Ele ficou chocado com a intensidade do veneno. Sabia que as pessoas fofocavam, mas isso era diferente. Era um linchamento.
Ele encontrou Ayla de volta na sala de espera do hospital, olhando fixamente para a parede. Ela nem tinha olhado para o celular. Parecia completamente desligada, como se o ódio do mundo não pudesse tocá-la.
Ele se sentou ao lado dela, sua raiva substituída por uma onda confusa de proteção. "Me desculpe", disse ele, tentando colocar o braço em volta dela.
Ela se encolheu ao seu toque.
"Eu vou consertar isso", disse ele, pegando o celular. "Vou fazer minha equipe de R.P. acabar com a história. Vou processar o site que postou."
Mas quando estava prestes a fazer a ligação, seu celular vibrou com um alerta de notícias. A história havia tomado um rumo novo e chocante.
Alguém havia vazado a verdadeira identidade de Catarina. Não apenas que ela estava viva, mas quem ela realmente era: Catarina Collier, a mulher que Aurora foi condenada por matar.
A narrativa virou em um instante. A fúria do público, antes dirigida a Ayla, agora se voltou para Catarina.
"Ela a incriminou!"
"Aquela pobre mulher passou três anos na prisão por nada!"
"Alexandre Rocha é um tolo por ficar ao lado daquela cobra manipuladora!"
Alexandre encarou a tela, sua mente lutando para processar as implicações. Se Catarina havia fingido a própria morte... ela teria mentido sobre todo o resto também? O empurrão no penhasco? O ataque em casa?
Um soluço de cortar o coração vindo da porta o tirou de seus pensamentos.
Catarina estava lá, com o roupão do hospital desalinhado, lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela olhou para o celular na mão dele, para as manchetes condenatórias.
"Alex", ela sussurrou, a voz quebrando. "Eles estão me destruindo."
Ele correu para o lado dela, seus instintos protetores assumindo novamente. "Está tudo bem. Vamos resolver isso."
"Foi ela", soluçou Catarina, apontando um dedo trêmulo para Ayla. "Ela vazou. Ela está tentando arruinar minha vida, tirar meu bebê de mim."
Alexandre olhou para Ayla, que estava sentada imóvel, sua expressão indecifrável. Ele não acreditou em Catarina, não de verdade. Mas o sofrimento dela, sua vulnerabilidade, era uma atração poderosa.
Ele tomou uma decisão.
Convocou uma coletiva de imprensa improvisada no saguão do hospital. Ele ficou diante das câmeras, Catarina agarrada ao seu braço, e fez uma declaração.
Ele reconheceu que Catarina havia cometido um "erro terrível" no passado, movida pelo medo e por um "amor equivocado" por ele. Mas ele a pintou como uma vítima, uma mulher assombrada por seu passado, agora tentando construir uma nova vida para seu filho ainda não nascido.
Então, ele voltou sua mira para Ayla.
"Minha esposa", disse ele, a voz cheia de tristeza, "passou por um trauma indescritível. Isso a... afetou. Ela não está bem. Suas ações não são dela. Ela está atacando, tentando ferir aqueles que a amam. Pedimos sua privacidade e compaixão enquanto navegamos por este momento difícil e conseguimos a ajuda que ela tão desesperadamente precisa."
Ele a rotulou publicamente como mentalmente instável. Ele a jogou aos lobos para proteger sua amante.
De seu assento na sala de espera, Ayla assistiu à coletiva de imprensa em uma pequena tela de TV. Quando suas palavras finais e condenatórias atingiram o ar, algo dentro dela se partiu.
Uma dor aguda e insuportável atravessou sua cabeça. O mundo inclinou, as cores se misturando. Ela ofegou, agarrando as têmporas, um grito se formando em sua garganta.
Através da névoa de sua própria agonia, ela viu Catarina, de pé atrás de Alexandre, um pequeno sorriso triunfante brincando em seus lábios.
Ela havia vencido. Ela finalmente, completamente, destruiu Aurora Tavares.