Minha calma a irritou ainda mais. Heloísa esperava que eu estivesse quebrada, chorando, implorando. Mas eu não estava.
Os olhos dela se estreitaram, e seu rosto se contorceu de raiva. Ela se adiantou, a voz em um tom alto e exigente. "Tire essa porcaria AGORA!"
Antes que eu pudesse reagir, ela avançou, as unhas afiadas prontas para rasgar o colar do meu pescoço. Eu me esquivei, mas alguém, um dos amigos de Lino, me empurrou pelas costas. Caí no chão, a dor aguda percorrendo meu braço.
Heloísa aproveitou a oportunidade. Ela pisou na minha mão, esmagando-a contra o chão, e rasgou o colar do meu pescoço. As pedras, as esmeraldas e os diamantes, voaram em todas as direções, estilhaçando no chão polido.
"Que falsificação patética!", ela zombou, jogando o que restava do colar em meu rosto. "Isso é o que você vale, Sofia! Nada!"
Meu braço latejava, e o sangue escorria da minha mão, manchando o luxuoso tapete. Olhei para os estilhaços do colar, para as pedras espalhadas. A raiva subiu à minha garganta, um rugido silencioso.
"Levem essa mulher daqui!", Heloísa ordenou, a voz cheia de triunfo. "Ela está sujando o nosso gala com a sua miséria!"
Alguns seguranças se aproximaram. Eu tentei me levantar, tentei falar, mas Heloísa me deu um tapa no rosto, tão forte que minha cabeça girou.
"Pare de mentir, sua vadia!", ela gritou. "Você não é ninguém! Você nunca será ninguém!" Ela me deu outro tapa. "Você é uma impostora! Uma mentirosa!"
Uma fera acordou dentro de mim. O lobo que Gabriel tanto amava. Eles iam pagar por isso. Eu jurei que eles pagariam.
Lino se ajoelhou ao meu lado, fingindo preocupação. "Sofia, meu Deus! Você está machucada?" Ele tentou tocar minha mão, mas eu a afastei instintivamente.
"Pare com o seu teatro, Lino", eu respondi, minha voz fria e cortante. "Você realmente acha que eu sou tão estúpida a ponto de acreditar em você?"
Lino se levantou, sua expressão endurecida. "Você está tentando chamar atenção, não está? Tentando me fazer sentir pena de você. Você quer uma reconciliação, não é? Quer que eu te perdoe por ter me deixado."
Eu ri, uma risada sem humor. "Perdoar você? Por ter me deixado? Você é patético."
Lino franziu a testa, prestes a responder, quando um silêncio estranho se abateu sobre a sala. Todos os olhares se voltaram para a entrada. As pessoas se arrumaram, suas expressões de fofoca e desprezo deram lugar a um respeito quase reverente.
Lino rapidamente me puxou para cima, sussurrando: "Aja normalmente. Não estrague tudo. Se você for uma boa menina, talvez eu te perdoe."
Eu o olhei com descrença. O que ele estava pensando? Eu não me importava mais com ele. Minha mão latejava, e a dor me lembrava do que eles haviam feito. Eu o odiava. A cada segundo, o meu ódio por ele aumentava.
Então, ele entrou. Gabriel Ortega. Ao seu lado, nosso filho, Júnior.
Gabriel era a imagem da autoridade, seu olhar varrendo a sala com uma intensidade que fazia todos se encolherem. Júnior, em seu pequeno terno, também olhava ao redor, seus olhos brilhando com curiosidade. Lino e Heloísa pareciam pequenos e insignificantes perto deles.
Júnior, em seu pequeno terno, tentou se soltar da mão de Gabriel, os olhos brilhando de curiosidade. Ele era o centro das atenções, um pequeno magnata em miniatura. Os criados o seguiam de perto, preocupados com cada movimento dele.
Lino se inclinou para mim, a voz baixa e urgente. "Sofia, me desculpe por ter te abandonado. Mas eu te perdoo por ter tentado me enganar. Se você quiser ter um filho meu, eu... eu posso reconsiderar. Podemos ter uma família."
Eu ignorei. Meus olhos se encontraram com os de Gabriel. E então, com os de Júnior. Os olhos deles se iluminaram. Gabriel começou a caminhar em minha direção, Júnior em seus braços.