Forcei um sorriso. "Parabéns aos dois. Desejo tudo de bom."
Minha voz saiu surpreendentemente firme.
Jax pareceu aliviado. O sorriso de Chloe se crispou, quase imperceptivelmente.
Então Mark e Lee, os parceiros de banda de Jax, aproximaram-se de nós, ruidosos e com cervejas nas mãos.
Ei, Savvy! Lembra de todos aqueles biscoitos que você costumava nos fazer?, caçoou Mark.
E dos cartazes? 'The Night Howlers conquistam Austin!', acrescentou Lee, com uma voz teatral.
Ambos riram, as gargalhadas altas e descabidas.
Ela era nossa fã número um, não é, Savvy?, provocou um deles.
Uma paixonite de criança adorável, disse Mark, piscando para Chloe. "Ainda bem que nosso Jax amadureceu."
As pessoas do ramo que estavam por perto riram.
Senti o rosto arder. Humilhação total e absoluta.
Jax continuou parado, um sorriso vago e desconfortável nos lábios. Ele não disse uma única palavra para impedi-los.
Ele não se importava.
Foi então que percebi. Todos aqueles anos, a tolerância dele com a minha presença, meu jeito de gravitar constantemente ao redor dele e da banda... tudo por causa de Ben.
Ben era seu melhor amigo, seu parceiro de banda. Ele aturava a irmãzinha.
Agora, ele tinha Chloe. Não precisava mais me aturar.
Ele queria que eu sumisse. Todo aquele teatro era para garantir isso.
Murmurei uma desculpa qualquer e me virei, sentindo uma necessidade urgente de escapar.
A tristeza era um peso esmagador no peito, que me roubava o ar.
Encontrei um canto tranquilo perto de uma grande janela com vista para a cidade.
Noite difícil?
Chloe Davenport estava ao meu lado, com duas taças de champanhe nas mãos. Ofereceu-me uma.
Neguei com a cabeça. "Não, obrigada."
Olha, disse ela, a voz mais suave agora, quase conspiratória. "O Jax pode ser um babaca às vezes. E aqueles caras são uns idiotas. Não deixe que eles te afetem."
Eu apenas a encarei.
Eu falei sério, Chloe. Fico feliz por vocês. E estou seguindo com a minha vida.
Ela tomou um gole de champanhe, os olhos me avaliando.
É mesmo? Sabe, às vezes o Jax fala dormindo. Ele costumava murmurar seu nome. Bastante.
Minha respiração falhou. Que jogo era aquele?
Acho que ele se sentia culpado. Por iludir você com aquela besteira de 'espere até fazer vinte e dois anos'.
Ela deu de ombros. "Ou talvez ele só gostasse da atenção da garotinha doce e artística."
O sorriso dela voltou, afiado e presunçoso.
Antes que eu pudesse responder, ouviu-se um som alto e repentino, um rangido vindo de cima.
Nós duas olhamos para cima.
Uma enorme instalação de arte, uma pesada escultura de metal, estava suspensa no teto.
Balançava.
Perigosamente.
As pessoas começaram a gritar.
Num reflexo, Jax, que surgiu do nada, agarrou Chloe e a puxou com força para longe da trajetória da escultura.
Ele nem olhou na minha direção.
A escultura despencou com um estrondo ensurdecedor de metal se retorcendo e gesso se estilhaçando.
Eu não estava diretamente embaixo dela, mas um pedaço grande e irregular se soltou, girando pelo ar.
A dor explodiu na minha perna, uma agonia lancinante e cegante.
Outro golpe, perto da clavícula.
Então, a escuridão.
Acordei em um quarto de hospital.
O cheiro de antisséptico e medo.
Ben estava lá, o rosto pálido, os olhos vermelhos.
Savvy? Ah, meu Deus, Savvy, sinto muito. Ele parecia prestes a chorar.
O que aconteceu?, minha voz era um sussurro rouco.
A escultura... caiu. Você foi atingida. Sua perna está quebrada, bem feio. E você tem um corte fundo aqui. Ele tocou suavemente a própria clavícula.
Sua expressão se fechou, furiosa. "O Jax... ele ficou parado lá com a Chloe. Nem olhou para trás depois de puxá-la para um lugar seguro."
Processei a informação. Jax salvou Chloe. Claro. Ela era sua noiva, seu futuro.
Eu era apenas... Savvy.
Essa constatação já nem doía mais. Era apenas um fato.
Está tudo bem, Ben, sussurrei. "Ele fez a escolha dele. Está tudo bem."
Aquilo solidificou tudo. Minha decisão de ir embora.
Ben olhou para mim, os olhos cheios de uma dor que espelhava a minha, mas também de uma raiva contida.
Não está tudo bem, Sav. Nada disso está certo.
Mas eu sabia, com uma certeza gélida, que tinha acabado. O que quer que eu pensasse que existia com Jax, qualquer futuro que tivesse sonhado, tudo se fora.
E, estranhamente, eu estava calma.
Eu iria para Florença. Iria me curar. Iria construir uma nova vida.
Em segredo, comecei a fazer os planos de verdade: aqueles que envolviam passagens de avião e uma viagem só de ida.