Capítulo 4 Testamento e última vontade

As unhas de Alice se cravavam nas palmas das mãos, e seu peito subia e descia de tanta raiva.

De repente, ela puxou Rachel para cima e lhe deu um tapa no rosto, deixando a marca da mão e fazendo sangue escorrer do canto de sua boca.

Era evidente que Alice não havia se contido ao fazer isso.

Rangendo os dentes, ela ordenou às empregadas: "Vocês duas, segurem-na!"

A visão de Rachel estava turva por causa do forte golpe que havia recebido. Sem hesitar, as empregadas obedeceram à ordem de Alice, e cada uma segurou um dos braços de Rachel para contê-la.

Com um olhar sanguinário, Alice segurou o queixo de Rachel, obrigando-a a levantar a cabeça.

A marca do tapa era visível no lado direito do rosto dela, que estava vermelho e inchado. Novamente, Alice levantou a mão e gritou: "Você é bem linguaruda, não é? Diga mais alguma coisa, se tiver coragem!"

Cuspindo um bocado de sangue, Rachel perguntou: "Alice, sabe qual é o lema da minha vida?", enquanto se esforçava para manter os olhos abertos. Seus olhos amendoados estavam tão frios quanto gelo, e seu olhar gélido era capaz de intimidar qualquer um.

"Dez olhos por um olho, e dez dentes por um único dente", disse Rachel em um tom de zombaria. "Enquanto eu estiver viva, irei te caçar até os confins da terra e te farei sofrer pelo que fez comigo hoje!"

Por um momento, Alice se assustou com o olhar dela, mas logo recuperou a compostura.

"Não tente me intimidar com essa ameaça! Acha mesmo que uma perdedora como você conseguiria me assustar?", ela disse com os dentes cerrados.

Logo depois de dizer isso, Alice começou a esbofetear o rosto de Rachel até ele ficar completamente inchado.

Quando se cansou, sua raiva finalmente se dissipou. Olhando nos olhos de Rachel, ela perguntou às empregadas: "Por acaso não ouviram o senhor Sullivan?"

"Sim, senhora. Ele nos ordenou que tirássemos as roupas dela e a jogássemos para fora", respondeu uma das empregadas, desviando o olhar.

Alice massageou o próprio pulso dolorido, com um sorriso de satisfação antes de sair pavoneando-se.

Logo, as empregadas tiraram a roupa de Rachel, deixando apenas um conjunto de lingerie de seda para cobrir seu corpo.

Incapaz de resistir, Rachel fechou os olhos e desistiu de lutar, deixando que fizessem o que bem entendessem com ela.

Ela sabia muito bem que sobreviver era o mais importante naquele momento.

As empregadas a seguraram pelos braços enquanto a levavam em direção à porta.

Afinal, Rachel havia sido esposa do senhor Vencedor. Embora as empregadas a odiassem, não queriam testemunhar seu constrangimento. Durante o trajeto, ela não viu ninguém a não ser as empregadas que a escoltavam.

Enquanto isso, o mordomo bateu na porta do escritório.

"Entre", disse Vencedor do outro lado.

O mordomo entrou e lhe disse: "Senhor Sullivan, a senhorita Bennet foi expulsa conforme você ordenou."

Vencedor lia um contrato, então nem levantou a cabeça quando respondeu: "Ela disse alguma coisa?"

"Não", respondeu o mordomo.

Bufando, Vencedor se lembrou do que Rachel havia dito. Seus olhos se encheram de maldade enquanto ele fechava a pasta e ordenava: "Diga para eles levarem aquela vadia o mais longe possível. Não deixe que essa mulher desonre a porta da minha casa."

O mordomo ficou chocado com o que ouviu. "Sim, senhor", ele respondeu com relutância.

Em um porão apertado em algum lugar ao sul da cidade...

"Não!", Rachel acordou de repente, se sentando e gritando. Respirando pesadamente, ela olhava para frente com pavor.

Nesse momento, alguém abriu a porta pelo lado de fora. Vendo que ela estava acordada, o homem deixou de lado o remédio que havia preparado e foi até a cama dela.

"Senhorita Bennet, finalmente acordou", disse ele em um tom preocupado.

Rachel o olhou com atenção, se acalmando no mesmo instante. Ele parecia ser alguém conhecido, por isso ela tentou se lembrar de quem ele era, mas não conseguiu.

Quando olhou para si, deu-se conta de que havia sido expulsa da casa de Vencedor, seminua e à beira da morte. No entanto, agora, ela ainda estava viva, sentada aqui com uma camisa floral brega, mas limpa, e uma calça que combinava.

"Quem é você?" A voz de Rachel saiu rouca, e ela parecia estar desconfiada dele.

"Já nos conhecemos, mas você ainda era criança naquela época. É normal que não se lembre de mim. Sou Andy Torres, advogado pessoal da sua mãe", disse o homem com um sorriso.

'Andy? Advogado da minha mãe?'

Rachel se lembrou de que sua mãe realmente tinha um advogado. "Foi você que me salvou?"

"Fui eu. Quando te liguei, um pedestre atendeu e disse que você havia desmaiado. Mas não se preocupe, não vi nada. O homem que te encontrou te cobriu com um casaco, e então te carreguei até meu carro e te trouxe para cá", explicou Andy.

"Então, por que estou com essas roupas?"

"Ah, pedi para uma senhora que mora ao lado trocá-las para você."

Rachel soltou um suspiro de alívio, mas ainda assim franziu a testa. "Você disse que me ligou, mas para quê?"

A mãe dela morreu quando ela tinha 13 anos. Andy disse que era o advogado dela, mas Rachel não o via há anos. Era suspeito que ele tivesse aparecido do nada.

Andy se levantou e saiu do quarto. Momentos depois, ele voltou com um documento e o entregou a Rachel.

"Este é o testamento da sua mãe", ele disse.

"O testamento da minha mãe?", a dúvida estampou os olhos de Rachel. Se ela se lembrava bem, sua mãe havia morrido tão de repente que não teve tempo de fazer um testamento.

Caso contrário, o pai inútil dela e a amante dele não teriam sido tão imprudentes e ostensivos.

"Sim, ela me pediu para ser a testemunha do seu testamento quando ainda estava viva. Ela me disse para divulgar este testamento e entregá-lo a você no seu aniversário de 24 anos."

Agora que Andy havia mencionado isso, Rachel se lembrou de que seu aniversário era no mesmo dia do seu divórcio com Vencedor.

"Está claramente declarado neste testamento que você herdará todos os bens da sua mãe, incluindo quinze por cento das ações do Grupo Bennet e a casa onde ela morava antes de morrer", continuou Andy.

Rachel foi até a última página e viu o nome "Elisa Bennet" no canto inferior direito do papel.

"Senhor Torres, quantos dias fiquei inconsciente?", perguntou Rachel.

"Três dias."

Então, ela guardou o documento e se levantou da cama. "Nesse caso, eles viveram confortavelmente por mais três dias. Já é o suficiente para eles."

Após dizer isso, Rachel foi em direção à porta.

"Senhorita Bennet, para onde está indo?", perguntou Andy.

Rachel parou na porta e olhou para o testamento em sua mão. Erguendo as sobrancelhas, ela sorriu.

"Para onde mais? Estou voltando para casa para expulsar meu pai, a vadia da amante dele e a filha deles!" Com isso, Rachel abriu a porta e saiu.

Por um momento, Andy ficou espantado com o que ela disse. De alguma forma, ele viu um vislumbre de Elisa em sua juventude.

Enquanto observava Rachel se afastar, ele colocou o paletó e a seguiu rapidamente.

Na casa da Família Bennet, no Distrito de Riverside Villa, ao norte da cidade...

Rachel e Andy estavam parados em frente à porta. Eles tocaram a campainha dezenas de vezes, mas ninguém atendeu.

Irritada com o toque constante, a empregada finalmente saiu correndo e gritou: "Parem com isso! Quem está aí? Um cobrador de dívidas ou algo do tipo? Parem de tocar a campainha! Vocês estão me deixando louca!"

Assim que parou de falar, a empregada abriu a porta lateral e olhou para os visitantes com a testa franzida. Ela ficou chocada ao ver quem eram.

Rachel abriu um sorriso sarcástico. "Pois bem, nós realmente temos uma dívida para cobrar."

"Você... é você!" O rosto da empregada ficou pálido, e um arrepio percorreu sua espinha por causa do olhar intimidador de Rachel.

                         

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