Na semana seguinte, Caroline mergulhou em um turbilhão de atividades - comprou manuais de design moderno, livros de códigos de construção e guias de gestão empresarial. Passava horas navegando pela internet analisando projetos dos arquitetos mais conceituados, e sua mente, antes sufocada, voltava a pulsar com a criatividade que tinha sido abafada durante anos. Era como se uma parte esquecida de si mesma despertasse de um longo sono.
Durante todo esse tempo, ela não ligou para Blake, tampouco foi ao hospital, e ainda ignorou cada mensagem da sogra que exigia explicações sobre sua ausência ao lado do marido. Tijolo por tijolo, Caroline erguia uma muralha ao redor do coração.
Exatamente uma semana depois, no dia em que completavam três anos de casamento, Blake voltou para casa e a encontrou no escritório, rodeada por pilhas de livros e plantas.
Ele parou na porta, surpreso. "O que é tudo isso?"
"Estou retomando minha carreira", respondeu Caroline, sem erguer os olhos da prancheta. "Bridget e eu decidimos abrir nosso próprio escritório."
"Isso é... ótimo", murmurou ele, mas a voz denunciava confusão em vez de alegria, pois estava acostumado a vê-la viver em função dele. "Imagino que você não vai ter mais tempo para preparar aquelas refeições especiais para minha recuperação."
Só então Caroline o olhou, e o olhar dela era frio, distante. "Não. Não vou mesmo."
Ele se lembrou de como ela sempre fazia questão de cuidar dele, como até um corte minúsculo rendia semanas de preocupação. E agora, esse desapego parecia estranho, mas ele deixou para lá, porque estava cansado demais.
"Bom, eu te apoio", Blake disse, ainda que as próprias palavras soassem ocas aos seus ouvidos. "É bom você ter um hobby."
Um hobby. Depois de três anos de casamento, era assim que ele continuava enxergando a paixão que sempre foi a alma dela.
"Blake", começou Caroline, em tom baixo. "Se eu dissesse que quero o divórcio, você tentaria impedir?"
Blake nem teve tempo de pensar antes que o celular vibrasse. Ele olhou a tela e viu o nome de Ariana.
"Com licença", disse, antes de entrar no próprio escritório e fechar a porta.
Caroline ficou imóvel, ouvindo o murmúrio abafado da voz dele, o tom suave e afetuoso que nunca fora usado com ela. Mas ela não precisava entender as palavras ditas, porque já sabia. Então voltou a se inclinar sobre suas plantas, sentindo sua decisão endurecer como ferro.
Algumas horas depois, ele saiu do escritório e murmurou: "Vou te levar para jantar, afinal hoje é nosso aniversário de casamento."
Caroline aceitou, pois ainda havia algo que precisava confirmar.
Ele a levou até um restaurante refinado no centro da cidade, e quando estacionou na calçada, disse: "Eu vou procurar vaga, pode entrar."
Caroline desceu e ficou esperando, observando-o se afastar. Alguns minutos depois, ele voltou, mas não estava sozinho. Trazia nos braços um imenso buquê de gardênias brancas e uma caixa lindamente embrulhada.
Por um instante, o coração dela perdeu o compasso - ele nunca, jamais, tinha dado flores a ela. Então, uma fagulha boba e nostálgica de esperança acendeu dentro dela. "Blake..."
Mas, de repente, Ariana surgiu ao lado dele, segurando firmemente seu braço.
"Caroline! Que prazer te ver", exclamou Ariana, com um sorriso largo e triunfante. "Blake comentou que você se juntaria a nós para celebrar a reabertura da minha galeria. Que delicadeza da sua parte."
Nesse instante, a chama de esperança dentro dela morreu, virando cinzas. Blake não percebeu a expressão estática da esposa e apenas sorriu para Ariana.
"Essas flores são para você", ele disse, entregando o buquê e a caixa. "Só uma lembrancinha para marcar a ocasião."
Claro. Tudo era para Ariana. O jantar, as flores, o presente. Caroline, ali, não passava de uma figurante no romance perfeito deles.
"Ah, Blake, você se lembrou!", Ariana suspirou, aspirando o perfume das gardênias. "São as minhas preferidas." Em seguida, ela desembrulhou o presente, revelando o colar de diamantes que ele tanto comentara. "E olha só... é exatamente o mesmo que coloquei no meu painel de inspiração no mês passado. Como você sabia?"
"Apenas um chute de sorte", disse Blake, fitando Ariana com uma expressão suave e apaixonada.
Caroline sentiu o ar desaparecer dos pulmões, como se estivesse se afogando, e num lapso de consciência, estendeu a mão, tomou o buquê das mãos de Ariana e forçou um sorriso.
"Deixa que eu seguro para você", ela sussurrou, quase sem voz, enquanto os dedos tremiam.
Ariana sorriu ainda mais. "Obrigada, Caroline. Você é uma esposa maravilhosa."
As palavras soaram como uma ironia cruel, e foi exatamente nesse instante que Caroline entendeu - Blake não a levara para compartilhar o momento, mas sim para encobrir o verdadeiro motivo da noite. O aniversário de casamento não passava de uma fachada. Ele a usava como desculpa, enquanto comemorava de verdade com a mulher que amava. Caroline não era esposa dele. Era apenas a cobertura da farsa.