Além da Traição: A Ascensão Dela
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Capítulo 2

Ayla sentiu uma sensação de libertação que Aurora nunca conhecera. O peso da traição, a culpa esmagadora - tudo se foi. Substituído por um propósito frio e claro. Aurora lhe dera as chaves. Agora, era hora de dirigir.

Ela voltou à Dra. Sharma no dia seguinte.

"A Aurora se foi", afirmou Ayla, sua voz neutra.

A calma profissional da Dra. Sharma não vacilou. Ela apenas a observou, seus olhos perspicazes. "O que você quer dizer com 'se foi'?"

"Ela desistiu. Pediu para eu assumir. Então eu assumi."

"Isso é comum em sistemas de TDI", explicou a Dra. Sharma. "Chama-se integração, ou às vezes, um alter se torna dominante para lidar com o mundo exterior. O hospedeiro original pode se tornar dormente. Podemos trabalhar para trazê-la de volta, para a cura."

Ayla balançou a cabeça. "Não. A cura não é o objetivo. A justiça é. Aurora está descansando. Ela merece a paz. Eu cuido do resto."

Ela sentiu um estranho cronômetro em sua mente. Aurora não estava morta, mas estava adormecida. Ayla tinha uma janela limitada antes que o mundo, ou talvez Alexandre, tentasse forçar a mulher quebrada e gentil a vir à tona novamente. Ela não podia deixar isso acontecer.

Alguns dias depois, seu telefone tocou. Era Alexandre.

"Aurora? Onde você está? Fiquei preocupado."

Ayla quase riu da falsa preocupação em sua voz. Ela concordou em encontrá-lo em um pequeno café, um terreno neutro.

Ele já estava lá quando ela chegou, parecendo agitado. Ele se levantou e tentou abraçá-la, mas ela o desviou e se sentou.

Seus braços caíram desajeitadamente ao lado do corpo. "Aurora, eu..."

Ele olhou em seus olhos e, pela primeira vez, pareceu ver que algo estava diferente. Um lampejo de confusão cruzou seu rosto.

"Você parece... diferente."

"A prisão muda uma pessoa", disse Ayla, sua voz fria.

Ele se sentou, inclinando-se para a frente, as mãos entrelaçadas na mesa. Ele começou um discurso bem ensaiado sobre a história deles, o amor deles, a empresa que construíram juntos desde o dormitório da faculdade. Ele a lembrou de como ela havia abandonado sua própria promissora carreira acadêmica para apoiar o sonho dele.

"Eu nunca esqueci isso, Aurora. Tudo o que eu fiz... eu fiz pensando em você."

Ayla ouviu, sua expressão indecifrável. Ela se lembrava das memórias de Aurora sobre este homem - o calor de sua mão, a risada fácil. Mas tudo o que Ayla sentia era a realidade fria e dura de sua traição. O homem que Aurora amava era uma fantasia. Esta criatura sentada à sua frente era a verdade.

"Eu tenho uma condição", disse Ayla, cortando-o.

Ele piscou. "Uma condição?"

"TDI. Transtorno Dissociativo de Identidade. Os médicos na prisão diagnosticaram. O trauma... me dividiu."

Alexandre a encarou. Então ele jogou a cabeça para trás e riu. Foi um som condescendente e desdenhoso.

"Ah, Aurora. Isso é alguma nova tática? Algum novo jogo para me fazer sentir culpado? Você não está louca. Você está apenas sendo dramática."

"Eu não sou a Aurora", disse Ayla em voz baixa.

"Eu te amo", ele insistiu, ignorando-a. "Eu sempre te amei. Catarina... ela foi um erro. Um momento de fraqueza. Ela não significa nada."

"Você me deixou ir para a prisão por um ano como uma 'lição'", Ayla o lembrou, sua voz como gelo.

"Foi um erro!", ele disse, sua voz se elevando. "Eu estava errado. Eu admito. Mas podemos superar isso. Nós temos que superar. Eu preciso de você."

Ele queria que ela cedesse. Que aceitasse a presença de Catarina em suas vidas, pelo menos por enquanto. Ele falou sobre Catarina ser "vulnerável" e "dependente" dele. Ele teceu uma história de obrigação e responsabilidade.

"Nós fizemos um juramento, Alexandre", disse Ayla, citando as palavras pelas quais Aurora chorou por três anos. "Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza."

Ele teve a audácia de parecer desconfortável. "Isso é diferente."

"É mesmo?"

"Catarina irá embora em breve", ele prometeu, seus olhos suplicantes. "Eu só preciso de um tempo para resolver isso, para arrumar um lugar para ela. Então seremos só nós de novo. Eu juro."

Ele estendeu a mão sobre a mesa, pegando a dela. Aurora teria derretido. Ayla não sentiu nada além do toque úmido de um mentiroso.

"Você vai ver", ele disse, interpretando mal o silêncio dela como aquiescência. "Tudo vai voltar a ser como era."

Ayla puxou a mão lentamente. Como algo poderia voltar? O homem que Aurora amava nunca existiu. Ele vinha mudando há anos, seu sucesso alimentando um narcisismo que consumia tudo em seu caminho. Aurora apenas se recusou a ver.

Ela se lembrou da primeira suspeita de Aurora. Uma mensagem de texto tarde da noite. O cheiro do perfume de outra mulher em sua camisa. Quando ela o confrontou, ele a manipulou, a chamou de paranoica, a fez sentir como se ela fosse o problema.

Ele a havia quebrado muito antes de Catarina sequer pisar naquele penhasco.

"Eu quero o divórcio, Alexandre", disse Ayla.

A máscara confiante caiu. O pânico brilhou em seus olhos. "Não. Não diga isso. Podemos consertar isso. Eu faço qualquer coisa."

Qualquer coisa, exceto a única coisa que importava. Ele nunca teve a intenção de deixar Catarina. Ele queria as duas. A esposa respeitável e solidária e a amante excitante e ilícita. Ele era um rei que acreditava ter direito a todo o seu reino.

"Eu vou consertar isso", ele disse novamente, sua voz recuperando o comando. "Eu vou me livrar dela. Eu te prometo, Aurora. Apenas me dê um pouco de tempo."

Ayla olhou para ele, para a sinceridade desesperada que ele estava tentando projetar. Era uma performance magistral. Mas ela não era a plateia a que ele estava acostumado.

"Você promete?", perguntou Ayla, seu tom indecifrável.

"Eu prometo."

            
            

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