Favela na veia - Os gêmeos
img img Favela na veia - Os gêmeos img Capítulo 3 Fui descoberta!
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Capítulo 6 Batendo de frente com Cléo img
Capítulo 7 O assalto img
Capítulo 8 Eu vou subir o morro img
Capítulo 9 Conhecendo a comunidade img
Capítulo 10 Autorização img
Capítulo 11 Surpresa! img
Capítulo 12 Acerto de contas img
Capítulo 13 Pegos no flagra img
Capítulo 14 A festa img
Capítulo 15 Continuação img
Capítulo 16 O reencontro na festa img
Capítulo 17 Verdade ou consequência img
Capítulo 18 pondo tudo em pratos limpos img
Capítulo 19 A missão img
Capítulo 20 Tiroteio img
Capítulo 21 Péssimas notícias img
Capítulo 22 O que você faz aqui img
Capítulo 23 Hora da despedida img
Capítulo 24 Amélia img
Capítulo 25 Sofrendo as consequências img
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Capítulo 3 Fui descoberta!

- ANGELLL, VEM AQUI AGORA!

Essa é minha mãe, Tânia é o nome dela.

Eu e minha mãe não nos damos muito bem, quer dizer, genitora, não posso chama-la de mãe já que quem desempenhou esse papel a minha vida inteira foi minha babá... Sim, apesar de ter 16 quase 17 anos, quem sempre fez esse papel tão importante foi Amélia, minha amada babá.

- O que você aprontou desta vez, Angel?

Amélia entra no meu quarto desesperada.

Tânia dificilmente falava comigo, mas quando me gritava assim era por que havia descoberto alguma de minhas "fugas".

- Aprontei nada, Amélia... Você sabe que ela gosta de me torturar!

Digo me levantando da cama.

- Ela é uma bruxa, isso eu sei... Amélia sussurra para que minha mãe não ouça. - Mas eu sei que você não facilita, o que você aprontou?

- Saí com Flavinha, mas foi de madrugada, não sei como essa peste ficou sabendo!

Tânia tinha uma fonte secreta, por que sempre sabia das minhas fugas, mas impossível dela ter visto, já que toma calmante para dormir e tenho certeza que os seguranças da casa jamais contariam para ela.

- Vai logo, depois vamos conversar sobre essas suas fugas!

Estou me preparando para sair do quarto quando ela, a bruxa má entra no meu quanto.

Tânia parecia a cruella do filme 101 dálmatas, sempre bem arrumada, com um cigarro eletrônico na mão e aquela cara de superioridade.

- Estou chegando ao ponto de te algemar na cama toda vez que eu for dormir! Aonde Você Foi?

Ela está aos berros e nem são 8 da manhã ainda, minha cabeça chega estremecer de tanta dor.

Eu fico em silêncio encarando ela.

Apesar de eu odiar essa mulher, ainda sim eu tinha medo dela. Tânia sabe torturar, é agressiva e apesar da maioria das vezes ela me colocar de castigo, algumas vezes já me bateu e eu prometi a mim mesma que jamais permitiria que ela me tocasse outra vez.

- Anda Garota, Me Responde!

Ela berra e meu pai aparece na porta do meu quarto.

- Uma hora dessa e essa casa já está esse inferno?

- Não se mete Gilmar! Essa garota está ultrapassando todos os limites... 16 anos e fica vagando por aí com marginais, ela pensa que não sei!

Não era bem com marginais que eu andava, era com pessoas simples, mas pra Tânia qualquer um que não morasse na zona sul era favelado ou marginal.

- Não são marginal quanto vocês...

Digo baixo e entre os dentes.

Foi mais forte que eu, apesar de não querer que ela tivesse ouvido, as coisas saem da minha boca sem filtro, sem pensar nas consequências.

E para variar, só que não, sinto a consequência da minha boca grande arder meu rosto... Sim, acabo de levar um tapa no meio do rosto, desta vez foi tão forte que sinto gosto de sangue.

- Eu vou surtar com vocês, vou surtar!

Meu "pai" sai do quarto resmungando.

É isso mesmo gente, ele não se importava comigo, nenhum dos dois se importavam, eu só não entendo o por que me tiveram... Vai entender!

- Sua merdinha, olha o que tú fez! Azedou seu pai logo cedo!

Eu? Eu azedei ele? Ela acorda cedo fazendo o maior escândalo e eu é quem azedo ele?

Penso, mais não digo nada, só permaneço com a mão no rosto e seguro para não chorar, não na frente dela.

Tem anos que me prometi não derramar uma lágrima na frente dela, eu sentia que era prazeroso para Tânia me ver chorando, sentindo dor, ela tinha prazer em me torturar.

- Senhora...

Amélia tenta falar, mas Tânia a interrompe.

- Cala a boca, Amélia! Essa garota está assim sem limites por sua culpa, que não a educou corretamente, não fez seu papel direito!

- Não grita com ela! Grito... - Eu aceito tudo, inclusive suas agressões, mas não grita com Amélia, ela fez mais por mim que você!

- Ah ela fez?

Tânia segura forte meu cabelo e continua falando ...

- Ela te veste? Paga escola e cursos caros? Suas viagens? Ah já sei, é ela que te dá o dinheiro que você gasta toda madrugada? Ela é uma pobre coitada que não tem aonde cair dura...

- Tânia eu estou falando... Lava a boca para falar da Amélia... Não vou aceitar vê você ofendendo ela...

Advirto Tânia, mesmo ela com meus cabelos em sua mão... Meu olhar é estreito, mais furioso e Tânia sabe muito bem qual é o meu limite e uma vez que chego nele, ninguém me segura, por que o surto é grande. Da última vez eu quebrei metade da mansão, inclusive seus perfumes caríssimos.

Apanhei? Sim, mas deixei todo mundo doido dentro dessa casa.

Tânia respira fundo e pensa no que vai falar.

- Está de castigo, é curso e casa!

- Por que odeia tanto que eu saia para me divertir? Eu sei que não se importa comigo, então por que essa farofada toda cada vez que saio?

- Estou me lixando pra você Angel, lixando! Mas o nome da família está em jogo, não quero ser associada a esses favelados que você costuma chamar de amigos.

Ela faz cara de nojo e solta meu cabelo.

Era isso, Tânia morria de medo que uma de suas amigas me veja na companhia de "favelados".

- Pois então vá se acostumando, por que tudo que você odiar, eu vou ter o prazer em fazer!

Digo entre os dentes, mas recuo com dois passos para trás quando ela ameaça a vir pra cima de mim.

- Chega Angel... Eu vou conversar com ela dona Tânia.

Amélia entra na frente e mesmo correndo o risco de ser mais uma vez hostilizada pela megera, ela tenta me proteger... Tânia fica me encarando e antes de sair enfim do meu quarto diz:

- Apronta mais uma e eu te envio para a casa da sua tia Vera!

Graças a Deus ela sai do meu quarto.

- Angel... Por que tú provoca ela?

Amélia diz preocupada e vai até meu banheiro para pegar a caixa de primeiros socorros.

- Ai... Resmungo quando ela passa um remédio vermelho no corte na lateral da minha boca. - Eu estava quieta, mais ela tinha que abrir aquela boca para te humilhar... Isso eu não aceito!

- Não preciso que me defenda, eu sou adulta, sei lhe dar com ela!

- Não adianta Amélia, se ela te ofender de novo, eu surto outra vez!

Amélia arregala os olhos assustada.

- Para de falar besteira, da última vez Kiara passou 4 dias arrumando a bagunça que você fez!

Kiara era a responsável pela limpeza da casa.

- É só Tânia manter aquela boca fechada!

Digo brava.

- Vai tomar banho, você tem curso daqui a pouco!

Ela me dá um beijo e saí do meu quarto.

            
            

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