia com respeito e gratidão. Ele era o informante dela, os olhos e ouvidos dentro da casa por todo esse tempo.

"Senhora Sofia, está tudo pronto," ele disse, com a voz baixa.

Lucas e Clara entraram na casa, chocados com a cena. Caixas por toda parte, paredes nuas, homens carregando o que ele pensava ser sua propriedade.

"O que diabos está acontecendo aqui?" ele berrou, o rosto vermelho de fúria. "Sofia! O que você pensa que está fazendo?"

Sofia parou na sua frente, o olhar vazio de qualquer emoção.

"Estou indo embora, Lucas."

"Indo embora? Você não pode ir embora! Tudo isso é meu!" ele gritou, gesticulando para a casa que se esvaziava.

Sofia deu um pequeno sorriso, o primeiro daquela tarde.

"Você tem certeza disso?"

A pergunta dele ficou no ar, carregada de um significado que ele ainda não conseguia compreender.

Ele estava prestes a descobrir que sua fortuna, seu poder, suas "Sete Estrelas", tudo o que ele acreditava possuir, na verdade, nunca lhe pertenceu de verdade.

            
            

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