Ele segurou minha mão, seu aperto firme e possessivo, enquanto caminhávamos pela orla. Ele apontava constelações, sua voz um murmúrio baixo e romântico contra o som das ondas. Ele estava interpretando o papel do homem por quem me apaixonei, e era uma performance magistral e doentia.
De repente, uma forte explosão ecoou sobre a água, e o céu explodiu em uma chuva de faíscas vermelhas e douradas. Um fogo de artifício. Depois outro, e mais outro. Um espetáculo completo, de nível profissional, estava irrompendo sobre o oceano, pintando o céu escuro com cores impossíveis.
As pessoas na praia pararam, maravilhadas.
"Uau, alguém está caprichando", disse uma mulher perto de nós para seu parceiro. "Deve ser um pedido de casamento."
Eu sabia, com uma certeza que se instalou como gelo em minhas veias, que aquilo não era para um pedido de casamento. Era para mim. Outro gesto grandioso e vazio. Um show de fogos de artifício para distrair de um caso de quatro anos.
Bruno apertou minha mão e apontou para o céu. "Olha, Ela. Olha."
Eu olhei. Bem acima da água, os fogos de artifício formavam letras. Um B gigante e brilhante, depois um +, e depois um E.
B + E. Bruno e Elara.
"Eu te amo, Elara Rios", ele sussurrou no meu ouvido, seu hálito quente. "Sempre. Para sempre."
A multidão ao nosso redor aplaudiu. Bruno me puxou para perto, ignorando minha resistência rígida, e me beijou. Foi um beijo público, performático, e pareceu como ser marcada com um ferro em brasa.
Uma garotinha, não mais velha que cinco anos, com olhos grandes e maravilhados, correu até mim e me entregou um bastão de luz rosa. "Para você", disse ela timidamente. "Você é uma princesa."
Bruno sorriu, afagando o cabelo dela. "Viu? Não sou o único que pensa assim."
Olhei do rosto inocente da garotinha para o rosto bonito e mentiroso de Bruno. O bastão de luz parecia obsceno em minha mão, um símbolo de uma pureza que o mundo dele havia manchado. Ajoelhei-me e gentilmente o devolvi à menina.
"Obrigada, querida", eu disse, minha voz suave. "Mas acho que você deveria ficar com ele. Algumas coisas são bonitas demais para serem compartilhadas com pessoas que não as merecem."
A garotinha pareceu confusa. Bruno pareceu irritado.
"Nós compramos uma dúzia deles para você, Ela", disse ele, tentando me levantar.
"Bruno, você quer ter filhos?", perguntei, minha voz cortando sua farsa romântica.
Ele foi pego de surpresa. "Nós já conversamos sobre isso, amor. Eu amo nossa vida, só nós dois. Mas... se você quisesse, claro que eu iria querer. Eu adoraria ter uma menina. Uma que se parecesse com você."
Suas palavras, destinadas a ser uma promessa amorosa, foram um dardo envenenado. Ele já havia prometido um filho a outra pessoa. Eu quase podia ver o rosto presunçoso de Kiara, ouvi-la sussurrando: *Ele quer um bebê comigo*.
Eu quase disse o nome dela. Quase gritei. A acusação estava ali, queimando na ponta da minha língua. Mas então vislumbrei seu pescoço sob a luz intermitente dos fogos de artifício.
Uma marca roxa fraca, logo abaixo da orelha. Um chupão. Recente. Da despedida rápida e desesperada que ele deve ter dado a Kiara antes de voltar para casa para interpretar o marido dedicado.
A vontade de lutar me abandonou. Não havia sentido. Você não pode argumentar com uma mentira. Você só pode se afastar dela.
"Estou cansada", eu disse, virando-me do espetáculo berrante no céu. "Quero ir para casa."
Enquanto voltávamos para o carro, o celular dele tocou. Ele olhou para a tela, sua expressão mudando instantaneamente de protagonista romântico para empresário irritado.
"Preciso atender", disse ele, a voz tensa. "Emergência da empresa."
Ele se afastou alguns passos. Eu não precisava ouvir a conversa. Podia ler em seu rosto. A irritação inicial, o abrandamento de sua expressão, os murmúrios baixos e tranquilizadores.
"Sim, sim, estou a caminho", disse ele, encerrando a ligação e se virando para mim, o rosto uma máscara de arrependimento. "Amor, me desculpe. Há uma crise no servidor. Tenho que ir para o escritório."
"Tudo bem", eu disse, minha voz desprovida de emoção. "Você vai. Eu chamo um carro."
Ele não discutiu. Já estava a meio caminho de seu carro. "Eu te compenso! Te ligo quando terminar!", ele gritou por cima do ombro antes de cantar pneu para fora do estacionamento.
Ele estava mentindo. Não estava indo para o escritório.
Observei suas luzes traseiras desaparecerem, depois peguei meu próprio celular e abri o aplicativo de transporte. Quando o carro chegou, entrei no banco de trás.
"Vê aquele sedã preto que acabou de sair?", perguntei ao motorista, minha voz uma calma mortal. "Siga-o. E não seja visto."