Capítulo 5 Sentimentos

PONTO DE VISTA DO DANIEL:

Quando ela disse que ninguém havia tocado ela como eu, imediatamente eu fui tomado pela culpa. Ela estava prestes a chorar, e eu senti algo estranho dentro de mim. Eu só queria cuidar dela, enxugar as suas lágrimas.

Eu ignorei toda a minha raiva e o meu ego e lhe dei um abraço apertado. O seu queixo descansava sobre o meu ombro. O seu pequeno corpo se encaixava perfeitamente no meu. Quando ela me abraçou de volta, eu senti toda a minha raiva desaparecer. Ela soluçava enquanto me abraçava forte, e eu a confortei.

Ela parecia tão inocente e ingênua.

Eu a conheci naquele dia, mas mesmo assim eu não queria vê-la chorar. Por que eu estava agindo assim?

Talvez ela seja muito atraente e por isso eu esteja me sentindo assim.

Eu pensei em me desculpar com ela mas o meu ego era grande demais para isso. Eu nunca peço desculpas para ninguém. Por que eu pediria para ela? Ela é só uma garota comum.

Quando ela saiu correndo, senti uma vontade de segurá-la novamente, mas eu achei que devia dar-lhe um tempo porque ela realmente parecia inocente e assustada.

Mas assim que ela fosse inteiramente minha, eu a teria como quisesse. E então eu deixei a sala. Eu vi Gustavo e Fábio lá fora.

"Se divertiu?" Fábio perguntou com um sorriso.

"Não, eu não toquei nela desse jeito" respondi.

"Você não é assim, Daniel", Fábio disse, surpreso.

"Aquela garota parecia inocente, Daniel, você não deveria fazer nada de ruim com ela", disse Gustavo enquanto olhava para os pés como se estivesse nervoso.

"E o que aconteceu com você de repente?" Eu perguntei, erguendo a sobrancelha.

"Você quer que eu seja um santo como você e não encoste em ninguém." Eu ri e Fábio tocou a minha mão.

"Você parece que nem se masturba, Gustavo." Fábio falou, me fazendo rir ainda mais.

"Mas Daniel, ela é bem gostosa. Se você se cansar dela, pode me dar." Eu me irritei com esse comentário de Fábio.

Eu segurei ele pela gola e disse "Nem pense nela, ela é minha e sempre será minha", acrescentei. Eu não sei como essas palavras escaparam da minha boca. Eu queria mesmo dizer isso?

Fábio ficou surpreso, assim como Gustavo.

Eu também me surpreendi.

"Você acabou de conhecê-la, é estranho ouvir você falar isso. O que está rolando?" Gustavo perguntou enquanto erguia uma sobrancelha.

"Sim, exatamente, eu a conheci hoje. Nada está rolando." Eu dei de ombros.

"Você esteve com tantas garotas, mas nunca havia te visto tão protetor. Você nem era tão protetor com relação à sua última namorada, que estava com você faz quase um mês", disse Fábio.

"Olha, eu não sinto nada por ela, é só uma diversão. E vocês sabem que eu nunca terei sentimentos por ninguém porque me conhecem." Respondi.

"Não parece", disseram os dois ao mesmo tempo.

"Pensem no que quiserem", eu disse, e estava prestes a sair quando vi Enzo vindo. Ele parecia meio tenso.

"O que aconteceu, cara?", perguntei a ele.

"Nada, só um probleminha com..."

Antes que ele pudesse terminar, Gustavo o interrompeu dizendo "Camila." Fábio sorriu. E eu também.

James era muito parecido comigo, mas desde que ele conheceu Camila, ele parou de dormir com outras garotas.

Antes, quando nós queríamos aliviar o nosso stress, nós íamos para qualquer bar para encontrar outras garotas. Agora ele vai com Camila. Desde que ele a conheceu, nós não vimos mais ele trepar com outras garotas. Ele só mantinha uma ao seu lado para se mostrar. Mas todos nós sabíamos que ele estava completamente deslumbrado com Camila.

"Mano, se você sente alguma coisa por ela, pare de machucá-la", disse Gustavo.

Ele sempre disse para Enzo entender os próprios sentimentos. Eu não lhe dei nenhum conselho pois não sentia nada no momento.

"Ou talvez não queria admitir", disse o meu subconsciente.

Eu ignorei essa besteira e foquei na conversa.

"Sei lá cara, ela é só uma garota normal. Mas mesmo assim, eu não consigo ficar longe dela. Eu acabei de vir aqui depois de fazer ela chorar." Enzo disse esfregando a têmpora.

"Como você sabe?" Gustavo perguntou.

"Eu beijei ela à força, e ela começou a chorar. Então eu deixei ela lá", disse Enzo, com culpa em sua voz.

"Que garota iria querer beijar um valentão?" Gustavo perguntou.

"Mas..." Enzo abriu a boca para dizer algo, mas não conseguiu dizer nada.

"Olhe, se você tratá-la bem, ela será sua um dia. Você precisa entender os seus sentimentos, Enzo. E não fique andando com outras garotas para não machucá-la. Isso só irá criar uma distância entre vocês", disse Gustavo.

Gustavo não era como a gente. Eu, Fábio e Enzo sempre dormíamos com garotas aleatórias mas Gustavo nunca fazia isso. Talvez ele sinta alguma coisa por alguém.

Eu perguntei para ele várias vezes e até mandei algumas garotas para o quarto dele e o resultado era sempre Gustavo segurando uma vassoura na mão e a garota saindo correndo de medo.

Nós até perguntamos se ele era gay mas então só recebemos chutes e xingamentos.

"Eu gosto muito dela, mas ela tem muito medo de mim. Não sei como chegar nela", disse Enzo com um suspiro.

"Só trate-a bem, se comporte bem com ela. Peça desculpas para ela até ela te perdoar. E o mais importante, pare de ser violento com Camila." Gustavo disse a última parte com uma risada.

Enzo deu um risinho.

Ele estava caidinho por Camila já fazia mais de um ano. Talvez só agora ele tenha entendido isso.

"Então você ama ela?" Perguntei.

"Não sei cara, é tão confuso. Talvez sim", disse Enzo.

A sua confissão repentina surpreendeu Fábio e eu. Fábio cuspiu a água que estava bebendo em Gustavo e eu não consegui segurar a risada ao ver a reação dele.

Quando Fábio correu e Gustavo foi atrás dele, eu perguntei para Enzo:

"Você está realmente apaixonado, Enzo?"

"Provavelmente sim", disse ele, coçando a nuca nervosamente.

"Então por que você continua saindo com outras garotas para machucá-la?" Eu perguntei para ele, confuso.

"Eu senti que se machucasse ela eu conseguiria removê-la da minha mente. Eu estava frustrado e irritado com Camila por me fazer sentir assim. Então eu comecei a machucá-la. Mas mesmo após tentar tanto, nada aconteceu. Viu, agora eu estou pensando em como me desculpar com ela", disse Enzo com um sorriso nervoso.

"Vamos lá, vamos achar aqueles idiotas", eu disse, rindo. E nós dois começamos a procurar por Fábio e Gustavo.

PONTO DE VISTA DA ANA:

Daniel é irmão de Brenda. E mesmo assim outro dia ela nos ouviu xingá-lo e não disse nada.

"Então por que você não disse nada quando eu e Camila estávamos falando mal dele?" Eu perguntei, confusa.

"Bem, eu não posso defender o meu irmão quando ele está errado. Além disso, eu e Daniel não estamos muito bem." Brenda respondeu sem olhar nos olhos e com tristeza na voz.

"Camila, por que você parou ela na primeira classe, no momento em que ela iria me contar que Daniel era o seu irmão?" Encarei Camila enquanto perguntava.

"Eu achei que você iria surtar e não falaria mais conosco", respondeu ela, evitando olhar nos meus olhos.

Ambas pareciam muito bonitinhas naquela hora. Elas olhavam para o chão, com medo da minha reação. Eu não consegui segurar a risada ao vê-las assim.

Elas olharam para mim, confusas.

"Vocês duas são tão bonitinhas." Eu respondi enquanto beliscava a bochecha dela.

Camila corou. Brenda deu um tapa nos ombros.

"Ela está nos fazendo de bobas", Brenda falou para Camila. E ela agora me olhava com grandes olhos.

Eu ri mais. Era divertido ver as reações delas. Elas estavam muito engraçadas.

"Ana, você tem cócegas?", perguntou Camila de repente. Eu estava tão ocupada rindo que não percebi o plano delas.

"Sim", respondi enquanto ria.

Ambas trocaram um sorriso maligno E então eu entendi o plano delas. E corri o máximo que pude.

"Não chegue perto de mim, Brenda." Eu ainda estava correndo para salvar a minha vida do ataque de cócegas que elas pretendiam.

Após correr por 10 minutos, eu consegui escapar do ataque delas e o sinal tocou. Eu saí da escola e entrei no ônibus.

"Ainda bem que elas não me acharam", eu disse para mim mesma.

Eu mandei uma mensagem para elas:

"Desculpem, lindezas. Eu me salvei hoje. 😘"

Camila respondeu com um emoji irritado e Brenda respondeu: "Nós não iremos poupá-la amanhã, Ana; 😤"

"Vamos ver 🌝", respondi.

Quando eu cheguei em casa, eu vi um carro estacionado em frente à minha casa. Eu estava pensando em quem estaria em casa agora. Antes que eu pudesse bater na porta, meu pai me pegou e me girou.

"Por que isso, pai?" Sorri enquanto perguntava, e meu pai me colocou no chão.

"Surpresa", respondeu meu pai com um sorriso e apontou para o carro.

Meu pai comprou um carro!

Eu não podia acreditar nos meus olhos.

"Você está falando sério, pai?" Eu perguntei chocada. Ele concordou com a cabeça. Eu pulei em direção à ele com alegria. Era justamente o que eu queria.

"Obrigada, obrigada, obrigada, muito obrigada pai." Eu o beijei na bochecha.

"Mas pai, como você conseguiu tanto dinheiro? É tão caro." Eu estava preocupada pois não queria que meu pai pegasse um empréstimo e trabalhasse até mais tarde.

"Eu fui promovido, querida, e com esse dinheiro, eu comprei um carro. De agora em diante, você pode ter o que quiser. Ele me ergueu e me girou novamente.

Ele estava tão feliz.

"Então isso significa que você não precisará trabalhar até mais tarde, e eu poderei passar tanto tempo com você quanto eu quiser. Viva!" Eu pulei repetidamente de alegria.

"Sim, Aninha. E agora, senhorita Ana Alves, você gostaria de uma carona?" Meu pai me pediu, como um cavalheiro.

"Sim, Senhor Ítalo Alves", eu respondi, sorrindo.

Após uma longa viagem, nós chegamos em casa. Nós jantamos em um restaurante. Eu vi algumas mulheres olhando para o meu pai. Eu me senti orgulhosa, porque eu tenho um pai muito bonito. Meu pai sempre foi mais bonito do que os pais do meus amigos.

E algumas vezes as mães dos meus amigos flertavam com ele. Eu ainda caio na gargalhada quando lembro desses acontecimentos, quando elas tentavam flertar com o meu pai e ele as ignorava completamente. Lembrar da expressão de desapontamento delas ainda me faz rir.

Nós falamos muito sobre o meu dia na escola. E eu não disse para o meu pai sobre toda aquela história de idiotice. Porque eu não queria que ele ficasse preocupado e batesse neles até a morte.

Meu pai sempre me protegeu muito. Então contar para o meu pai sobre eles serem malvados faria com que ele me mudasse de escola ou batesse neles até a morte. A segunda opção seria a mais provável. E eu não gostaria de nenhuma violência.

Eu mudei as minhas roupas e coloquei uma camisola vermelha. E me deitei na cama.

Mas antes que eu pudesse dormir um rosto apareceu diante dos meus olhos. E era o sorriso de Daniel.