O Herdeiro Secreto Dele, A Fuga Dela
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Capítulo 2

Ponto de Vista: Helena

Na manhã seguinte, o pesado envelope pardo na minha bolsa parecia um bloco de gelo. Entrei no lobby da Menezes Tech, usando meu status de Sra. Menezes pela última vez. O ar era frio e estéril, cheirando a dinheiro e ambição.

A assistente de Caio, Clara, ergueu os olhos de sua mesa, sua expressão uma mistura familiar de estresse e pena.

"Sra. Menezes. Ele está com a Srta. Chaves."

"Eu sei", eu disse, sem diminuir o passo. "Isso não vai demorar."

Eu podia ouvir suas vozes através da porta de vidro fosco de seu escritório. Eles estavam rindo. O som era fácil, familiar. Era um som que ele não fazia mais comigo.

Abri a porta sem bater.

Eles não estavam fazendo nada de errado, não exatamente. Estavam debruçados sobre um plano de negócios em sua mesa enorme, a mão de Karina pousada no braço dele. Mas foi a intimidade daquilo que me roubou o fôlego. A maneira como eles eram uma equipe. Uma unidade.

Ambos ergueram os olhos, surpresos. O rosto de Caio endureceu instantaneamente. Não com culpa, mas com irritação. Eu era uma interrupção.

"Helena", disse ele, a voz ríspida. "Estou no meio de uma coisa importante."

Karina se endireitou, o rosto uma máscara perfeita de simpatia.

"Lena, querida. Sinto muito por ontem à noite. Essa aquisição é um pesadelo absoluto. O Caio tem sido um salva-vidas."

Ela estava sutilmente me lembrando de sua importância, da minha irrelevância.

"Tenho certeza que sim", eu disse, minha voz neutra. Olhei diretamente para meu marido. "Só preciso de uma assinatura. Depois, saio do seu caminho."

Caminhei até a mesa e coloquei o envelope na frente dele. O som foi um baque suave e definitivo.

"O que é isso?", ele perguntou, os olhos semicerrados de desconfiança.

"Uma liberação de PI", eu disse. A mentira saiu suave, profissional. "A galeria precisa de uma autorização geral para o catálogo digital. Já que muitos dos primeiros rascunhos do Aether estão na exposição."

Ele pegou, pesando-o na mão. Ele era um detector de mentiras humano na sala de reuniões, e por um segundo aterrorizante, pensei que ele veria através de mim. Ele bateu no envelope com a caneta, seu olhar aguçado fixo no meu rosto.

Sustentei seu olhar, recusando-me a desviar. Canalizei cada grama da minha dor em uma calma fria e profissional.

Antes que ele pudesse abrir, Karina interveio com maestria.

"Caio, o conselho está esperando aquela ligação", disse ela, a voz carregada de urgência. "Isso pode esperar, certo?"

Ela estava certa. No mundo dele, isso era trivial. A papelada do meu "hobby" versus um negócio bilionário.

Ele olhou do envelope para Karina, sua decisão já tomada.

"Certo", ele resmungou.

Com um lampejo de impaciência, ele rasgou o envelope, puxou a pilha de papéis e virou direto para o final. Ele nem sequer olhou para as vinte páginas do acordo de divórcio.

Ele viu o título no topo da última página: *Termo de Acordo e Assinatura*.

Ele rabiscou seu nome na linha. Um traço afiado e raivoso de tinta preta.

Minha respiração ficou presa na garganta. Estendi a mão e deslizei o papel assinado de volta antes que ele pudesse dar uma segunda olhada.

"Obrigada pelo seu tempo", eu disse.

Quando me virei para sair, Karina me deu um sorriso pequeno e condescendente. O tipo de sorriso que um vencedor dá ao perdedor.

Saí do escritório, saí do prédio e não olhei para trás.

No elevador, olhei para o papel apertado em minha mão. A assinatura dele. Estava feito.

Ele tinha acabado de assinar o fim do seu casamento, e nem tinha percebido.

            
            

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