A Vingança da Paisagista
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Capítulo 2

A revelação de Beatriz sugou todo o ar dos pulmões de Sofia. Cinquenta milhões. Desaparecidos. Gastos em um carro para o homem que a traiu, usando o dinheiro que ela precisava para salvar sua família. A crueldade do ato era tão profunda, tão calculada, que Sofia sentiu uma náusea avassaladora.

Beatriz se aproximou, sua voz um sussurro venenoso que só Sofia podia ouvir.

"Vê, Sofia? Tudo o que é seu, posso pegar quando quiser. Seu homem. Seu dinheiro. Sua dignidade. O que você vai fazer agora?"

A multidão, percebendo o drama, se voltou para elas. As risadas e os comentários maldosos se tornaram mais audaciosos.

"Trinta milhões? Ela achou mesmo que poderia sentar na mesma sala que nós?"

"A 'Toque Verde' virou piada. Que vergonha."

"Beatriz é generosa. Eu já a teria expulsado a pontapés."

Dois seguranças se moveram em direção a Sofia, prontos para arrastá-la para fora. A humilhação era completa. Beatriz observava com um sorriso satisfeito, saboreando cada segundo da destruição de Sofia. Então, ela levantou a mão, parando os seguranças.

"Esperem," disse Beatriz, sua voz carregada de uma falsa magnanimidade. "Talvez possamos dar uma chance a ela."

Ela se inclinou sobre Sofia, o perfume caro invadindo seus sentidos.

"Sofia, se você se ajoelhar agora e me pedir desculpas por ter chateado o Pedro, talvez eu te empreste o dinheiro para participar. O que você acha? É uma oferta generosa."

Ajoelhar. Pedir desculpas. A humilhação final.

Uma raiva fria e cortante subiu pela espinha de Sofia, substituindo o choque e a dor. Ela olhou para o rosto perfeito de Beatriz, para o sorriso presunçoso, e algo dentro dela se partiu para sempre.

"Nunca," sibilou Sofia, sua voz baixa, mas firme.

Ela tentou se levantar, empurrar Beatriz para longe, mas os seguranças a agarraram com mais força, seus dedos cravando em seus braços. A dor física era um eco fraco da dor em sua alma.

"Tola teimosa," disse Beatriz, seu sorriso desaparecendo. "Então saia."

Enquanto os seguranças começavam a puxá-la, Sofia, em um ato de desespero, gritou:

"Esperem! Eu tenho algo para oferecer como garantia!"

Toda a sala ficou em silêncio. Os olhos de todos se voltaram para ela. Com as mãos trêmulas, Sofia abriu sua bolsa surrada e tirou um pequeno objeto embrulhado em um pano de seda.

Era um pedaço de jade bruto, do tamanho de um punho, de um verde profundo e irregular. Não parecia valioso para um olho não treinado, mas era a última coisa de valor que sua avó lhe dera. Era um talismã, um símbolo de seu "Toque Verde". Segundo sua avó, continha a essência de um jardim.

"Isto," disse Sofia, sua voz ganhando força. "É um pedaço de Jade Imperial. O leiloeiro pode avaliar. Vale muito mais do que os cinquenta milhões necessários."

Um murmúrio percorreu a sala.

"Jade Imperial? Daquela pedrinha feia?"

"Ela está delirando. Provavelmente pegou uma pedra no quintal."

Beatriz riu alto. "Sofia, você ficou louca? Isso não vale nada."

Mas o leiloeiro, um homem experiente, pegou a pedra com cuidado. Seus olhos se arregalaram ligeiramente ao sentir o peso e a textura. Ele pegou uma pequena lanterna e a examinou. Um silêncio tenso pairou sobre o salão.

Depois de um longo minuto, ele olhou para Sofia, e depois para Beatriz, com um novo respeito.

"A senhorita está correta," ele anunciou. "Esta é, de fato, uma peça de Jade Imperial de altíssima qualidade. Seu valor estimado, mesmo em estado bruto, ultrapassa os cem milhões."

O queixo de Beatriz caiu. A multidão ofegou.

Sofia sentiu uma onda de alívio e triunfo. Ela olhou diretamente para Beatriz, seus olhos agora frios e desafiadores.

"Eu posso participar agora?"

O leiloeiro assentiu rigidamente. "Sim, senhorita Sofia. Minhas desculpas."

Sofia se sentou, o coração ainda martelando, mas agora com uma nova determinação. Ela tinha sido empurrada para o abismo, mas não havia caído. Ela se agarrou à beirada com as unhas e estava pronta para escalar de volta. A dor não tinha desaparecido, mas agora estava misturada com uma raiva gelada. Ela não estava mais ali apenas para salvar sua família. Ela estava ali por vingança.

O leilão começou. O primeiro item era um pequeno terreno na encosta de uma montanha, com uma fonte de água natural. Perfeito para um jardim de rochas. Sofia sabia exatamente o que fazer com ele.

"Lance inicial de dez milhões," anunciou o leiloeiro.

"Doze milhões," disse Sofia, sua voz clara e firme.

Antes que qualquer outra pessoa pudesse falar, a voz de Beatriz cortou o ar.

"Vinte milhões."

Sofia franziu a testa. Era um preço alto demais para aquele terreno.

"Vinte e um milhões," ela disse, testando as águas.

"Trinta milhões," retrucou Beatriz imediatamente, com um sorriso de escárnio.

Sofia entendeu. Beatriz não estava interessada nos terrenos. Ela estava interessada em destruí-la. Ela cumpriria sua promessa: tudo o que Sofia cobiçasse, ela arremataria, não importava o custo. A humilhação não havia acabado. Tinha apenas mudado de forma.

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