"Ele disse que seu cheiro, aquele cheiro arrogante de Loba Branca, o deixava enjoado. Era muita pressão, tentar estar à sua altura." Seus olhos brilharam com um triunfo malicioso. "Ele disse que você era como uma rainha que exigia adoração, e isso era sufocante."
Suas palavras eram mentiras, farpas cruéis projetadas para infligir a dor máxima. E combinadas com a agonia dilacerante da rejeição, elas funcionaram. Uma raiva cega e incandescente me consumiu.
Minha mão disparou, agarrando um pesado decantador de vinho de prata de uma mesa próxima. Com um grito gutural, eu o balancei com toda a minha força, acertando o lado da cabeça de Elisa.
Houve um estalo doentio. Seus olhos reviraram na cabeça e ela desabou no chão, uma poça de sangue escuro se espalhando rapidamente do ferimento.
"ELISA!", Lucas rugiu. Ele correu para o lado dela, pegando seu corpo mole em seus braços.
Ele olhou para mim, seu rosto contorcido com uma fúria tão intensa que era aterrorizante. Sua voz, quando ele falou, não era mais a sua. Era mais profunda, mais áspera, entrelaçada com um poder que ele ainda não deveria possuir. Era o precursor de um Comando de Alfa.
"Como ousa!"
A força de sua voz me atingiu, um golpe físico que fez meus joelhos dobrarem. Ele se levantou de um salto, embalando Elisa, e me empurrou brutalmente para o lado para abrir caminho.
Caí para trás, meu corpo batendo em uma mesa carregada de bandejas e talheres de prata. Uma agonia lancinante e incandescente explodiu em minhas costas quando a prata entrou em contato com minha pele. Para um lobisomem, a prata é veneno. Ela queima, impedindo nossas habilidades naturais de cura e causando uma dor excruciante.
Gritei, arqueando as costas, mas Lucas nem sequer olhou para mim. Ele já estava se afastando, sua única preocupação era a mulher inconsciente em seus braços.
Quando ele alcançou a porta, ele parou sem se virar. Sua voz, fria e desprovida de qualquer emoção, flutuou de volta para mim, completando o ritual que separou nossas almas para sempre.
"Eu, Lucas Smith, aceito sua rejeição."
O vínculo entre nós não apenas se quebrou; foi violentamente arrancado. A dor foi absoluta, um vazio se abrindo dentro de mim tão vasto e vazio que ameaçava me engolir por inteira. Fiquei ali, indefesa e quebrada, o cheiro da minha própria pele queimando enchendo minhas narinas.
Justo quando a escuridão começou a se infiltrar nas bordas da minha visão, um par de sapatos de couro caros parou ao meu lado. Olhei para cima e meu olhar encontrou o par de olhos prateados mais intensos que eu já tinha visto.
Um homem se ajoelhou ao meu lado. Ele era alto, de constituição poderosa e irradiava uma aura de autoridade absoluta. E seu cheiro... me atingiu como uma força física. Não era nada como o cheiro terroso de Lucas. Isso era uma tempestade engarrafada, uma mistura inebriante de conhaque rico e luar frio e limpo. Era um cheiro que minha alma reconheceu instantaneamente, um cheiro que fez o próprio ar em meus pulmões tremer.
Minha loba interior, silenciosa por tanto tempo em seu luto, se agitou. Pela primeira vez, ela falou uma única palavra possessiva em minha mente.
"Meu!"
O homem não disse nada. Ele simplesmente tirou seu caro paletó preto e o colocou sobre meus ombros, me protegendo dos olhares curiosos da multidão. Então, com uma facilidade que desafiava seu tamanho, ele me pegou em seus braços. Ao me levantar, sua mão roçou na minha.
Um choque, agudo e poderoso como um raio, percorreu meu braço. Meu coração, que eu pensei ter parado de bater, martelou contra minhas costelas.
Ele me segurou perto de seu peito e me carregou para fora do caos, deixando para trás as ruínas da minha antiga vida.