O coração de Maya martelava contra suas costelas.
A dor era tão intensa que parecia um golpe físico.
Léo voltou para a mesa, todo sorrisos. "Desculpe por isso, crise no trabalho resolvida."
Ele colocou o braço em volta dela. "Está se sentindo bem? Você parece um pouco pálida."
Alheio. Totalmente, enlouquecedoramente alheio.
Apenas uma dor de cabeça, Maya conseguiu dizer, afastando-se um pouco.
Ela olhou para ele, para o homem que amara, o homem que salvara sua vida, que agora a estava destruindo.
Léo, ela começou, a voz baixa, "se um homem, um marido, estivesse tendo um caso... o que você pensaria dele?"
Ele franziu a testa, surpreso com a pergunta.
Eu pensaria que ele é um canalha, disse Léo, seu tom veemente. "Um verdadeiro lixo. Especialmente se ele tivesse uma esposa que o amasse, que confiasse nele. Não há desculpa para esse tipo de traição, Maya. Nenhuma."
Sua hipocrisia era de tirar o fôlego.
Seu celular vibrou novamente. Ele olhou, um lampejo de irritação, depois outra coisa – preocupação?
Droga, ele murmurou. "Outro assunto urgente da empresa. Um estagiário novo bagunçou uma migração de servidor enorme. Tenho que ir resolver isso. O Marcos não consegue lidar com essa."
Ele a beijou rapidamente. "Você fica, aproveita a vista. Voltarei assim que puder. Eu prometo."
Ele saiu apressado.
Maya o observou ir, uma certeza fria se instalando nela.
Ela pegou seu celular descartável, discou para um serviço de carro.
Siga aquela Escalade preta, ela disse ao motorista, apontando para o carro de Léo que partia. "Discretamente."
A Escalade não foi em direção à sede da Almeida Global.
Dirigiu-se a um elegante e novo prédio de condomínio de luxo em um bairro nobre do centro.
O motorista estacionou do outro lado da rua. Maya esperou.
Dez minutos depois, Léo saiu do prédio.
Com Ísis Castro.
Ísis estava rindo, agarrada ao braço dele. Léo sorria para ela, um olhar de afeto possessivo em seu rosto.
Eles pararam perto do carro dele na entrada privativa do prédio.
Ele a puxou para perto, e eles se beijaram.
Um beijo longo, apaixonado, de boca aberta. Em plena luz do dia.
Maya observou, seu sangue virando gelo.
Então, eles entraram no carro dele. As janelas eram escuras, mas ela viu as silhuetas se moverem.
O carro começou a balançar. Levemente, a princípio. Depois, com um ritmo mais urgente. Sugestivo.
Bem ali. Na entrada.
Maya fechou os olhos.
Ela se lembrou da noite de núpcias.
Léo tinha sido tão terno, tão reverente.
Ele lhe dissera que queria que a primeira vez deles como marido e mulher fosse perfeita, sagrada.
Ele fizera amor com ela com tanto cuidado, tanta devoção.
Parecia uma verdadeira união de almas.
Agora, isso.
Essa exibição barata e sórdida em um carro com sua amante.
O contraste era uma faca se retorcendo em suas entranhas.
O motorista do táxi, um homem mais velho de rosto gentil, olhou para ela no espelho retrovisor.
Senhora, você está bem?, ele perguntou gentilmente.
Maya abriu os olhos. Lágrimas escorriam por seu rosto.
Ele não vale a pena, senhora, disse o motorista suavemente. "Nenhum homem que faz isso vale suas lágrimas."
Maya balançou a cabeça, uma risada amarga escapando dela. "Perdoá-lo? Nunca."