Naquela noite, ela tentou contar a Breno sobre sua aprovação na faculdade, mas a noiva dele, Chloe Ellis, interrompeu com uma ligação animada, e as palavras doces de Breno para Chloe foram como um soco no estômago de Jade. Ela se lembrou de como a ternura dele costumava ser só dela, de como ele a protegera e de como ela havia derramado seu coração para ele em um diário e em uma carta de amor, apenas para ele explodir, rasgando a carta e berrando: "Eu sou seu irmão!"
Ele saiu furioso, deixando-a para colar meticulosamente os pedaços rasgados. Seu amor, no entanto, não morreu, nem mesmo quando ele trouxe Chloe para casa e disse para ela chamá-la de "cunhada".
Agora, ela entendia. Tinha que apagar esse fogo sozinha. Tinha que arrancar Breno de seu coração.
Capítulo 1
Dezoito dias depois de decidir desistir de Breno Maynard, Jade Rosario cortou o cabelo que ia até a cintura. Ela ficou em frente ao espelho e fumou seu primeiro cigarro, a fumaça se enrolando em seus dedos. O gosto era amargo.
Naquela noite, ela ligou para o pai do outro lado do país.
"Pai, eu passei na UC Berkeley."
Sua voz estava baixa.
"Eu quero me mudar para a Califórnia. Quero ficar com você de novo."
Seu pai, Felipe Conner, pareceu surpreso do outro lado da linha. "Depois que sua mãe e eu nos divorciamos, eu me estabeleci aqui. Sempre pedi para você vir fazer intercâmbio, mas você insistiu em ficar com seu irmão postiço, Breno. Por que a mudança repentina?"
Jade baixou os olhos, que estavam vermelhos e inchados. Ela forçou uma risada pequena e leve.
"Alguns caminhos a gente precisa ir até o fim pra descobrir que não levam a lugar nenhum."
Ela fez uma pausa, a voz tremendo um pouco.
"Breno vai se casar. Não é certo para mim, a irmã dele sem laços de sangue, ficar me agarrando a ele."
O pai suspirou, a voz cheia de compaixão. "Que bom que você percebeu. Sua mãe e o Sr. Maynard vivem viajando pelo mundo, deixando você com o Breno todos esses anos. Você já cresceu. É hora de vir morar comigo. Você pode estudar e aprender a administrar a empresa."
"Ok," disse Jade, e desligou.
Ela viu seus olhos inchados no reflexo da tela escura do celular. Foi ao banheiro e jogou água fria no rosto. Tinha duas semanas até partir para Berkeley. Precisava se recompor.
Ela andou pelo corredor e notou que a luz do escritório estava acesa. Hesitou por um momento, depois abriu a carta de aprovação eletrônica no celular e bateu na porta.
"Toc, toc, toc."
Lá dentro, Breno Maynard estava sentado em sua mesa. Ele usava um pijama de seda azul-escuro, e seu nariz proeminente sustentava um par de óculos de aro dourado. Ele parecia elegante, distante e disciplinado enquanto digitava em seu computador.
"Breno," disse Jade suavemente. Este era o homem que era seu irmão postiço. Ele também era a paixão secreta e oculta de toda a sua adolescência.
Breno ergueu os olhos da tela, a testa franzida em uma leve carranca. "Algum problema?"
Jade franziu os lábios, hesitando. "Os resultados da faculdade saíram..."
Antes que ela pudesse terminar, um toque de celular fofo e animado cortou o silêncio da sala. "Benzinho, atende o telefone~"
A carranca de Breno desapareceu instantaneamente. Ele pegou o celular, e um sorriso gentil se espalhou por seu rosto enquanto ouvia a pessoa do outro lado.
"Chloe, pode resolver tudo direto com a cerimonialista. Diga a eles para providenciar o que você quiser. Lembre-se, dinheiro não é problema."
Uma amargura profunda encheu o peito de Jade. A ternura de Breno costumava pertencer apenas a ela.
Quando ela tinha oito anos, sua mãe, recém-casada, a levou para a casa dos Maynard. Ela ficou sem jeito na mansão grandiosa, perdida e sozinha. O jovem Breno, vestido com seu uniforme de colégio particular de elite, se aproximou e pegou sua mão. "Garotinha, agora eu sou seu irmão," ele disse.
Quando ela tinha dez anos, tinha medo do escuro. Breno usou secretamente sua mesada para comprar um abajur do Totoro para ela. "Não tenha medo," ele disse. "Eu vou te proteger, assim como o Totoro protege a Mei."
Durante sua adolescência, Breno era o sol em seu mundo. Ela não sabia como contar a ele sobre o amor que mantinha escondido, então escreveu tudo em um diário, repetidamente.
Então, em seu aniversário de dezessete anos, pouco antes de Breno se formar na faculdade, ela deu tudo a ele. Deu-lhe o diário cheio de seus sentimentos e uma carta de amor onde derramou seu coração.
Naquele dia, Breno explodiu. Ele virou a caixa de presente, espalhando seu conteúdo pelo chão.
"Jade Rosario, você tá doente? Eu sou seu irmão!" ele berrou.
Mas ela tinha sido teimosa. "Nós não somos parentes de sangue. Você não é meu irmão de verdade. Você me mimou, me protegeu e cuidou de mim todos esses anos. Não é natural que eu me apaixonasse por você?"
Sua teimosia foi recebida com crueldade. Ele rasgou a carta de amor em pedaços, sem piedade.
"Eu sabia que você faria alguma besteira. Eu não deveria ter me importado com você todos esses anos! Você nem sabe a diferença entre afeto familiar e amor romântico!"
Ele saiu de casa naquele dia sem olhar para trás. Jade chorou enquanto juntava os pedaços rasgados do chão. Ela os levou para o quarto e os colou meticulosamente. Mas a carta estava marcada, um remendo de seu antigo eu.
Sua confissão fracassada não matou seu amor por ele. Ela estudou mais, determinada a entrar na mesma universidade que ele, a ficar na mesma cidade.
Mas no dia em que terminou o ensino médio, Breno trouxe para casa uma mulher chamada Chloe Ellis.
"Jade, chame-a de 'cunhada'," ele disse.
Naquela noite, Jade chorou até não conseguir respirar. Ela finalmente entendeu que os noventa e nove passos que dera através de espinhos para alcançá-lo não significavam nada. Ela e Breno seriam apenas irmãos. Não havia outra possibilidade.
O amor intenso que ardera em seu coração por anos agora parecia um fogo que a queimava viva.
Agora, ela entendia. Tinha que apagar esse fogo sozinha. Tinha que arrancar Breno de seu coração.