Os titãs da tecnologia e das finanças reunidos simplesmente ficaram ali, suas expressões variando de indiferença educada a leve divertimento. Evandro Moraes bebeu sua bebida. Javier Martins estava checando seu celular. Ninguém estava rindo de mim.
O sorriso de Isabela vacilou. Isso não estava certo. Os figurantes não estavam seguindo o roteiro.
"Por que vocês não estão rindo?", ela exigiu, sua voz um sussurro áspero dirigido a uma mulher perto dela. "Ela está fazendo papel de ridícula!"
A mulher, uma diretora de operações de olhar aguçado que eu ajudei com seu colesterol, apenas ergueu uma sobrancelha. "Por que riríamos? Ela é uma personal trainer, não uma pianista de concerto. O valor dela não tem nada a ver com sua habilidade musical."
Ela deu uma mordida enfática em um cogumelo recheado com quinoa do meu buffet. "Isso, no entanto, é genial."
Isabela parecia ter levado um tapa. Ela não conseguia compreender. Em seu mundo, o mundo das novelas, a protagonista tinha que ser perfeita em tudo, e qualquer rival era inerentemente inferior em todos os aspectos. O fato de que essas pessoas poderosas valorizavam minhas habilidades em nutrição mais do que minha falta de habilidade musical era uma realidade que seu cérebro encharcado de fantasia não conseguia processar.
"Vocês são todos uns tolos!", ela gritou, a voz rachando de fúria. "Vocês são apenas figurantes! O único trabalho de vocês é adorar o herói e a heroína e zombar da vilã! Vocês estão fazendo tudo errado!"
A sala ficou em silêncio mortal.
Evandro Moraes lentamente baixou seu copo. "Eu acredito", disse ele, sua voz perigosamente calma, "que meu fundo de cinco bilhões de dólares e eu somos mais do que apenas 'figurantes'. E acredito que já tivemos o suficiente desta noite."
Ele se virou e caminhou em direção à porta. "Clara, meu escritório te ligará na segunda-feira. Diga o seu preço."
Aquele único ato rompeu a barragem. Em minutos, a sala estava se esvaziando. A festa de boas-vindas havia se tornado um êxodo em massa.
"Não vão!", implorou Caio, correndo em direção à porta, mas era tarde demais. O estrago estava feito.
Isabela ficou no meio da sala, furiosa. "Deixe-os ir", ela fungou, jogando o cabelo para trás. "Moscas insignificantes. Quando Caio e eu estivermos casados, vou garantir que eles nunca mais consigam outra rodada de financiamento neste vale."
Os poucos convidados restantes, ouvindo isso, também se viraram e saíram sem dizer uma palavra.
A festa havia acabado.
Levantei-me do piano, meu trabalho aqui claramente terminado. Quinhentos mil por uma péssima versão de uma canção de ninar. Nada mal como valor por hora.
Enquanto eu me dirigia para a porta, uma mão agarrou meu pulso. Era Isabela.
"A culpa é sua", ela sibilou, seus olhos selvagens. "Você planejou isso. Você os virou todos contra mim!"
"Isabela, solte-a", disse Caio, sua voz pesada com uma decepção tão profunda que parecia sugar o ar da sala.
"Faça ela se desculpar!", exigiu Isabela. "Castigue-a!"
Caio olhou para ela, e pela primeira vez desde que ela voltou, o afeto ingênuo em seus olhos desapareceu, substituído por uma clareza fria e cansada.
"Estou cansado, Isabela", disse ele. "Estou tão, tão cansado disso."
O rosto de Isabela ficou pálido. "O que você disse? Você está cansado de mim? É por causa dela?"
Ela apontou um dedo trêmulo para mim. "Você a escolheu em vez de mim. Depois de tudo. Você vai se arrepender disso, Caio Monteiro. Você vai voltar rastejando para mim, e eu vou fazer você implorar!"
Com um último olhar venenoso em minha direção, ela pegou seu casaco e saiu furiosa da casa, batendo a porta atrás de si.
O silêncio que ela deixou para trás era ensurdecedor.
Eu gentilmente puxei meu pulso do aperto afrouxado de Caio. "Bem", eu disse suavemente. "Isso foi intenso."
Ele olhou para mim, seu rosto uma bagunça de emoções conflitantes. "Me desculpe, Clara."
"Tudo bem", eu disse, dando um leve tapinha em seu braço. "Só não se esqueça de transferir os quinhentos mil."
Seus lábios se contraíram em um leve sorriso, mas desapareceu tão rápido quanto veio. Seu rosto ficou pálido, e ele pressionou a mão no estômago, um gemido baixo escapando de seus lábios.
Eu conhecia aquele gemido. O estresse finalmente tinha cobrado seu preço. Sua gastrite estava de volta com força total.
"Sente-se", ordenei, minha voz voltando ao modo profissional.
Eu o guiei até o sofá mais próximo e o empurrei gentilmente para baixo.
"Vou fazer uma canja de galinha para você", eu disse, já indo para a cozinha. "A festa acabou. A nutricionista está de volta ao trabalho."