Ele Me Traiu, Agora Ele Implora
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Capítulo 2

Ponto de Vista: Seraphina

Terminei o filé sozinha, o corte caro de carne com gosto de cinzas na minha boca.

Levantei minha taça de vinho para a cadeira vazia à minha frente.

"A novos começos", sussurrei, as palavras estranhas na minha língua, afiadas como vidro.

No momento em que o prato estava limpo, peguei meu celular.

Não liguei para uma amiga. Liguei para um serviço discreto especializado em mudanças sigilosas de alto padrão.

"Preciso de uma mudança completa. Esta noite. Agora mesmo", eu disse, minha voz ríspida e profissional.

"Senhora, já passa da meia-noite. Teríamos que cobrar o dobro da taxa de emergência", o homem do outro lado da linha hesitou.

"Eu pago o triplo", cortei-o. "Em dinheiro. Estejam aqui em trinta minutos."

Desliguei antes que ele pudesse argumentar.

Meus olhos varreram a cobertura, esta gaiola dourada que eu chamei de lar por quase sete anos. Cada peça de mobiliário, cada quadro na parede, era uma lembrança dele.

Uma lembrança de que eu não era nada mais do que uma bela substituta.

Entrando no quarto, abri o closet. Minhas roupas - uma coleção de vestidos de seda - pendiam organizadas ao lado de seus ternos afiados e sob medida.

Peguei as três malas que sempre mantinha prontas para viagens de emergência - um hábito dos meus primeiros dias com ele.

Levei apenas o que era meu, deixando para trás cada presente, cada joia, exceto pelo anel amaldiçoado ainda no meu bolso.

Percebi com uma pontada amarga que ele nunca me dera nada de valor real.

Nada que não fosse uma ferramenta para me manter amarrada a ele.

Meu celular vibrou. A equipe de mudança estava lá embaixo.

Abri a porta para uma equipe de quatro homens, seus rostos impassíveis, seus movimentos eficientes.

O líder da equipe, um homem corpulento de olhos gentis, me deu um olhar rápido e avaliador.

"Eu não morava sozinha", eu disse, minha voz firme. "Mas agora moro."

Ele assentiu, entendendo imediatamente.

"Entendido, senhorita." Ele se virou para seus homens. "Apenas as coisas dela. Rápido e em silêncio."

Em menos de uma hora, a casa que antes parecia tão quente e cheia foi deixada nua e vazia. Eles haviam embalado minha vida em caixas com uma facilidade praticada.

Na mesa de entrada, um único porta-retrato de prata permaneceu. Continha uma foto de Dante e eu na Serra Gaúcha, sorrindo. Era a única foto nossa em todo o apartamento.

Caminhei até lá, peguei-o e o coloquei virado para baixo na madeira polida.

Então me afastei sem olhar para trás.

O carro se movia silenciosamente pela cidade adormecida. Não estava indo para um hotel. Estava indo para um apartamento de quatro quartos em um prédio discreto do outro lado da cidade - um que eu havia comprado com minhas próprias economias há um mês.

Um plano de contingência.

Uma parte de mim, enterrada bem fundo, devia saber que este dia estava chegando. Fiquei grata por nunca ter contado a Dante sobre isso. Este último refúgio não seria manchado por sua memória.

De pé na sala de estar vazia, o cheiro de tinta fresca ainda pairando no ar, um profundo alívio me invadiu.

Era um sentimento pelo qual eu não percebia que estava faminta.

Era o sentimento de estar verdadeiramente sozinha, verdadeiramente livre.

Meu celular vibrou, uma intrusão áspera no silêncio.

Uma mensagem de Dante.

"Volte quando terminar seu chilique. Não me faça ir te buscar."

As palavras eram uma ordem, não um apelo. A pura arrogância de um rei que não conseguia imaginar ser destronado.

Encarei a mensagem, meu polegar pairando sobre a tela.

Ele ainda pensava que tinha poder sobre mim.

Ele estava prestes a descobrir o quão terrivelmente enganado estava.

            
            

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