/0/1775/coverbig.jpg?v=dfa756937a9a7e8c86939e31f78a5e5c)
Liam não era exatamente um exemplo a ser seguido, principalmente porque ele mesmo queria ser daquela forma. Não que fosse um libertino desprezível que dormia com moças e as tratava como nada, mas também não era nenhum santo. Sua fama não era nada adequada para um futuro conde, visto que se aproveitava das vantagens que a vida lhe proporcionou. Ele não enxergava, de modo algum, que teria mesmo que realizar os desejos do pai e cumprir o maldito trato.
Anos atrás, quando Liam se negou a estudar o que seu pai queria, ele lhe ameaçou, dizendo que se continuasse de tal modo, nunca poria as mãos em sua fortuna, que herdaria após a morte do pai. Acontece que, logo que seu pai morreu, Liam teve o desgosto de descobrir que seu pai cumpriu a promessa. Ele fez um acordo com o patriarca dos Taylor, declarando que Liam só teria direito à fortuna se cumprisse o que estava escrito no papel: ter a primeira filha de lorde Taylor como sua esposa, de modo que as duas famílias ganhariam com o acordo. Não é preciso dizer o quão furioso Liam ficou ao descobrir que sua vida dependia da boa vontade de Elizabeth Taylor, que não passava de uma menina mimada.
Liam tentou viver o máximo que pôde antes de os boatos sobre a honra da srta. Taylor terem corrido pelos sete cantos de Londres. Ele voltou assim que soube, mas ela já não estava mais ao seu alcance. Tinha sido confinada como uma leprosa. Ele não sentia nada por ela, disso tinha certeza, e sabia que o destino selado não os impediria de amar quem quisesse, mas o problema era justamente esse.
Liam nunca havia amado alguém antes. Nem ao menos se apaixonado. Desfrutara dos prazeres carnais, mas nunca havia tido a honra de se aventurar num coração. E, de súbito, sucumbiria a um casamento.
- De fato - Christian interviu. - Lisbeth com certeza não gostaria de receber essa notícia.
- Lisbeth não tem escolha. Ela já passou da idade de se casar e nosso pai sabia que isso garantiria alguma coisa. Senão amor, ao menos um teto sobre a cabeça. - James disse. Liam respirou fundo.
- Eu posso garantir que oferecerei tudo o que há de melhor a ela. Eu nunca deixaria Lisbeth pagar por um erro cometido por nossos pais. - Disse ele. James o encarou, como se tivesse acabado de confessar um crime. - Eu não a amo, mas com o tempo, talvez, possamos encontrar o conforto um no outro.
Ele não sabia exatamente se aquilo era real, mas acontece que todos os casamentos que começavam com amor, acabavam com ódio. Ele não queria ser como parte dessas pessoas; não queria estar amarrado a contragosto com uma mulher que nem conhecia direito. Se via obrigado, embora soubesse que Lisbeth odiaria a situação tanto quanto ele.
Liam fitou James, que alinhou o casaco. Os olhos castanhos pousaram sobre a camisa de linho que Christian o emprestara. Liam procurou algo em seu olhar, mas não encontrou nada que pudesse se segurar.
Ele não se via como um bom marido que esperava pacientemente que sua esposa estivesse pronta para amá-lo, e muito menos não se via agarrado a uma mulher. Seus desejos, seus segredos, suas vontades... tudo morreria quando pusesse os pés no altar? Tudo caíria por terra quando aceitasse Lisbeth como sua esposa?
Não havia outra saída.
Quando a salvou mais cedo, percebeu o desejo tomar conta do corpo, mas não sabia se aquilo era realmente desejo ou apenas atração e não se via, de certa forma, tendo Lisbeth para si, como sua, verdadeiramente.
- Acho melhor ir embora - Liam disse, cansado de repente. - Já tomei muito do seu tempo. Você deve contar a ela sobre o acordo ainda hoje, dessa forma creio que será mais fácil. - Disse. James assentiu.
Seu pai tinha selado seu destino quando assinara o maldito acordo. Liam tentou, várias vezes inclusive, descobrir se era válido. De certo modo, sim. Era uma garantia, um acordo, e se negasse cumpri-lo, não teria o que tanto desejava: liberdade. Por outro lado, sabia que tudo o que desejava seria enterrado juntamente ao corpo do pai. Já não tinha tanta certeza de que poderia abrir mão de sua vida, se entregar de tal forma a um casamento sem nenhum sentimento. Isso o condenaria a ter uma vida desprezível.
Liam não aceitaria nada menos do que o incrível.
Liam foi acompanhado pelo mordomo. Havia escutado rumores de que os Taylor estavam sem nenhum dinheiro. Talvez fosse desespero, afinal, por que haviam esperado tanto tempo? Talvez, Liam pensou, se oferecesse o que queriam, eles poderiam deixar o acordo de lado.
Despedindo-se do mordomo, Liam montou Maximus, que remexeu sob seu peso. Ele agarrou as rédeas e ordenou que o amigo galopasse, chocando-a contra a pele do cavalo levemente. Maximus seguiu suas ordens, galopando na direção do vasto campo à frente.
Liam perdeu-se em seus pensamentos, achando graça da situação em que se encontrava. Ele iria se casar com uma mulher que o odiava. Seu futuro estava nas mãos de Lisbeth, disso não tinha dúvida. De um jeito ou de outro, dependia dela.
Era justamente isso que fazia sua espinha gelar.
Ele estava nas mãos pequenas e macias de uma mulher que o odiava.
De que outra forma faria para tê-la em suas mãos?
E, como um passe de mágica, encontrou a resposta:
- Irei fazê-la se apaixonar por mim!
Autor: Oi! Se você está gostando, deixe bastante comentários dizendo o que acha sobre a história. Isso me ajuda imensamente e me motiva a continuar. Isso ajuda muito! Obrigado pela leitura! :)