Corações Despedaçados, Almas Renascidas
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Capítulo 3

O escritório de arquitetura de Ana era seu santuário, um espaço que ela construiu com seu próprio suor e talento. Era um loft moderno, com paredes de vidro e vista para a cidade. No dia seguinte ao confronto no terreno, ela chegou e encontrou a porta arrombada. Seu coração gelou.

Lá dentro, o caos reinava. Mas não era um roubo comum. Seus projetos estavam rasgados, suas maquetes esmagadas. E no meio da sala, em sua cadeira de designer favorita, estavam Pedro e Sofia. Eles estavam se beijando de forma vulgar, como se estivessem marcando território. Garrafas de champanhe vazias estavam espalhadas pelo chão.

"Gostou da nova decoração, querida?", perguntou Sofia, interrompendo o beijo para sorrir para Ana. "Achamos que o lugar precisava de um toque mais... vitorioso."

Pedro levantou-se, caminhando em volta da mesa destruída de Ana.

"Você nos humilhou ontem. Achou que ia ficar por isso mesmo? Este lugar é um lembrete do seu fracasso. Tudo que você toca, acaba em ruínas", disse ele, com desprezo.

A secretária de Ana, uma jovem chamada Clara, olhou para os invasores com raiva.

"Senhorita Ana, devo chamar a polícia? Isso é invasão de propriedade!"

Antes que Ana pudesse responder, um de seus arquitetos juniores, um homem que sempre bajulou Pedro, falou em voz alta:

"Clara, cale a boca. O senhor Pedro está apenas... visitando. Talvez a senhorita Ana devesse ouvir o que ele tem a dizer."

Os olhos de Ana se estreitaram. A traição não vinha apenas de fora.

"Ricardo", disse Ana, sua voz perigosamente calma. "Você está demitido. Pegue suas coisas e saia. Agora."

O arquiteto ficou pálido.

"Mas... senhorita Ana..."

"Eu disse agora!", ela gritou, e a força em sua voz fez todos se encolherem. "E quanto a vocês dois", ela disse, virando-se para Pedro e Sofia, "saiam do meu escritório."

Pedro riu e se aproximou dela, tentando tocar seu braço.

"Ana, não seja tão dramática. Nós só..."

Ana recuou como se ele fosse veneno. O nojo em seu rosto era evidente.

"Não toque em mim."

Ver a repulsa de Ana pareceu irritar Pedro, mas Sofia interveio, mais uma vez com seu teatro. Ela se levantou, cambaleou e caiu de joelhos, agarrando a perna de Pedro.

"Pedro, não brigue com ela por minha causa!", ela choramingou, batendo a própria cabeça de leve na perna dele. "É tudo culpa minha! Eu sou tão desajeitada! Eu caí e me machuquei de novo! Olha, estou sangrando!"

Ela mostrou um pequeno arranhão no joelho, que provavelmente fez em sua própria cadeira. Era uma atuação patética, mas Pedro, cego pela raiva e pelo ego, caiu nela.

"Você viu o que você fez?", ele gritou para Ana. "Você a está aterrorizando!"

Em um acesso de fúria, ele a empurrou. Ana não estava preparada. Ela tropeçou para trás, bateu contra a grade de vidro da varanda interna do loft e caiu. O mundo girou, e a última coisa que ela viu foi o rosto chocado de seus funcionários antes de mergulhar na fonte decorativa que ficava no andar de baixo.

A água gelada a engoliu, o impacto a deixou sem ar. Pânico tomou conta dela enquanto lutava para subir à superfície. Sua cabeça doía, a água enchia seus pulmões. Por um momento, ela pensou que iria morrer ali, afogada em seu próprio escritório.

Um de seus funcionários leais, um jovem chamado Miguel, pulou na fonte sem hesitar e a puxou para fora. Ela tossiu, cuspindo água, tremendo de frio e choque.

Do andar de cima, Pedro olhou para baixo, seu rosto uma mistura de pânico e desprezo.

"Isso é o que acontece quando você mexe comigo", ele cuspiu as palavras. Ele tirou do bolso uma pequena caixa de veludo, a caixa que continha as cartas de amor que Ana havia escrito para ele. Ele a jogou na água ao lado dela. "Fique com suas memórias patéticas. Nós terminamos."

Ele e Sofia saíram apressados do escritório, deixando para trás a destruição e uma Ana encharcada e humilhada.

Miguel a ajudou a se levantar. Os olhos de Ana caíram sobre os restos de uma maquete no chão. Era um pequeno chalé na montanha, um modelo que sua falecida mãe, também arquiteta, a ajudou a construir quando era criança. Era a coisa mais preciosa que ela possuía. Pedro a havia esmagado com o pé.

Uma dor aguda, mais profunda do que a traição, atingiu Ana. Ele não apenas destruiu seu futuro, ele profanou seu passado. As lágrimas que ela segurou por tanto tempo finalmente vieram, silenciosas e amargas.

Foi nesse momento que a porta do escritório se abriu novamente. Não era a polícia. Era Lucas.

Ele entrou, avaliou a cena com um olhar rápido e sombrio - o escritório destruído, Ana tremendo e molhada, a maquete quebrada. Seus olhos endureceram.

Ele caminhou até Ana, tirou seu casaco caro e o colocou sobre os ombros dela. Sua presença era uma rocha sólida no meio do caos.

"Eu sinto muito por ter chegado tarde", ele disse, sua voz grave e cheia de uma emoção contida. Ele olhou para a maquete quebrada e depois de volta para o rosto de Ana. "Eu prometo a você. Pedro vai pagar por cada pedaço disso."

Ana olhou para ele, e pela primeira vez, sentiu uma faísca de esperança em meio ao desespero. Ela não estava mais sozinha nesta luta.

                         

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