Me virei para minha mãe, que parecia tão vulnerável quanto eu. Eu ainda não estava recuperada, e nós duas juntas jamais teríamos chance contra ele e seus homens.
"O que eu fiz agora?", perguntei, tentando disfarçar o medo na minha voz.
Ele levantou o pulso de Evelyn, exibindo uma marca fina e avermelhada. "Ela está se destruindo por sua causa. A saúde dela piorou. Hoje tentou cortar os pulsos."
Ele olhou para Evelyn com um carinho teatral, como se estivesse em luto por ela.
Mas, ao voltar os olhos para mim, o gelo tomou conta de sua expressão. "Peça desculpas, e prometa que nunca mais vai tentar me seduzir."
Fiquei muda, o encarando em choque. Seduzir? Tinha sido ele quem me caçou por anos, quem invadiu meu quarto, quem enchia meus ouvidos de promessas que nunca cumpriu!
Uma risada amarga me escapou sem que eu pudesse segurar. A idiota tinha sido eu, acreditando nele.
Meu corpo inteiro tremia, não de medo, mas de uma raiva tão profunda que parecia dilacerar minha pele por dentro.
"Saia da minha casa", murmurei, com a voz baixa e cortante.
Baixei o olhar para esconder o ódio que me consumia. Por dentro, comecei a contar - faltavam apenas alguns dias, só mais alguns dias e eu estaria livre. Léo Guedes havia me garantido.
"Alana...", disse Damião, confuso por um instante.
Evelyn o interrompeu, chorando ainda mais alto. "Damião, eu não suporto isso! Se ela não pedir desculpas, eu vou morrer!"
"Não!", ele gritou, o rosto se distorcendo em desespero, e fez um gesto duro para os guarda-costas. "Façam ela se ajoelhar."
Os dois avançaram em minha direção.
Minha mãe correu e se colocou na frente deles. "Não toquem na minha filha!"
Um deles a empurrou sem hesitar. Ela caiu contra a mesa de centro com força.
"Mãe!", gritei, tentando alcançá-la, mas o outro me segurou pelos ombros com uma força brutal e me forçou a ajoelhar.
A pancada contra o chão fez meu corpo já dolorido estremecer. Meu lábio, que mal tinha cicatrizado, voltou a sangrar, o gosto metálico se espalhando pela boca.
Minha mãe, ignorando a dor, ainda tentou me defender, mas o homem a derrubou de novo com um chute seco. O corpo dela caiu retorcido no chão, e a palidez em seu rosto me arrancou o fôlego.
Ver minha mãe machucada quebrou tudo dentro de mim - a raiva, o orgulho, a resistência... restando apenas um medo desesperado.
"Eu faço!", gritei, a voz falhando. "Eu peço desculpas! Só a soltem, por favor!"
Evelyn, que observava a cena, levou a mão à cabeça. "Minha cabeça dói, Damião..."
Imediatamente, ele correu até ela, com a preocupação estampada no rosto. "Espera, Evelyn, vou te levar ao médico."
Antes de sair, ele apontou uma câmera para mim e lançou ordens secas: "Façam o que eu disse. Façam ela repetir - 'Eu, Alana Mendes, sou uma destruidora de lares sem vergonha. Nunca mais tentarei seduzir Damião Ávila'."
Carregando Evelyn nos braços como se fosse feita de vidro, ele deixou a casa.
O guarda-costas com a câmera se aproximou de mim. "Diga."
Lágrimas já escorriam pelo meu rosto quando olhei para minha mãe, que tentava rastejar em minha direção.
"Eu... Eu, Alana Myers..." mal consegui dizer, sentindo cada palavra perfurar meu peito como uma lâmina.
Notando isso, me obrigaram a repetir inúmeras vezes, até que a voz me faltou e minha garganta ardia de dor. Antes de sair, um deles ainda me deu um chute na cabeça.
Meu corpo tombou e a batida contra o chão abriu um novo corte na minha testa. O sangue escorria, se misturando às lágrimas.
Minha mãe viu o sangue, seus olhos se arregalaram de puro terror, e um som sufocado escapou de seus lábios antes que ela desmaiasse.