A Vingança do Pintor: Amor Redimido
img img A Vingança do Pintor: Amor Redimido img Capítulo 3 O vestido lilás
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Capítulo 5 Quem você acha que ele vai acreditar img
Capítulo 6 O mesmo tipo sanguíneo raro img
Capítulo 7 A grande história de amor img
Capítulo 8 O papel de marido dedicado img
Capítulo 9 Quero essa pulseira img
Capítulo 10 A senhora Guedes não está disponível img
Capítulo 11 Nossas hortênsias azuis img
Capítulo 12 Você voltou, meu bem img
Capítulo 13 A internem! img
Capítulo 14 Nosso próprio mundo img
Capítulo 15 O amor não é uma prisão img
Capítulo 16 O convite de casamento img
Capítulo 17 Ela é minha esposa! img
Capítulo 18 A cor da morte img
Capítulo 19 Eu venci img
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Capítulo 3 O vestido lilás

Uma risada seca escapou dos meus lábios, e segurei firme a alça da minha mala de mão, os dedos tão tensos que quase perdi a cor.

Do outro lado do saguão, estava o homem que deveria ser meu marido, celebrando o casamento com outra.

Lembrei-me da mãe dele, rígida e sempre prática, o pressionando para apressar o matrimônio. "Casamento também é negócio, Damião. Uma fusão de famílias significa uma fusão de empresas."

Naquele dia, ele segurou minhas mãos com tanta ternura e fitou meus olhos com tanta devoção. "Não, mãe, vou me casar com a Alana porque a amo. Quero que tudo seja perfeito para nós dois. Dia vinte de maio, esse será o nosso dia."

Perguntei por que essa data, e ele apenas sorriu, enigmático. "Vai ser uma surpresa."

Eu esperei, acreditando como uma tola ingênua, mas no tão esperado dia, quem subiu ao altar com ele foi Evelyn Bastos.

Curiosamente, desta vez, a memória não trouxe dor, mas sim um estranho alívio.

Nesse momento, uma enfermeira passou diante de mim, mastigando com gosto um bombom delicado. "O senhor Ávila é mesmo generoso. São chocolates suíços personalizados. Imagine o preço."

Quando me viu parada ali, sorriu com gentileza e me estendeu um pedaço: "Pegue, é um dia de comemoração."

Não aceitei, apenas olhando.

Meu olhar voltou a Damião, que ria, encantado, sem perceber minha presença.

Então Evelyn surgiu ao lado, radiante em seu vestido branco simples, se esticou na ponta dos pés e depositou um beijo tímido na bochecha dele.

Ele passou o braço pela cintura dela com naturalidade, exibindo aquele sorriso carinhoso e tão convincente.

A chefe das enfermeiras se aproximou, curiosa. "E quando será a grande festa? Queremos ver a noiva deslumbrante no vestido."

Damião respondeu com segurança: "Na próxima semana. Será uma celebração enorme, transmitida para o mundo inteiro. Quero que todos saibam o quanto amo minha esposa."

Ele segurou a mão de Evelyn como se fosse o retrato perfeito do marido devotado.

Então, virei as costas e deixei o hospital.

Em casa, sobre a cama, o vestido lilás me esperava, o mesmo que ele havia escolhido para que eu usasse no casamento deles.

Imediatamente, o peguei e levei até a lareira para queimá-lo. Vi as chamas engolirem o vestido, transformando cada detalhe delicado em cinza escuro. Não chorei, nem sorri, apenas assistindo.

Logo depois, subi ao quarto e arrastei do fundo do armário uma caixa pesada. Dentro, estavam todos os presentes que ele já tinha me dado, embalados no mesmo papel azul profundo, salpicado de pequenas estrelas prateadas.

"Por que essa cor?", perguntei uma vez, passando os dedos pelo desenho.

Ele me beijou e respondeu: "Porque você é o meu céu, Alana. Meu tudo."

As lembranças vieram como um golpe no peito - olhos apaixonados, promessas doces, mãos quentes segurando as minhas... Tudo parecia uma vida que não era mais minha.

Levei a caixa até a lareira e atirei tudo no fogo. As chamas rugiram, consumindo não só os presentes, mas também a história que eles carregavam.

O passado virou cinza.

Peguei o celular e fiz duas ligações. A primeira para um corretor: "Quero vender a casa. Preciso que seja imediato."

A segunda foi para o jardineiro: "Arranque todas as hortênsias azuis. Cada uma. Não quero vê-las mais."

Damião tinha plantado aquelas flores com cuidado, sujando as mãos de terra. "São da cor dos seus olhos quando você sorri."

Eu não precisava mais daquelas flores, nem dele.

Quando tudo terminou, um cansaço pesado me dominou, deitei na cama vazia e adormeci num sono agitado.

Acordei com a estranha sensação de estar sendo observada. Uma mão percorria meu cabelo.

Abri os olhos num sobressalto.

Damião estava ali, inclinado sobre mim, com o rosto tão próximo que pude sentir o cheiro de champanhe caro em seu hálito.

O empurrei com força, arrastando meu corpo para o outro lado da cama.

"O que pensa que está fazendo aqui?", sibilei. "Você é um homem casado agora. Isso é absurdo."

Um aperto atravessou meu estômago ao perceber que ele ainda tinha uma chave da casa, então, fiz uma anotação mental para trocar as fechaduras ao amanhecer.

Damião se ergueu, fingindo mágoa. "Alana, não seja assim."

Ele estendeu a mão, tentando tocar meu cabelo de novo. "Só peço mais um pouco de paciência. Eu vou me divorciar dela, eu juro. E então você terá o casamento mais grandioso que já existiu."

Seus olhos brilhavam com a mesma intensidade de sempre. Uma atuação impecável!

"Você ficou ferida", disse ele baixinho. "Eu sei que ficou."

De repente, um grito atravessou a casa. "Damião! Onde você está? Você prometeu que não me deixaria!"

A voz era de Evelyn, que devia ter seguido seus passos e ouvido tudo.

Houve um silêncio breve, depois um pranto desesperado. "Se você voltar para ela, eu me mato! Faço isso agora mesmo!"

Escutamos a porta bater e, em seguida, o som dos pneus arrancando na rua.

Meus pais, despertados pelo barulho, entraram no quarto às pressas, viram as duas figuras correndo lá fora e depois olharam para mim, o rosto carregado de preocupação.

Eu estava exausta demais para qualquer explicação.

"Troquem as fechaduras", pedi, com a voz neutra.

Eles se entreolharam, inquietos, mas não questionaram, apenas se retirando em silêncio.

Puxei as cobertas até a cabeça e desejei, do fundo da alma, que o mundo simplesmente desaparecesse.

            
            

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