Você finalmente fez dezoito anos. Vamos nos despedir da infância com nosso primeiro drinque oficial.
Jayde hesitou por um instante. Dizem que o álcool afoga as mágoas, e ela precisava relaxar. Aquela bebida era uma despedida das amigas, um último brinde.
Depois de um drinque, sentiu-se um pouco tonta e saiu para o corredor para tomar um ar. Ao passar por uma sala reservada com a porta entreaberta, viu Brendan, para sua surpresa. Ele estava cercado por um grupo de homens e mulheres, rindo e conversando animadamente.
Seu coração falhou uma batida. Ela se forçou a desviar o olhar, mas a conversa vinda da sala a fez parar.
Brendan, você está prestes a ficar noivo da Chloie, não é? E a sua irmã, a Jayde Rosario? Ela vivia grudada em você.
Ela já é adulta. Não é mais responsabilidade minha.
A voz, nítida e familiar, chegou aos seus ouvidos, o que a deixou um pouco mais sóbria. Ela ficou parada junto à porta, de cabeça baixa, imóvel por um longo momento.
Depois do que pareceu uma eternidade, ela murmurou para si mesma e seguiu pelo corredor.
Sim, ela é adulta. É sensata. A partir de agora, você também não fará mais parte do meu mundo.
Jayde foi até a janela no fim do corredor para tomar um ar. Depois, foi ao banheiro e jogou água fria no rosto. Ao sair, deu de cara com Brendan. Ele também parecia ter bebido um pouco.
Seus olhares se cruzaram.
Jayde estava prestes a falar, mas a voz de Chloie Ellis soou atrás dele. "Brendan."
Ela o chamou com doçura e se jogou em seus braços. "Bebi demais. Mal consigo parar em pé."
Brendan a beijou na testa, a voz transbordando carinho. "Então eu te levo no colo."
Dito isso, ele a tomou nos braços como uma princesa e se afastou, ignorando completamente a presença de Jayde.
A demonstração de intimidade do casal deixou Jayde paralisada por um longo momento.
Jayde, por que você está chorando?, perguntou sua amiga, Brielle Steele, tirando-a de seu torpor.
Jayde congelou e forçou um sorriso fraco. "Caiu um cílio no meu olho. Não é nada."
Brielle assentiu e apontou na direção para onde Brendan fora. "Aquele é o seu irmão? Ele realmente arrumou uma namorada. Todo mundo achava que ele nunca ia namorar. Pensávamos que ele ficaria sempre com você, porque ele te mimava tanto."
Ao ouvir aquilo, Jayde sentiu uma pontada de amargura no coração. "Ele e eu temos nossas próprias vidas. Não ficaríamos ligados para sempre."
O rosto de Brielle revelou uma sombra de pesar. "Na verdade, todo mundo já pensou que ele fosse seu namorado. Vocês dois combinavam tanto. É uma pena que ele seja seu irmão..."
O coração de Jayde pesou, úmido de lágrimas não derramadas. Ela também já havia achado uma pena. Mas agora, sentia que os laços entre as pessoas eram apenas uma questão de destino. Ela e Brendan tinham sido irmãos. A partir de agora, não teriam mais relação alguma.
O reencontro terminou à uma da manhã. Jayde se despediu das amigas e saiu do bar. Viu Brendan e Chloie parados perto da porta giratória, aparentemente esperando por ela.
Já é adulta e continua na rua depois da meia-noite. Está ficando cada vez mais inconsequente. E se algo te acontece?
A repreensão a fez estacar.
Chloie lançou um olhar reprovador para Brendan. "Agora a Jayde tem você para protegê-la, e mais tarde terá o namorado dela. O que poderia acontecer?"
Vamos para casa juntos, disse Chloie, pegando a mão de Brendan e começando a andar. Ela gesticulou para que Jayde os seguisse.
Jayde os seguiu de cabeça baixa. Só quando saíram do bar ela percebeu que a garoa tinha voltado.
Brendan abriu seu guarda-chuva e seguiu na frente com Chloie, sem olhar para trás. O guarda-chuva grande estava inclinado para a direita, protegendo Chloie por completo da chuva, enquanto metade da camisa dele ficava encharcada.
Jayde os observou, atônita. De repente, lembrou-se de como Brendan costumava segurar o guarda-chuva para ela. Ele sempre o inclinava em sua direção.
A Jayde é minha rosa delicada, ele costumava dizer. "E rosas não podem se molhar. Eu sempre vou proteger você."
Uma rajada de vento soprou, e os respingos inclinados e gelados da garoa atingiram o vestido branco de Jayde, provocando um arrepio.
Jayde despertou de seu transe e caminhou lentamente, sozinha, sob a chuva.
Rosas não podem se molhar, mas eu quero ser meu próprio girassol. Sempre voltada para o sol, sempre radiante.